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antidepressão a revolucionária terapia do bem-estar(1)(1)

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O paciente B, uma médica, deixa uma coisa bem clara no início da sua terapia.

Ela afirma compreender que a rapidez na melhora depende de sua disposição para

trabalhar entre as sessões e insiste em dizer que seu maior desejo neste mundo é ficar

boa, pois vem sendo atormentada pela depressão há mais de 16 anos. Ela enfatiza

que ficará feliz em vir às sessões de terapia, mas que eu não lhe peça para mexer um

dedo a fim de ajudar a si mesma. Diz que, se eu obrigá-la a gastar cinco minutos

em exercícios de autoajuda, ela vai se matar. À medida que descreve em detalhes

o horrível método letal de autodestruição que havia planejado cuidadosamente na

sala de cirurgia de seu hospital, fica óbvio que ela fatalmente está falando sério. Por

que está tão determinada a não se ajudar?

Eu sei que, provavelmente, a sua procrastinação não é tão grave e só envolve coisas

menores, como pagar contas, ir ao dentista etc. Ou talvez tenha tido dificuldade

para terminar um relatório relativamente simples que é decisivo para a sua carreira.

Mas a questão intrigante é a mesma ‒ por que muitas vezes nos comportamos de

maneira contrária ao nosso próprio interesse?

A procrastinação e o comportamento autodestrutivo podem parecer engraçados,

frustrantes, perturbadores, irritantes ou patéticos, dependendo do seu ponto de

vista. Considero isso um traço bastante humano, tão comum que todo mundo depara-se

com ele quase todos os dias. Ao longo da história, escritores, filósofos e estudiosos

da natureza humana já tentaram formular explicações para o comportamento

autodestrutivo, que incluem teorias populares como:

1. Você é essencialmente preguiçoso; é a sua “natureza”.

2. Você quer machucar a si mesmo e sofrer. Ou gosta de se sentir deprimido ou

possui um impulso autodestrutivo, uma “vontade de morrer”.

3. Você é passivo-agressivo e quer frustrar as pessoas ao seu redor não fazendo

nada.

4. Você deve estar obtendo alguma “vantagem” com a sua procrastinação e

sua vontade de não fazer nada. Por exemplo, você gosta de receber toda essa

atenção quando está deprimido.

Cada uma dessas famosas explicações representa uma teoria psicológica diferente,

e nenhuma delas está correta! A primeira é um modelo de “traço”; sua inatividade

é vista como um traço fixo de personalidade e provém de sua “natureza preguiçosa”.

O problema dessa teoria é que ela apenas rotula o problema, sem explicá-lo. Rotular-se

de “preguiçoso” é inútil e autodestrutivo porque cria a falsa impressão de que

sua falta de motivação é irreversível, uma parte inata da sua constituição. Esse tipo

de pensamento não representa uma teoria científica válida, e sim um exemplo de

distorção cognitiva (rotulagem).

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