antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

adilio.mouracosta
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13.08.2023 Views

pensamentos e percepções reais que motivaram a outra pessoa. Devido à sua indignação,é provável que não lhe ocorra verificar o que está dizendo a si mesmo.Algumas explicações comuns que você pode dar para o comportamento questionáveldos outros seriam: “Ele é um mau-caráter”; “Ela não é justa”; “Ele é assimmesmo”; “Ela é burra”; “Essas crianças são mal-educadas”, e assim por diante. O problemadessas supostas explicações é que elas são apenas rótulos, que não fornecemnenhuma informação válida. Na verdade, são totalmente enganosas.Aqui está um exemplo: num domingo, Joan ficou louca da vida quando seu maridodisse que preferia assistir ao jogo de futebol na tevê do que ir a um show comela. Sentiu-se ofendida porque pensou: “Ele não me ama! Tudo tem de ser sempre dojeito que ele quer! Isso não é justo!”.O problema da interpretação de Joan é que ela não tem fundamento. Ele realmentea ama, nem tudo tem de ser do seu jeito e ele não está sendo “injusto” intencionalmente.Naquele domingo em especial, o Dallas Cowboys ia enfrentar oPittsburgh Steelers e ele queria muito ver aquele jogo! Jamais ia querer se arrumarpara ir a um show!Quando interpreta a motivação de seu marido dessa forma irracional, Joan arrumadois problemas de uma vez. Além de não ter companhia para o show, precisasuportar a ilusão que criou para si de que não é amada.A terceira forma de distorção que leva à raiva é a magnificação. Se você exageraa importância de um fato negativo, a intensidade e a duração da sua reação emocionalpodem aumentar de forma desproporcional. Por exemplo, se o seu ônibus estáatrasado e você tem uma reunião importante, talvez diga, “Eu não aguento isso!”.Não está exagerando um pouco? Se você está aguentando, é porque pode aguentar,então por que dizer que não aguenta? Já é bastante inconveniente ter de esperar oônibus sem piorar ainda mais as coisas com essa autopiedade. Você quer mesmo seirritar desse jeito?As expressões inadequadas devia e não devia representam o quarto tipo de distorçãoque alimenta sua raiva. Quando percebe que as atitudes de alguém não lheagradam, você diz a si mesmo que ele “não devia” ter feito o que fez, ou “devia ter”feito algo que deixou de fazer. Por exemplo, vamos supor que você chegue num hotele descubra que eles perderam o registro da sua reserva, e agora não há mais nenhumquarto disponível. Furioso, você insiste, “Isso não devia ter acontecido! Malditosatendentes burros!”.É a privação real que está provocando sua raiva? Não. A privação só pode causaruma sensação de perda, decepção ou inconveniência. Antes que possa sentir raiva,você precisa necessariamente interpretar que tem o direito de obter o que deseja

nessa situação. Por conseguinte, vê a confusão na sua reserva como uma injustiça.Essa percepção leva-o a sentir raiva.E o que há de errado nisso? Quando você diz que os atendentes não deviam terse enganado, está provocando em si mesmo uma frustração desnecessária. É lamentávelque tenha perdido a reserva, porém é muito improvável que alguém tivesse aintenção de tratá-lo de maneira injusta, ou que os atendentes fossem mesmo burros.Mas eles realmente cometeram um erro. Se você insistir na perfeição dos outros, sóvai deixar a si mesmo infeliz e ficar parado no lugar. A questão é: sua raiva provavelmentenão vai fazer um quarto aparecer do nada, e a inconveniência de ir para outrohotel será bem menor do que a angústia que você inflige a si mesmo ao passar horasou dias remoendo sobre a reserva perdida.Essas cobranças irracionais baseiam-se na sua suposição de que você tem direitoà satisfação imediata o tempo todo. Por isso, quando não obtém o que deseja, vocêentra em pânico ou fica furioso por causa dessa sua postura de que, se não obtiver X,vai morrer ou ficar tragicamente privado de alegria para sempre (X pode representaramor, afeto, prestígio, respeito, rapidez, perfeição, gentileza etc.). Essa insistênciapara que seus desejos sejam satisfeitos o tempo todo é a base de grande parte daraiva autodestrutiva. As pessoas que são propensas à raiva costumam formular seusdesejos em termos moralistas como: Se estou sendo legal com alguém, eles deviamficar agradecidos.Os outros têm vontade própria e, muitas vezes, pensam e agem de maneiras quenão lhe agradam. Sua insistência de que eles têm de agir de acordo com os seus desejose vontades não fará que isso aconteça. A recíproca é ainda mais verdadeira. Suastentativas de coagir e manipular com furiosas exigências, na maioria das vezes, vãoalienar e polarizar as pessoas, deixando-as bem menos propensas a querer agradá-lo.É que os outros não gostam de ser controlados ou dominados mais do que você. Suaraiva apenas limitará as possibilidades de solucionar o problema de outra forma.A sensação de injustiça ou desigualdade é a causa fundamental da maioria, se nãode todos os acessos de raiva. Na verdade, poderíamos definir a raiva como a emoçãoque corresponde diretamente à sua crença de que está sendo tratado injustamente.Agora, chegamos a uma verdade que você pode encarar como um remédioamargo ou uma revelação esclarecedora. Não existe um conceito universalmenteaceito de justiça e igualdade. Existe uma indiscutível relatividade em matéria de justiça,assim como Einstein demonstrou a relatividade do tempo e do espaço. Einsteinpostulou ‒ e, desde então, isso tem sido comprovado experimentalmente ‒ que nãoexiste um “tempo absoluto” que seja igual em todo o universo. O tempo pode pare­

nessa situação. Por conseguinte, vê a confusão na sua reserva como uma injustiça.

Essa percepção leva-o a sentir raiva.

E o que há de errado nisso? Quando você diz que os atendentes não deviam ter

se enganado, está provocando em si mesmo uma frustração desnecessária. É lamentável

que tenha perdido a reserva, porém é muito improvável que alguém tivesse a

intenção de tratá-lo de maneira injusta, ou que os atendentes fossem mesmo burros.

Mas eles realmente cometeram um erro. Se você insistir na perfeição dos outros, só

vai deixar a si mesmo infeliz e ficar parado no lugar. A questão é: sua raiva provavelmente

não vai fazer um quarto aparecer do nada, e a inconveniência de ir para outro

hotel será bem menor do que a angústia que você inflige a si mesmo ao passar horas

ou dias remoendo sobre a reserva perdida.

Essas cobranças irracionais baseiam-se na sua suposição de que você tem direito

à satisfação imediata o tempo todo. Por isso, quando não obtém o que deseja, você

entra em pânico ou fica furioso por causa dessa sua postura de que, se não obtiver X,

vai morrer ou ficar tragicamente privado de alegria para sempre (X pode representar

amor, afeto, prestígio, respeito, rapidez, perfeição, gentileza etc.). Essa insistência

para que seus desejos sejam satisfeitos o tempo todo é a base de grande parte da

raiva autodestrutiva. As pessoas que são propensas à raiva costumam formular seus

desejos em termos moralistas como: Se estou sendo legal com alguém, eles deviam

ficar agradecidos.

Os outros têm vontade própria e, muitas vezes, pensam e agem de maneiras que

não lhe agradam. Sua insistência de que eles têm de agir de acordo com os seus desejos

e vontades não fará que isso aconteça. A recíproca é ainda mais verdadeira. Suas

tentativas de coagir e manipular com furiosas exigências, na maioria das vezes, vão

alienar e polarizar as pessoas, deixando-as bem menos propensas a querer agradá-lo.

É que os outros não gostam de ser controlados ou dominados mais do que você. Sua

raiva apenas limitará as possibilidades de solucionar o problema de outra forma.

A sensação de injustiça ou desigualdade é a causa fundamental da maioria, se não

de todos os acessos de raiva. Na verdade, poderíamos definir a raiva como a emoção

que corresponde diretamente à sua crença de que está sendo tratado injustamente.

Agora, chegamos a uma verdade que você pode encarar como um remédio

amargo ou uma revelação esclarecedora. Não existe um conceito universalmente

aceito de justiça e igualdade. Existe uma indiscutível relatividade em matéria de justiça,

assim como Einstein demonstrou a relatividade do tempo e do espaço. Einstein

postulou ‒ e, desde então, isso tem sido comprovado experimentalmente ‒ que não

existe um “tempo absoluto” que seja igual em todo o universo. O tempo pode pare­

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