antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

adilio.mouracosta
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13.08.2023 Views

Desse modo, seus pensamentos autopunitivos e seu sentimento de culpa reforçavam-semutuamente.Assim como muitas pessoas com tendência a se sentirem culpadas, ela tinhaa ideia de que, caso se punisse o suficiente, acabaria progredindo. Infelizmente, averdade era totalmente oposta. Sua culpa simplesmente esgotava suas energias e reforçavasua crença de que era preguiçosa e incompetente. As únicas atitudes queresultavam de seu autodesprezo eram os compulsivos assaltos noturnos à geladeirapara se “empanturrar” de sorvete ou creme de amendoim.O círculo vicioso no qual ela enredou-se é mostrado no Quadro 30. Seus pensamentos,sentimentos e comportamentos negativos interagiram para criar a ilusãocruel e autodestrutiva de que ela era “má” e incontrolável.QUADRO 30Os pensamentos autocríticos de uma neurologista a faziam sentir-se tão culpadaque ela tinha dificuldade de se preparar para seu exame de certificação.Sua procrastinação reforçava sua convicção de que era má e merecia ser punida.Isso diminuía ainda mais a sua motivação para resolver o problema.PENSAMENTOSEu não devia estar assistindo à tevê.Sou uma preguiçosa que não servepara nada. Uma maldita egoísta.EMOÇÕESCulpaAnsiedadeAutodesprezoCOMPORTAMENTOSProcrastinaçãoCompulsão alimentarA IRRESPONSABILIDADE DA CULPASe você realmente fez algo inadequado ou prejudicial, isso significa que merecesofrer? Se você acha que a resposta é sim, pergunte-se: “Por quanto tempo eudevo sofrer? Por um dia? Um ano? Pelo restante da vida?”. Qual é a sentença quevocê vai impor a si mesmo? Está disposto a parar de sofrer e ficar infeliz quandoa sua pena terminar? Pelo menos, essa seria uma forma responsável de se punir,pois seria por tempo limitado. Mas de que adianta ficar se culpando dessa maneira?

Se você cometeu um erro e agiu de forma prejudicial, sua culpa não vai reverterisso como um passe de mágica. Não vai acelerar o seu aprendizado para diminuiras chances de cometer o mesmo erro no futuro. Os outros não terão mais amor erespeito por você só porque está se sentindo culpado e se punindo desse jeito. Suaculpa também não vai tornar sua vida mais produtiva. Então, para que fazer isso?Muita gente pergunta: “Mas como posso me comportar de maneira ética e controlarmeus impulsos se não sentir culpa de nada?”. Essa é uma forma de encarar avida como um agente de condicional. Aparentemente, você se vê como alguém tãoobstinado e incontrolável que precisa se castigar o tempo todo para não se descontrolar.Com certeza, se o seu comportamento causa mal aos outros sem necessidade,uma pequena quantidade dolorosa de remorso vai fazer mais pela sua consciênciado que admitir inutilmente o seu erro sem demonstrar qualquer emoção. Mas, comcerteza, isso nunca ajudou ninguém a se ver como uma má pessoa. Na maioria dasvezes, a crença de que você é mau é que contribui para o “mau” comportamento.A mudança e o aprendizado ocorrem mais depressa quando você (a) reconheceque houve um erro e (b) desenvolve uma estratégia para corrigir o problema.Uma atitude de amor-próprio e tolerância facilita isso, ao passo que a culpa muitasvezes dificulta.Por exemplo, às vezes os pacientes me criticam por fazer algum comentáriomordaz que não lhes agrada muito. Em geral, essas críticas só ferem os meus sentimentose despertam a minha culpa quando contêm algum fundo de verdade. Namedida em que me sinto culpado e me rotulo de “mau”, costumo reagir de formadefensiva. Tenho ímpetos de negar ou justificar meu erro, ou de contra-atacar pelofato de ser tão detestável esse sentimento de ser uma “má pessoa”. Isso dificulta maisa possibilidade de eu admitir e corrigir o erro. Por outro lado, se eu não me censurarnem perder o respeito por mim mesmo, fica mais fácil admitir o meu erro. Posso facilmentecorrigir o problema e aprender com isso. Quanto menos culpado me sinto,melhor posso resolver a questão.Portanto, quando se faz uma besteira, é necessário um processo de reconhecimento,aprendizado e mudança. O sentimento de culpa pode ajudar em algumadessas coisas? Acredito que não. Em vez de ajudá-lo a reconhecer o seu erro, a culpaleva-o a tentar encobri-lo. Você quer fechar os ouvidos para qualquer crítica. Nãosuporta estar errado porque isso lhe dá uma sensação horrível. É por isso que a culpaé contraproducente.Você pode protestar: “Como posso saber se fiz algo de errado se não me sentirculpado? Não me entregaria a uma fúria cega de egoísmo destrutivo e descontroladose não fosse o meu sentimento de culpa?”.

Desse modo, seus pensamentos autopunitivos e seu sentimento de culpa reforçavam-se

mutuamente.

Assim como muitas pessoas com tendência a se sentirem culpadas, ela tinha

a ideia de que, caso se punisse o suficiente, acabaria progredindo. Infelizmente, a

verdade era totalmente oposta. Sua culpa simplesmente esgotava suas energias e reforçava

sua crença de que era preguiçosa e incompetente. As únicas atitudes que

resultavam de seu autodesprezo eram os compulsivos assaltos noturnos à geladeira

para se “empanturrar” de sorvete ou creme de amendoim.

O círculo vicioso no qual ela enredou-se é mostrado no Quadro 30. Seus pensamentos,

sentimentos e comportamentos negativos interagiram para criar a ilusão

cruel e autodestrutiva de que ela era “má” e incontrolável.

QUADRO 30

Os pensamentos autocríticos de uma neurologista a faziam sentir-se tão culpada

que ela tinha dificuldade de se preparar para seu exame de certificação.

Sua procrastinação reforçava sua convicção de que era má e merecia ser punida.

Isso diminuía ainda mais a sua motivação para resolver o problema.

PENSAMENTOS

Eu não devia estar assistindo à tevê.

Sou uma preguiçosa que não serve

para nada. Uma maldita egoísta.

EMOÇÕES

Culpa

Ansiedade

Autodesprezo

COMPORTAMENTOS

Procrastinação

Compulsão alimentar

A IRRESPONSABILIDADE DA CULPA

Se você realmente fez algo inadequado ou prejudicial, isso significa que merece

sofrer? Se você acha que a resposta é sim, pergunte-se: “Por quanto tempo eu

devo sofrer? Por um dia? Um ano? Pelo restante da vida?”. Qual é a sentença que

você vai impor a si mesmo? Está disposto a parar de sofrer e ficar infeliz quando

a sua pena terminar? Pelo menos, essa seria uma forma responsável de se punir,

pois seria por tempo limitado. Mas de que adianta ficar se culpando dessa maneira?

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