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antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

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apresentação que faria na sala de aula. Como Kay era hematologista e, portanto,

especialista no assunto, achou que se tratava de uma pergunta inocente e lhe deu a

informação sem pensar. Não conversou muito com ele porque estava preparando

uma palestra importante que faria na manhã seguinte no hospital em que trabalhava.

Ele usou essa informação para fazer sua quarta e última tentativa na varanda

do apartamento de Kay, enquanto ela preparava sua palestra. Kay se considerava

responsável pela morte dele.

Sua aflição era compreensível, considerando-se a situação trágica pela qual havia

passado. Durante as primeiras sessões de terapia, ela descreveu por que se culpava

e por que estava convencida de que seria melhor morrer:

Eu tinha assumido a responsabilidade pela vida do meu irmão. E falhei, por isso me

sinto responsável pela morte dele. Isso prova que não o apoiei devidamente como deveria.

Eu devia saber que ele estava numa situação crítica, e não tomei nenhuma atitude.

Quando olho para trás, parece óbvio que ele ia tentar cometer suicídio outra vez. Já havia

feito três tentativas anteriores. Se tivesse lhe perguntado quando me procurou, poderia

ter salvado sua vida. Senti raiva dele em muitas ocasiões no último mês antes de ele morrer

e, com toda a franqueza, às vezes ele era um fardo e uma frustração para mim. Certa vez,

lembro de ter ficado irritada e dizer a mim mesma que talvez fosse melhor mesmo que

ele estivesse morto. Eu me sinto terrivelmente culpada por isso. Talvez quisesse que ele

morresse! Eu sei que o deixei triste, e por isso acho que mereço morrer.

Kay estava convencida de que sua agonia e sentimento de culpa eram pertinentes

e tinham fundamento. Por ser uma pessoa extremamente ética, com uma

formação católica rigorosa, ela achava que era esperado que fosse castigada e sofresse.

Eu sabia que havia algo de errado no seu raciocínio, mas não consegui penetrar

muito em sua irracionalidade durante várias sessões, porque ela era tão brilhante

e persuasiva que conseguiu argumentar de forma convincente contra si mesma.

Cheguei quase a acreditar também que sua dor dor emocional era “realista”. Então, a

chave que eu esperava que pudesse libertá-la de sua prisão mental ocorreu-me de

repente. O erro que ela estava cometendo era o número dez discutido no Capítulo

III ‒ a personalização.

Na quinta sessão de terapia, usei essa descoberta para questionar as concepções

equivocadas no ponto de vista da Kay. Antes de mais nada, enfatizei que, se ela fosse

responsável pela morte de seu irmão, precisaria ter sido a causa dela. Como a causa

do suicídio não é conhecida, nem mesmo pelos especialistas, não havia razão para

concluir que ela era a causa.

Eu disse a ela que, se tentássemos adivinhar a causa do seu suicídio, seria a sua

convicção errônea de que era uma pessoa sem valor, um caso perdido, e que sua vida

não valia a pena. Como ela não tinha controle sobre o pensamento dele, não podia

ser responsável pelas suposições irracionais que o fizeram acabar com a sua

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