antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

adilio.mouracosta
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13.08.2023 Views

O problema de Margaret é que ela não reconhecia isso. Vivia num mundo defantasia no qual a reciprocidade existia como uma realidade presumida. Estava semprefazendo coisas boas para o seu marido e para os outros, esperando reciprocidadepor parte deles. Infelizmente, esses pactos unilaterais eram rompidos porque, emgeral, os outros não tinham consciência de que ela esperava ser retribuída.Por exemplo, uma instituição de caridade local anunciou que desejava contratarum diretor assistente remunerado para começar em alguns meses. Margaret ficoumuito interessada e se candidatou ao cargo. Depois dedicou grande do seu tempofazendo trabalhos voluntários para a instituição e presumiu que os outros funcionários“retribuiriam” isso por respeitarem e gostarem dela, e que o diretor “retribuiria”isso ao lhe oferecer o emprego. Na realidade, os outros funcionários não reagiram aela com simpatia. Talvez tenham percebido e ficado ressentidos por sua tentativa decontrolá-los com sua “gentileza” e virtude. Quando o diretor escolheu outro candidatopara o cargo, ela subiu pelas paredes e ficou amargurada e desiludida, uma vezque sua “regra de reciprocidade” havia sido violada!Já que sua regra havia lhe causado tanto aborrecimento e decepção, ela decidiureescrevê-la e encarar a reciprocidade não como um pressuposto, mas como umameta que ela poderia se esforçar para atingir ao perseguir seus próprios interesses.Ao mesmo tempo, parou de exigir que os outros lessem seus pensamentos e reagissemcomo desejava. Paradoxalmente, quando aprendeu a esperar menos, passou aconseguir mais!Se você tem uma regra de obrigação do tipo “devia” ou “não devia” que tem lhecausado desapontamento e frustração, reescreva-a em termos mais realistas. Algunsexemplos que podem ajudá-lo a fazer isso são mostrados no Quadro 27. Você iráperceber que a substituição de uma única palavra ‒ “devia” por “seria bom se” ‒ podeser um primeiro passo muito útil.APRENDA QUE ALGUNS FAZEM LOUCURASAssim que a raiva esfriou, o relacionamento de Sue com John tornou-se maispróximo e afetuoso. Mas a filha de John, Sandy, reagiu a essa sua maior intimidadeao manipulá-lo ainda mais. Ela começou a mentir e emprestar dinheiro sem devolver;entrou furtivamente no quarto de Sue, revirou as gavetas e roubou coisas pessoaisdela; deixou a cozinha bagunçada etc. Todas essas atitudes deixavam Sue umafera, porque ela dizia a si mesma: “A Sandy não devia agir assim. Ela está louca! Issonão é justo!” Sua frustração era produto de dois ingredientes desnecessários:1. O comportamento inadequado de Sandy;2. As expectativas de Sue de que ela deveria agir com mais maturidade.

QUADRO 27Revisando as “Regras de obrigação”Regra de obrigação autodestrutiva1. Se eu sou legal com os outros, elesdeviam ficar agradecidos.2. As pessoas estranhas deviam tratar-mecom educação.3. Se eu me esforço por alguma coisa,devia conseguir.4. Se alguém me trata injustamente, eudevia ficar furioso porque tenho odireito de sentir raiva e isso me tornamais humano.5. As pessoas não deviam me tratar comoeu não as trataria.Versão revisada1. Seria bom se as pessoas ficassem agradecidas sempre, masisso não acontece. Elas ficarão agradecidas muitas vezes, masnem sempre.2. A maioria dos estranhos me tratará com educação se eu nãodemonstrar hostilidade. De vez em quando, vai apareceralgum chato desagradável. Para que deixar isso me aborrecer?A vida é muito curta para perder tempo me concentrandonos detalhes negativos.3. Isso é ridículo. Não tenho garantia nenhuma de que serei semprebem-sucedido em tudo. Não sou perfeito nem preciso ser.4. Todos os seres humanos têm o direito de se enfezar, sejamtratados injustamente ou não. A verdadeira questão é ‒ vale apena ficar furioso? Eu quero sentir raiva? Quais são os custose benefícios?5. Bobagem. Os outros não vivem segundo as minhas regras,então por que esperar que façam isso? As pessoas geralmentevão me tratar do mesmo modo que eu as trato, mas nem sempre.Como as evidências indicavam que Sandy não ia mudar, Sue só tinha uma alternativa:descartar suas expectativas irreais de que Sandy se comportasse de maneiraadulta e civilizada! Ela resolveu escrever o seguinte lembrete a si mesma, intitulado:POR QUE SANDY DEVE AGIRDE FORMA DESAGRADÁVELÉ da natureza de Sandy ser manipuladora, uma vez que ela acredita ter direito aamor e atenção. Pensa que receber amor e atenção é uma questão de vida ou morte.Acha que precisa ser o centro das atenções para sobreviver. Portanto, verá qualquerfalta de atenção como uma injustiça e um grande risco para a sua autoestima.Como acha que precisa manipular para receber atenção, ela deve agir de formamanipuladora. Por isso, posso esperar e prever que continuará a agir assim até quemude. Como é improvável que ela mude num futuro próximo, posso esperar que continuea se comportar assim por algum tempo. Portanto, não terei por que me sentirfrustrada ou surpresa por ela estar agindo da maneira como deveria agir.Além do mais, quero que todas as pessoas ‒ inclusive Sandy ‒ ajam da forma queconsideram justa. Sandy acha que merece mais atenção. Como seu comportamento

O problema de Margaret é que ela não reconhecia isso. Vivia num mundo de

fantasia no qual a reciprocidade existia como uma realidade presumida. Estava sempre

fazendo coisas boas para o seu marido e para os outros, esperando reciprocidade

por parte deles. Infelizmente, esses pactos unilaterais eram rompidos porque, em

geral, os outros não tinham consciência de que ela esperava ser retribuída.

Por exemplo, uma instituição de caridade local anunciou que desejava contratar

um diretor assistente remunerado para começar em alguns meses. Margaret ficou

muito interessada e se candidatou ao cargo. Depois dedicou grande do seu tempo

fazendo trabalhos voluntários para a instituição e presumiu que os outros funcionários

“retribuiriam” isso por respeitarem e gostarem dela, e que o diretor “retribuiria”

isso ao lhe oferecer o emprego. Na realidade, os outros funcionários não reagiram a

ela com simpatia. Talvez tenham percebido e ficado ressentidos por sua tentativa de

controlá-los com sua “gentileza” e virtude. Quando o diretor escolheu outro candidato

para o cargo, ela subiu pelas paredes e ficou amargurada e desiludida, uma vez

que sua “regra de reciprocidade” havia sido violada!

Já que sua regra havia lhe causado tanto aborrecimento e decepção, ela decidiu

reescrevê-la e encarar a reciprocidade não como um pressuposto, mas como uma

meta que ela poderia se esforçar para atingir ao perseguir seus próprios interesses.

Ao mesmo tempo, parou de exigir que os outros lessem seus pensamentos e reagissem

como desejava. Paradoxalmente, quando aprendeu a esperar menos, passou a

conseguir mais!

Se você tem uma regra de obrigação do tipo “devia” ou “não devia” que tem lhe

causado desapontamento e frustração, reescreva-a em termos mais realistas. Alguns

exemplos que podem ajudá-lo a fazer isso são mostrados no Quadro 27. Você irá

perceber que a substituição de uma única palavra ‒ “devia” por “seria bom se” ‒ pode

ser um primeiro passo muito útil.

APRENDA QUE ALGUNS FAZEM LOUCURAS

Assim que a raiva esfriou, o relacionamento de Sue com John tornou-se mais

próximo e afetuoso. Mas a filha de John, Sandy, reagiu a essa sua maior intimidade

ao manipulá-lo ainda mais. Ela começou a mentir e emprestar dinheiro sem devolver;

entrou furtivamente no quarto de Sue, revirou as gavetas e roubou coisas pessoais

dela; deixou a cozinha bagunçada etc. Todas essas atitudes deixavam Sue uma

fera, porque ela dizia a si mesma: “A Sandy não devia agir assim. Ela está louca! Isso

não é justo!” Sua frustração era produto de dois ingredientes desnecessários:

1. O comportamento inadequado de Sandy;

2. As expectativas de Sue de que ela deveria agir com mais maturidade.

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