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32º DIGITAL BUSINESS CONGRESS

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#89 Jun.<br />

2023<br />

Pessoas:<br />

as protagonistas<br />

da disrupção


2 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Pessoas no centro<br />

de tudo<br />

O mundo está a mudar a grande velocidade e na base dessa<br />

profunda transformação está uma aceleração tecnológica sem<br />

precedentes, que traz múltiplos desafios e incógnitas, mas<br />

também inúmeras oportunidades e possibilidades. No centro<br />

desta grande disrupção, que é hoje o novo normal, estão as<br />

pessoas. Porque são elas que têm de controlar o processo de<br />

inovação e recolher todos os seus benefícios.<br />

Os dois dias do congresso da APDC, com o<br />

mote “Disruptions: The Great Digital Tech<br />

(R)Evolutions”, foram de reflexão, partilha de<br />

ideias, conhecimentos e de construção de<br />

cenários de futuro. Ninguém tem dúvidas<br />

de que o acelerado avanço tecnológico está<br />

a transformar profundamente tudo e todos<br />

e urge definir as melhores estratégias para<br />

construir um amanhã mais sustentável, colaborativo,<br />

justo e solidário.<br />

Portugal tem todas as condições para ser<br />

um vencedor neste novo mundo, posicionando-se<br />

no panorama europeu e até<br />

mundial como um player de relevo. Os<br />

fundos europeus são uma enorme oportunidade<br />

para uma mudança estrutural e o<br />

processo está em marcha e a ganhar velocidade.<br />

Caberá a todos, Estado e setor privado,<br />

em parceria e ecossistema, trabalharem<br />

para aproveitar esta que é uma das maiores<br />

oportunidades que o país alguma vez teve.<br />

Esta edição do congresso da APDC voltou<br />

a realizar-se num formato de programa de<br />

televisão, graças à parceria e apoio da RTP,<br />

decorrendo em formato híbrido – online e<br />

presencial – a partir do auditório da Faculdade<br />

de Medicina Dentária de Lisboa. E registou<br />

um novo número recorde de participantes:<br />

mais de 9.700, dos quais mais de 700<br />

presenciais e os restantes online, seja através<br />

da plataforma do congresso (web e mobile),<br />

seja via streaming no website APDC,<br />

no YouTube APDC ou no Tek Sapo.<br />

O PODER DA TECNOLOGIA<br />

Para mostrar o poder da tecnologia, Rogério<br />

Carapuça abriu o congresso com um<br />

discurso produzido por inteligência artificial<br />

(IA), escrito num minuto pelo ChatGPT.<br />

Este exemplo, de acordo com o presidente<br />

da APDC, ilustra claramente as disrupções a<br />

que estamos a assistir e que estão a “transformar<br />

de forma muito profunda a forma<br />

como trabalhamos, desenvolvemos atividades<br />

e nos relacionamos uns com os outros”.<br />

E não devemos ter medo da IA, porque<br />

“o que nos diferencia de tudo é a nossa<br />

alma”, considerou o presidente da Câmara


Rogério Carapuça (APDC) deu o mote ao congresso, na sessão de abertura,<br />

onde participaram também Carlos Moedas (CML) e Pedro Siza Vieira<br />

(presidente do congresso). Já o Presidente da República, na sua mensagem,<br />

colocou várias questões a que se impõe uma resposta urgente, na atual<br />

conjuntura de enormes mudanças


4 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Municipal de Lisboa, para quem a disrupção<br />

é hoje “tecnologia, criar e inovar”, num<br />

processo de “inovação que cria mercados<br />

e produtos de que as pessoas precisam”.<br />

Para Carlos Moedas, esta inovação disruptiva<br />

acontece sobretudo nas cidades, porque<br />

é nelas que “podemos cruzar diferentes<br />

ideias, formas de pensar e pessoas”, graças à<br />

sua diversidade, ao seu ritmo e à sua identidade<br />

própria. Que, no caso de Lisboa, chama<br />

de “alma pragmática portuguesa”.<br />

Estes são “tempos de mudança muito<br />

acelerada. Quase não temos tempo para<br />

nos adaptar e sentimos dificuldade em<br />

perceber o sentido desta mudança. Provavelmente,<br />

esse é mesmo o tema da disrupção”,<br />

acrescentou Pedro Siza Vieira, alertando<br />

para uma realidade que revela que “as<br />

mudanças não são apenas na forma como<br />

as tecnologias digitais se impõem na nossa<br />

vida de forma muito rápida”. “Estamos”, salientou,<br />

“a assistir a uma reorganização da<br />

economia global, depois do modelo dos últimos<br />

20 a 30 anos, que assentou na ideia<br />

de globalização”, que “se trouxe um crescimento<br />

económico inédito ao mundo, foi<br />

também manifestando a acumulação de<br />

riscos e tensões na economia e na organização<br />

mundial, que se tornaram agora muito<br />

evidentes”.<br />

Para o Presidente do <strong>32º</strong> congresso, “a globalização<br />

foi muito importante, mas teve os<br />

seus perdedores, como Portugal, o que causou<br />

um choque brutal à nossa economia,<br />

levando à sua mudança”. Neste momento<br />

“as mudanças que estão em curso estão<br />

a traduzir-se em vantagens para o país.<br />

Não é por acaso que as nossas exportações<br />

têm batido as previsões e que temos<br />

tido dos maiores números de IDE da<br />

UE. São tempos de grandes oportunidades<br />

e temos hoje mais condições para as<br />

aproveitar do que alguma vez tivemos”,<br />

considerou.<br />

Mas estaremos a aproveitar os benefícios<br />

e as vantagens dos avanços tecnológicos?<br />

Não estaremos a esquecer as pessoas? Estas<br />

foram algumas das questões colocadas<br />

pelo Presidente da República na sua intervenção,<br />

em que considerou que as tecnologias<br />

não são ameaças, mas sim oportunidades.<br />

O desafio está, para Marcelo<br />

Rebelo de Sousa, em liderar a revolução<br />

tecnológica “sem atingir a coesão social<br />

e o que já é hoje um panorama de muitas<br />

desigualdades”, sendo colaborativo,<br />

reforçando a solidariedade e olhando, em<br />

Asahi Beverages, Ex-Group Chief Disrup<br />

abordou o impacto das disrupções nos c<br />

e os caminhos que se colocam às empre<br />

“Tokens e a cria<br />

o papel da banc


tion Officer,<br />

onsumidores<br />

sas<br />

Pedro Faustino defende que, numa conjuntura de<br />

disrupção, o país terá de criar mais riqueza e as empresas<br />

terão de assumir o papel de ativistas económicos<br />

ção de valor económico” esteve em debate nesta sessão, onde<br />

a centrou as discussões. Paulo Cardoso do Amaral foi o KNS


6 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Debate sobre a forma como as disrupções<br />

estão a mudar o modo como trabalhamos e<br />

lideramos. David Rimmer (DXC) deu o mote<br />

Os líderes nacionais da Ericsson e da Nokia<br />

juntaram-se aos responsáveis da Galp e da<br />

Accenture para refletir sobre a aposta na<br />

sustentabilidade em todos os negócios<br />

primeiro lugar, para as pessoas.<br />

O certo é que “vivemos tempos espantosos”,<br />

onde o “papel da tecnologia<br />

nunca foi tão importante”,<br />

realçou Kellie Barnes. Para a exgroup<br />

chief Disruption Officer da<br />

Asahi Beverages, os sinais que se<br />

vêm hoje a emergir e que vão definir<br />

tudo nos próximos anos, deixam<br />

claro que “os consumidores querem<br />

mais experiências que lhes tragam<br />

felicidade” e “exigem das empresas<br />

um novo modelo”. Porque<br />

são as pessoas que “dominam a<br />

mudança e a tecnologia terá de<br />

lhes dar resposta. Só assim se<br />

poderá ser relevante. Acordámos<br />

num mundo que mudou, e talvez,<br />

mas só talvez, poderemos estar<br />

presentes nele”, alertou.<br />

EMPRESAS: NOVOS ATIVISTAS<br />

ECONÓMICOS<br />

Mas de que forma poderá a disrupção<br />

ajudar a criar novos negócios?<br />

Será que estamos todos a abdicar<br />

da capacidade crítica construtiva<br />

em relação à estratégia económica<br />

de Portugal? As questões foram<br />

colocadas por Pedro Faustino, face<br />

ao muito que aconteceu no último<br />

ano. Como “em economia não<br />

há milagres e só se muda se o país<br />

criar mais riqueza”, o managing director<br />

da Axians Portugal defende<br />

que o país precisa, mais do que<br />

nunca, de “mais e melhores empresas”,<br />

o que só se faz com investimento.<br />

Com os 43 mil milhões de<br />

euros disponíveis até 2030, há que<br />

“transformar as empresas em ativistas<br />

económicos” para se ir mais<br />

além.<br />

Um dos caminhos para criar riqueza<br />

e valor económico passa<br />

pelos ativos digitais, potenciados<br />

pela aceleração da tecnologia.<br />

Paulo Cardoso do Amaral não<br />

tem dúvidas de que “vivemos uma<br />

inovação tremenda” e há que “saber<br />

transportar a tecnologia para<br />

a economia real”, multiplicando as<br />

oportunidades trazidas pelo blockchain,<br />

que, além de ter potenciado<br />

o mundo das criptomoedas, tem<br />

a capacidade de “alterar as nossas<br />

vidas”.


De tal forma que, para o professor<br />

assistente da Católica-Lisbon,<br />

se trata “do início de uma nova era<br />

industrial, porque a diminuição do<br />

custo é tão grande, que potenciará<br />

a criação de novos negócios. Este é<br />

um enorme conjunto de oportunidades<br />

para empresas, numa alteração<br />

do tecido económico capaz de<br />

criar imensas oportunidades”.<br />

Para David Rimmer, research advisor<br />

da DXC Leading Edge, “há<br />

uma grande transição a decorrer”<br />

a todos os níveis, com novos paradigmas,<br />

formas de pensar e gerir<br />

os negócios e novas tecnologias.<br />

“Cada vez mais, é importante não<br />

o que se faz, mas como se faz”,<br />

ou seja, o propósito do negócio,<br />

que tem de criar valor para os<br />

stakeholders, pois a pressão para<br />

o ESG “está a vir de todo o lado”.<br />

O talento está no centro das atenções,<br />

numa guerra cada vez mais<br />

intensa, acrescenta o managing<br />

partner da The Key Talent Portugal,<br />

destacando que o tema essencial<br />

do propósito das organizações,<br />

é sempre tido em conta pelas<br />

pessoas, na hora de aceitarem um<br />

novo emprego. Hugo Bernardes<br />

alerta que, se o híbrido veio para ficar,<br />

há empresas a voltar atrás, muitas<br />

vezes pelas dificuldades das lideranças<br />

neste novo mundo.<br />

Manuel Maria Correia, líder da DXC,<br />

confirma que o modelo híbrido é o<br />

que permite “maior produtividade<br />

e valor”, embora admita que o<br />

nosso país “ainda está a anos-luz<br />

de lá chegar, porque há temas de<br />

gestão, culturais e de modelos de<br />

negócio, que não permitem que<br />

seja assim. Será um processo”,<br />

ao qual as organizações se estão<br />

a ajustar. E se o lucro é importante,<br />

para Luísa Ribeiro Lopes “há outros<br />

valores com que as empresas<br />

estão preocupadas e que fazem a<br />

diferença”, já que “os ativos intangíveis<br />

são feitos por pessoas com<br />

talento. Estamos todos no mesmo<br />

barco e as empresas TIC, como motor<br />

da economia, devem puxar pelas<br />

demais empresas, porque temos<br />

um tecido industrial que acha<br />

ainda isto tudo muito estranho”,<br />

O administrador do Banco de Portugal refletiu<br />

sobre o que está a ser feito nos “Serviços<br />

Financeiros & Moedas Digitais Reguladas” na UE<br />

e no país<br />

A banca, sendo uma das indústrias mais<br />

inovadoras, vai manter o seu papel com o<br />

projeto do euro digital, garantem Francisco<br />

Barbeira e Ricardo Correia


8 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Está em curso uma revolução digital na generalidade dos<br />

serviços da AP. Com redesenho de todos os serviços, para<br />

simplificar a vida das pessoas e das empresas<br />

As tecnologias do metaverso ainda estão na sua infância<br />

e há muito que desenvolver. APDC e XRSI anunciaram<br />

uma parceria para um uso responsável destas soluções


O debate sobre o futuro entre os líderes dos media:<br />

Francisco Pinto Balsemão (Impresa), Nicolau<br />

Santos (RTP) e Pedro Morais Leitão (MC)<br />

considera a presidente do .PT.<br />

Nesta era digital, tema cada vez mais relevante<br />

é o da sustentabilidade. No mercado<br />

nacional, “vemos várias indústrias com comportamentos<br />

distintos relativamente à evolução<br />

das práticas sustentáveis”, diz Bruno<br />

Martinho, managing director da Accenture<br />

Strategy. A indústria de utilities e energia<br />

está a liderar esta evolução, como o prova<br />

o caso da Galp. Para a sua diretora de inovação,<br />

Ana Casaca, é necessário “um investimento<br />

enorme em tecnologias e pessoas”.<br />

Também da parte dos fabricantes europeus<br />

Ericsson e Nokia, esta é uma prioridade, com<br />

a oferta de infraestruturas, particularmente<br />

agora com o 5G. O CEO da Ericsson Portugal,<br />

Juan Olivera, diz que permitirá “uma sociedade<br />

mais sustentável”. A questão é que<br />

ainda não se vêem benefícios na Europa,<br />

que corre o risco de ficar para trás. Sérgio<br />

Catalão, CEO da Nokia Portugal, adianta que<br />

há que “saber usar todos os recursos tecnológicos,<br />

monetizar o 5G e canalizá-lo na direção<br />

da sustentabilidade. Podemos dar um<br />

contributo muito grande para acelerar”.<br />

Uma das grandes apostas no espaço europeu<br />

é neste momento a criação do euro<br />

digital e a regulação do mundo dos criptoativos.<br />

A primeira permitirá à UE criar finalmente<br />

um sistema de pagamentos<br />

europeu, deixando de se depender das multinacionais.<br />

A segunda coloca-a como pioneira<br />

mundial neste tipo de regras e trará<br />

transparência e clareza a um ecossistema<br />

em explosão. “Estamos a assistir a um declínio<br />

acelerado do numerário enquanto meio<br />

de pagamento, à entrada de novas tecnologias<br />

e de novos players, como as fintech,<br />

mas também as big tech. É aqui que emergem<br />

novas soluções de pagamentos, como<br />

as privadas, dos criptoativos ou as moedas<br />

digitais do banco central”, explica Helder Rosalino,<br />

administrador do Banco de Portugal.<br />

“A disrupção é, na verdade, o novo normal”,<br />

garante o secretário de Estado da Digitalização e<br />

da Modernização Administrativa<br />

FUTURO CHEIO DE OPORTUNIDADES<br />

Quem também pretende aproveitar todo<br />

o potencial da disrupção tecnológica<br />

para acelerar a digitalização é a Administração<br />

Pública. Já muitos progressos foram<br />

feitos, mas há ainda muito por fazer,<br />

como ficou claro com a intervenção de João<br />

Dias. “A tecnologia permite fazer muito mais<br />

e queremos elevar a fasquia dos serviços públicos.<br />

Com o mesmo ADN, simplificar a vida<br />

de cidadãos e empresas”, assegura o presidente<br />

da AMA, que deixa claro que a IA “abre<br />

um mar de possibilidades extraordinárias


10 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

O ministro da Economia e do Mar está otimista: “A<br />

digitalização e a intensificação tecnológica vão afirmar um<br />

caminho cada vez melhor para o futuro”<br />

Depois de fazer um balanço e traçar perspetivas para o PRR,<br />

Pedro Dominguinhos juntou-se ao debate sobre como se<br />

poderá acelerar a sua efetiva implementação


O painel de discussão entre Ricardo Reis e Pedro<br />

Siza Vieira mostrou que ambos estão convictos de<br />

que Portugal tem pela frente uma oportunidade<br />

sem precedentes<br />

“A Computação e as Comunicações Quânticas”<br />

foram tema de análise e ficou claro que o país está<br />

já a avançar, com vários projetos em concretização<br />

aos serviços públicos”. Mas é preciso trabalhar<br />

“em parceria e colaboração, para fazer<br />

esta disrupção”.<br />

Outra das áreas que apresenta um enorme<br />

potencial é a do metaverso. Embora tenha<br />

já um mundo de aplicações, estas “ainda falham<br />

no contacto entre mundos virtuais”,<br />

como diz Pedro Nogueira da Silva. Para o<br />

head of Digital Experience da NTT DATA Portugal,<br />

“o metaverso impactará as nossas vidas<br />

pela positiva numa série de áreas” e vai<br />

continuar a evoluir, pelo que as empresas<br />

terão, desde já, de criar a sua própria visão<br />

sobre ele e acompanhar a sua evolução.<br />

Sob pena de “perder o comboio”.<br />

Para “explorar as potencialidades que o caminho<br />

para o metaverso permite, mas de<br />

forma responsável”, até porque se trata de<br />

“um caminho sem retorno”, avança Luís<br />

Bravo Martins, presidente da Secção Metaverso<br />

APDC, foi anunciada no congresso<br />

uma parceria da associação com a XRSI. A<br />

sua fundadora e CEO, Kavya Pearlman, está<br />

muito preocupada com os riscos que a tecnologia<br />

pode trazer, nomeadamente para a<br />

democracia.<br />

A aceleração tecnológica também tem trazido<br />

inúmeros desafios ao setor dos media. No<br />

tradicional debate do Estado da Nação do<br />

setor, entre os líderes dos três grandes grupos<br />

nacionais, ficou clara a cada vez maior<br />

fragmentação de audiências, assim como<br />

a crescente concorrência das big tech no<br />

bolo da publicidade, o<br />

que tem levado a RTP,<br />

Media Capital e Impresa<br />

a apostar na reconfiguração<br />

e diversificação<br />

de ofertas e<br />

nas parcerias, numa<br />

clara reinvenção, a par<br />

do corte de custos nas<br />

respetivas estruturas.<br />

O fim da TDT a médio<br />

-prazo, encontrandose<br />

uma forma alternativa<br />

de fazer chegar a<br />

tv aos poucos portugueses<br />

ainda sem uma<br />

subscrição paga, também foi defendida<br />

pelos players.<br />

E o primeiro dia do congresso terminou com<br />

uma mensagem positiva: “Se, coletivamente,<br />

abraçarmos estas causas como nossas,<br />

saberemos superar os novos desafios e disrupções”,<br />

assegura o secretário de Estado da<br />

Digitalização e da Modernização Administrativa,<br />

Mário Campolargo.


12 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Na sessão sobre “Novas Oportunidades da Cibersegurança & Riscos”,<br />

o KNS António Gameiro Marques deixou claro que há ainda muitas<br />

questões por responder<br />

CONCRETIZAR COM FOCO<br />

No mesmo sentido começou o segundo dia do maior<br />

evento anual da APDC, com a mensagem de que o<br />

executivo está totalmente focado na execução do<br />

PRR e do PT2030, com uma aposta forte na inovação<br />

digital e na transição tecnológica. A garantia<br />

foi dada pelo ministro da Economia e do Mar, que garante<br />

que “a economia portuguesa está a experienciar<br />

os processos de transformação digital de uma<br />

forma cada vez mais evidente e transversal”. Para<br />

António Costa Silva, “estamos a viver uma disrupção<br />

tecnológica extraordinária ao nível do nosso tecido<br />

empresarial”.<br />

Mas entre as metas e a realidade subsiste ainda uma<br />

grande distância, como deixou claro Pedro Dominguinhos.<br />

Para o presidente da Comissão Nacional de<br />

Acompanhamento do PRR, é preciso andar mais<br />

depressa nas PME pois, apesar de todos os projetos,<br />

muitos programas ainda não estão no terreno.<br />

Por isso, o desafio para este ano é levar os<br />

benefícios de tudo o que foi projetado às empresas.<br />

O que passa por acelerar, porque os timings<br />

de concretização são cada vez mais apertados.<br />

Também o novo presidente da CIP, Armindo Monteiro,<br />

destaca a necessidade de andar mais depressa e<br />

de se responder, efetivamente, às necessidades das<br />

empresas. Até porque os privados estão disponíveis<br />

para investir e avançar e já o demonstraram. Aqui ao<br />

lado, em Espanha, o governo tem apostado tudo em<br />

simplificar processos para chegar mais depressa ao<br />

setor privado. Victor Calvo-Sotelo, general director da<br />

DigitalES, deixou bem claras as razões do sucesso:<br />

tudo feito online e o mais simples possível.<br />

Numa altura em que se assiste a uma reconfiguração<br />

da globalização, o conhecido economista Ricardo<br />

Reis garante que “Portugal tem oportunidades,<br />

mas precisa de as saber agarrar”. O problema é<br />

que ainda “não vê dinâmica” nesse sentido. “Estamos<br />

numa altura em que temos de ganhar escala,<br />

virada para o mercado externo, em empresas e<br />

talento. Este é o desafio que temos no presente,<br />

para darmos o salto seguinte. É um grande foco a<br />

ter nos próximos tempos”, destaca.<br />

QUE ‘ESTADO DA ARTE’?<br />

As comunicações e a computação quântica também<br />

foram temas de debate e ficou claro que estão a surgir<br />

no mercado nacional, com parcerias europeias,<br />

projetos verdadeiramente disruptivos, que tiram partido<br />

das particularidades desta tecnologia. A cibersegurança<br />

é uma das preocupações centrais, numa<br />

aposta que terá de passar por uma “trilogia ganhadora”,<br />

como lhe chamou António Gameiro Marques, diretor-geral<br />

do GNS, entre o setor público, a indústria<br />

e a academia. Até porque há ainda muitas questões<br />

por responder e o talento é cada vez mais escasso,<br />

nas empresas e no Estado.


As tecnológicas estão a apostar tudo no poder disruptivo da IA.<br />

Responsáveis da Microsoft e da Google deram a sua visão do que será o<br />

futuro com inteligência das máquinas<br />

Cooperação proativa, liderança comprometida e capacitação coletiva são caminhos,<br />

numa altura em que os múltiplos sistemas de IA começam a surgir, com enorme<br />

magnitude e poder, e estão a trazer todo um novo conjunto de desafios e oportunidades.<br />

A visão da Microsoft e da Google e as respetivas apostas nesta área deixaram<br />

claro que estamos a entrar num novo paradigma, que exige simultaneamente audácia e<br />

responsabilidade. São as pessoas que terão de ser responsáveis pelo crescimento destas<br />

soluções, maximizando as suas capacidades.<br />

Mas nada será possível sem a conetividade fornecida pelas infraestruturas de telecomunicações.<br />

O mercado nacional tem neste momento soluções de topo e uma cobertura<br />

de redes fixas e móveis da quase totalidade da população. Os líderes dos fornecedores<br />

de infraestruturas - Cellnex, Vantage Towers e FastFiber - deixaram bem claro que estão<br />

apostados em reforçar investimentos e dar aos operadores de comunicações todas as capacidades<br />

para disponibilizarem soluções assentes nas tecnologias disruptivas, como a<br />

IA. Com transparência e independência face aos players do setor, garantem.<br />

Centrados agora na oferta de soluções, os grandes grupos de comunicações nacionais<br />

destacaram os elevados investimentos que têm realizado nos últimos anos e a<br />

aposta a longo-prazo no país. Por isso, defendem um ambiente de previsibilidade<br />

num setor onde todos garantem que existe concorrência. Mas também destacam<br />

os desafios, a começar pela necessidade de maior consolidação ao nível nacional e<br />

europeu.<br />

“A indústria na Europa está fragmentada e os operadores têm uma subescala que precisa<br />

de ser endereçada. Temos perto de 100 operadoras e 600 MVNO. Há cinco vezes menos<br />

operadores e menos de metade dos MVNO em países como os EUA”, explica Luís Lopes, o<br />

novo CEO da Vodafone. À espera de luz-verde da Autoridade da Concorrência para poder


14 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

O KNS deste debate considera que será dificil confiar na IA, nos<br />

próximos tempos, para a condução autónoma. E defende regulação para<br />

a tecnologia<br />

Os fornecedores de infraestruturas, fixas ou móveis, garantem que<br />

estão a investir forte para assegurar aos operadores a disponibilização<br />

de serviços de ponta


5G, consolidações, concorrência e regulação foram temas abordados no<br />

debate dos líderes dos três grandes grupos de comunicações, que teve<br />

‘casa cheia’<br />

comprar a Nowo, diz que a operação “tem como racional estratégico uma oportunidade<br />

de acelerar investimentos na Nowo, que tem uma rede de cabo já bastante desatualizada”.<br />

Para Miguel Almeida, CEO da NOS, “a operação da Vodafone com a Nowo não me<br />

merece grandes comentários. O seu papel ativo como dinamizador de concorrência em<br />

Portugal é limitado”.<br />

Outra preocupação centra-se no 5G e no seu desenvolvimento. “Investimos acima de 350<br />

milhões de euros no 5G, a que acresce o investimento em aquisição de direitos de utilização<br />

de espectro. Hoje, o 5G ainda é gratuito… Este investimento que fizemos não tem<br />

ainda, do ponto de vista direto, um euro de retorno”, comenta o CEO da NOS. Dos dois<br />

novos operadores que entraram, “um está numa operação de consolidação e o outro vai<br />

competir pelo preço, para nos desafiar. Compete-nos responder e competir pela melhor<br />

qualidade de serviço”, comenta Ana Figueiredo, CEO da Altice.<br />

Tema em aberto é ainda a concorrência das big tech, sendo que seis gigantes norte-americanas<br />

são já responsáveis por 50% do tráfego que circula nas redes nacionais, não pagando<br />

nada pela sua utilização. “Este é um grande debate para a indústria. É urgente que<br />

se tome uma decisão nesta matéria e qualquer solução terá de respeitar a neutralidade.<br />

Não queremos criar situações de privilégio na utilização da internet. É estritamente uma<br />

lógica de fairness em relação a um ativo”, comenta o responsável da Vodafone.<br />

E o ‘elefante’ no meio da sala continua a ser a regulação do setor. “O regulador tem uma<br />

agenda ideológica e pessoal, baseada numa narrativa falsa”, diz Miguel Almeida, citando<br />

o caso do 5G: “o que está a acontecer é inadmissível. É preciso estar completamente desligado<br />

do setor, para se exigir que se cumpram os prazos (de cobertura) estabelecidos,<br />

depois de um atraso de um ano por parte do regulador”. “O ambiente regulatório tem<br />

de nos ajudar, porque para rentabilizarmos o 5G como indústria vamos ter de operar em<br />

parceria, criando plataformas e utilizações de 5G. A abertura do ponto de vista regulatório<br />

tem de existir”, acrescenta Ana Figueiredo.<br />

Tendo em conta a mudança na liderança, prevista para agosto, o CEO da NOS diz esperar<br />

que o novo líder “tenha um perfil que convide ao diálogo. Esse diálogo perdeu-se


16 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

O ministro das Infraestruturas deixou bem claro no <strong>32º</strong> congresso<br />

que o papel do regulador é dar estabilidade ao setor, com a procura<br />

equilibrada de soluções e um diálogo construtivo<br />

Carolina Freitas e João Adelino<br />

Faria, jornalistas da RTP, foram<br />

os hosts da edição de 2023 do<br />

Congresso da APDC<br />

nos últimos seis anos. Um dos princípios da<br />

missão da Anacom é assegurar um ambiente<br />

concorrencial no mercado – uma missão<br />

que foi completamente esquecida”. Luís<br />

Lopes fala em “regulação justa para todos,<br />

enquanto que para Ana Figueiredo “na regulação<br />

do futuro, acho que precisamos de<br />

menos ego e mais lego”.<br />

No encerramento do congresso, também<br />

o ministro das Infraestruturas deixou<br />

uma mensagem clara: “É necessária<br />

uma separação adequada entre as políticas<br />

públicas, que devem ser promovidas<br />

e prosseguidas pelo governo, e as<br />

medidas regulatórias, que cabem à Anacom”.<br />

Por isso, espera “um setor onde<br />

haja lugar à crítica e ao diálogo construtivos,<br />

ao respeito institucional, à procura<br />

equilibrada de soluções e à defesa dos<br />

consumidores”.•


PROGRAMA<br />

DIA 9 MAIO<br />

HYPOTHESIZING THE IMPACT OF TECHNOLOGY ON OUR LIVES<br />

ECONOMICS IS ALL ABOUT DISRUPTION?<br />

TOKENS AND THE CREATION OF ECONOMIC VALUE<br />

HOW <strong>DIGITAL</strong> DISRUPTIONS ARE CHANGING THE WAY WE WORK & LEAD<br />

SUSTAINABILITY IN THE <strong>DIGITAL</strong> DISRUPTION ERA<br />

FINANCIAL SERVICES & REGULATED <strong>DIGITAL</strong> CURRENCIES<br />

THE FUTURE OF EURO <strong>DIGITAL</strong><br />

NEW WAVE OF PUBLIC ADMINISTRATION <strong>DIGITAL</strong> SERVICES<br />

METAVERSE<br />

THE STATE OF THE NATION OF MEDIA<br />

CLOSING SESSION<br />

DIA 10 MAIO<br />

2nd DAY WELCOME<br />

IS THE RECOVERY AND RESILIENCE PLAN TRANSFORMING THE<br />

PORTUGUESE <strong>DIGITAL</strong> LANDSCAPE?<br />

ECONOMICS IS ALL ABOUT DISRUPTION? YES, LET’S DEBATE HOW<br />

QUANTUM COMMUNICATION AND COMPUTING<br />

NEW CYBERSECURITY OPPORTUNITIES & RISKS<br />

THE DISRUPTION POWER OF AI<br />

ADVANCEMENTS IN AUTONOMOUS DRIVING<br />

TELECOMMUNICATION INFRASTRUCTURES<br />

THE STATE OF THE NATION OF COMMUNICATIONS<br />

CLOSING SESSION


18 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

DIA 9 MAIO<br />

OPENING SESSION<br />

Rogério Carapuça<br />

Presidente, APDC<br />

“Estamos a falar de uma transformação<br />

muito profunda a forma como trabalhamos,<br />

desenvolvemos atividades e nos relacionamos<br />

uns com os outros. Assistidos<br />

por ferramentas tecnológicas. Vamos falar<br />

das disrupções que estão em curso com a<br />

IA e as suas aplicações, de tokenização, do<br />

metaverso e as suas realidades virtuais e<br />

imersivas”<br />

“Até hoje, e a revolução digital na aplicação<br />

da lei de Moore, que já tem 65 anos, de uma<br />

duplicação a cada dois anos da capacidade<br />

de processamento. E isso mudou tudo. Mas<br />

o que falamos hoje é de outra disrupção,<br />

que é a possibilidade de, através da computação<br />

e comunicação quântica, podermos<br />

ter um aumento ainda maior da velocidade<br />

de processamento. É outra transformação<br />

absolutamente revolucionária”<br />

“Hoje o nosso congresso é um programa de<br />

televisão e com isso conseguimos no ano<br />

passado uma audiência de sete mil pessoas,<br />

o que para um congresso profissional<br />

é inaudito em Portugal. Queremos que<br />

tenha temas e discussões relevantes para<br />

qualquer país”<br />

Carlos Moedas<br />

Presidente, Câmara Municipal<br />

de Lisboa<br />

“A disrupção tem sempre três características<br />

que se encontram nas cidades, pois não<br />

é por acaso que a inovação acontece nelas.<br />

Estas características são o pai e a mãe da<br />

inovação e têm a ver com a diversidade,<br />

uma cultura do tempo e a identidade”<br />

“É nas cidades que podemos cruzar diferentes<br />

ideias, formas de pensar e pessoas.<br />

O ser humano, por definição, não quer diversidade,<br />

mas é o gosto pelo risco que faz<br />

com que a inovação aconteça. E os grandes<br />

exemplos do que tem vindo a transformar o<br />

mundo vêm dessa diversidade. Sem ela não<br />

conseguimos ter disrupção nem inovação”<br />

“A cidade tem ainda um ritmo e um tempo<br />

que já não existe noutras congéneres europeias,<br />

para poder digerir a disrupção e ter<br />

criatividade, de parar para pensar. Temos a<br />

capacidade de criar e alimentar o talento,<br />

dando-lhe um ritmo que, apesar de acelerado,<br />

tem um tempo de digestão da própria<br />

mudança. Depois, vem a identidade, porque<br />

a nossa alma, em qualquer empresa,<br />

país ou cidade, é essencial”


Pedro Siza Vieira<br />

Presidente, 32° Digital Business<br />

Congress<br />

“Estes são tempos de mudanças muito acelerados.<br />

Quase não temos tempo para nos<br />

adaptarmos e temos dificuldade em perceber<br />

o sentido desta mudança. Provavelmente,<br />

esse é mesmo o tema da disrupção.<br />

As TIC estão a mudar a forma como trabalhamos,<br />

produzimos e gerimos, como prevenimos<br />

doenças, como combatemos as<br />

alterações climáticas e até como somos capazes<br />

de gerir a guerra e construir a paz”<br />

Marcelo Rebelo de Sousa<br />

Presidente da República<br />

“As dirupções tecnológicas estão a mudar<br />

completamente a vida nas sociedades. Mas<br />

colocam-se questões. Estamos a aproveitar<br />

devidamente os benefícios e vantagens dos<br />

avanços tecnológicos? Ou estamos, pelo<br />

contrário, a perder essa oportunidade e a ficar<br />

para trás? Conseguimos acompanhar o<br />

ritmo inovador, ou cansamo-nos da inovação?<br />

Conseguimos que a evolução tecnológica<br />

não nos leve a esquecer o que é fundamental,<br />

as pessoas?<br />

“As mudanças não são apenas na forma<br />

como as tecnologias digitais se impõem na<br />

nossa vida, de forma muito rápida. Estamos<br />

a assistir a uma reorganização da economia<br />

global, depois do modelo dos últimos<br />

20 a 30 anos, que assentou na ideia de<br />

globalização, eliminando tudo o que eram<br />

barreiras históricas ao comércio mundial e<br />

promovendo a busca pela eficiência.<br />

“É tudo isto que nos deve preocupar e tudo<br />

isso deve estar presente no debate que todos<br />

os anos se faz sobre todas as tecnologias.<br />

Que não são ameaças, pois são imparáveis,<br />

inevitáveis e positivas. Temos de<br />

estar, permanentemente, nas posições pioneiras,<br />

mas há que saber como o fazer sem<br />

atingir a coesão social e o que já é hoje um<br />

panorama de muitas desigualdades”<br />

“Estamos, de facto, a condicionar a forma<br />

como se organiza a economia global e de<br />

como os Estados intervêm. Estas mudanças<br />

estão a impactar muita coisa, como<br />

a subida da inflação e das taxas de juro.<br />

Tudo acontece ao mesmo tempo e é o que<br />

nos surpreende e nos deixa perdidos, ao<br />

tentarmos perceber o sentido destas mudanças.<br />

São tempos de grandes oportunidades<br />

para o país e temos hoje mais condições<br />

para as aproveitar do que alguma vez<br />

tivemos”<br />

“Esse é o desafio: avançar cientificamente<br />

e tecnologicamente, mas não deixar de ser<br />

colaborativo, de reforçar a solidariedade e<br />

olhar para as pessoas. Sobretudo as que ficam<br />

para trás, num mundo que é cada vez<br />

mais digital e tecnológico”


20 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

HYPOTHESIZING<br />

THE IMPACT OF<br />

TECHNOLOGY<br />

ON OUR LIVES<br />

Kellie Barnes<br />

Ex-Group Chief Disruption Officer,<br />

Asahi Beverages<br />

“O mundo está a mudar todos os dias e a<br />

tecnologia lidera essas mudanças. Mas estaremos<br />

a adotar todas as mudanças possíveis?<br />

Vivemos em tempos espantosos e o<br />

papel da tecnologia nunca foi tão importante.<br />

Hoje, podemos ver sinais a emergir<br />

que vão definir tudo nos próximos anos”<br />

“Os consumidores querem mais experiências<br />

que lhes tragam felicidade. Exigem<br />

que as empresas tomem as medidas para<br />

o fazer, querem soluções sustentáveis, reforço<br />

de medidas nas alterações climáticas<br />

e práticas responsáveis. Temos de criar um<br />

novo modelo e considerar o anterior obsoleto.<br />

Inovação disruptiva é pensar o consumidor<br />

de amanhã”<br />

“Há perigo adiante: a tecnologia está a ir<br />

mais além. É claro que é espantoso, mas<br />

tem de se mudar o modelo e ir de encontro<br />

dos desejos e necessidades dos consumidores.<br />

São eles que dominam a mudança e a<br />

tecnologia terá de lhes dar resposta. Ter um<br />

mindset de disrupção permite ser elástico e<br />

aberto à mudança. Só assim se poderá ser<br />

relevante. Acordamos num mundo que mudou,<br />

e talvez, mas só talvez, poderemos estar<br />

presentes nele”<br />

ECONOMICS IS ALL<br />

ABOUT DISRUPTION?<br />

KNS: Pedro Faustino<br />

Managing Director, Axians Portugal<br />

“Será que estamos todos a abdicar da nossa<br />

capacidade crítica construtiva em reação<br />

à estratégia de Portugal? Trabalham<br />

nas empresas 4,3 milhões de pessoas que,<br />

se calhar, estão à espera que exerçamos<br />

essa responsabilidade. O capitalismo às vezes<br />

descarrila e é preciso uma moral para o<br />

regular. A globalização é hoje outra conversa<br />

completamente diferente”<br />

“Em economia não há milagres e só se<br />

muda se o país criar mais riqueza. Esta é a<br />

verdade mais fundamental da economia:<br />

nada de bom acontece sem criação de riqueza<br />

pelas empresas. O país precisa de<br />

mais e melhores empresas, com lucro. Para<br />

isso, é preciso mais investimento. Só que<br />

compete a nível internacional com este investimento<br />

e ainda é considerado um país<br />

fiscalmente pouco competitivo”<br />

“Há quem olhe para este cenário e diga que<br />

o país está num ciclo de empobrecimento,<br />

mas há luz lá à frente e boas notícias. O setor<br />

das TI tem tido um crescimento acima<br />

da economia e vamos ter disponíveis para<br />

gastar ou investir, até 2030, qualquer coisa<br />

como 43 mil milhões de euros. A pergunta<br />

já não é se temos dinheiro para investir,<br />

mas sim de como o vamos investir ou, ao<br />

invés, simplesmente gastar. Transformar<br />

as empresas em ativistas económicos é o<br />

caminho”


TOKENS AND THE<br />

CREATION OF<br />

ECONOMIC VALUE<br />

Nuno Rodrigues<br />

Head of New Business Origination<br />

& Structuring, ioBuilders<br />

KNS: Paulo Cardoso<br />

do Amaral<br />

Professor Assistente, CATÓLICA-LISBON<br />

“Temos de criar valor para ter sucesso. Para<br />

isso, é preciso perceber o valor económico<br />

do dinheiro e a sua capacidade para tornar<br />

a economia mais eficiente. A tecnologia<br />

veio mudar completamente as nossas<br />

vidas, começando nos computadores, mas<br />

sobretudo pela capacidade de interligação<br />

de tudo, permitindo uma vida mais simples<br />

e eficiente, para que a criação de valor venha<br />

da economia”<br />

“O que é que a blockchain e os smart contracts<br />

têm de diferente para fazer com que<br />

a nossa vida se altere daqui para a frente?<br />

Muitas coisas vão deixar de ser geridas por<br />

entidades específicas, porque há uma tecnologia<br />

autoexecutável que é capaz de realizar<br />

transações para todos. Isto será o início<br />

de uma nova revolução industrial, porque a<br />

diminuição do custo por transação será tão<br />

grande que permitirá a disrupção na forma<br />

de criação de novos negócios”<br />

“Não vamos deixar que os ativos que têm<br />

de facto valor estejam na mão de uma privacidade<br />

que é anónima. Podemos manter<br />

a privacidade, mas sem anonimato. Podemos<br />

usar toda a tecnologia da DeFi, mantendo<br />

privacidade, mas garantindo que<br />

não há anonimato. E isso precisamos de fazer<br />

para todas as transações.“<br />

“Temos assistido a inúmeras iniciativas no<br />

âmbito da tokenização, por múltiplas entidades.<br />

O objetivo fundamental tem sido<br />

testar a tecnologia blockchain, a utilização<br />

dos smart contracts e a gestão do ciclo de<br />

vida dos ativos digitais tokenizados. Assim<br />

como medir o impacto que estes novos formatos<br />

têm nos processos internos, inclusivamente<br />

na relação com os stakeholders, e<br />

avaliar e medir a viabilidade económica e<br />

financeira destas iniciativas”<br />

“A grande novidade que nos traz o Pilot DLT,<br />

com caracter de regulamento, é a possibilidade<br />

de emitir ativos financeiros que nascem<br />

já tokenizados e que podem ser imediatamente<br />

transacionados no mercado<br />

secundário, da mesma forma e com a mesma<br />

simplicidade com que hoje se compra<br />

uma ação ou uma obrigação numa bolsa<br />

de valores tradicional. Estamos a assistir a<br />

um interesse muito grande, sobretudo de<br />

empresas de setores onde as necessidades<br />

de financiamento são preponderantes.”<br />

“O que vamos ver é uma transição muito<br />

importante. Vamos passar de uma economia<br />

mais ilíquida e rígida para uma economia<br />

muito mais líquida, onde haverá facilidade<br />

em aceder a produtos financeiros que<br />

vão trazer simplicidade. Não só do ponto de<br />

vista do investidor, mas também em todo o<br />

ciclo de vida do produto. Com muito mais<br />

automatismo e transparência.”


22 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Inês Drumond<br />

Vice-Presidente, Comissão de Mercado<br />

de Valores Mobiliários (CMVM)<br />

“O DLT Pilot já está em vigor, não necessita<br />

de transposição. Tem aplicação direta nos<br />

vários Estados-membros, garantindo uma<br />

aplicação homogénea. Falta apenas um<br />

diploma de execução nacional, que permita<br />

alterar alguns pontos do código de valores<br />

mobiliários, como o registo e a custódia.<br />

Vem permitir a criação de infraestruturas<br />

de mercado para a negociação e liquidação<br />

de ações, obrigações e unidades de<br />

participação em fundos de investimento<br />

emitidos, detidos e transacionados em DLT”<br />

“Quando se fala em criptoativos de instrumentos<br />

financeiros e se aplica toda a legislação,<br />

o que se concluiu é que não havia<br />

um mercado secundário, constituindo um<br />

desincentivo à emissão. O que este regulamento<br />

vem trazer é a possibilidade de haver<br />

um mercado secundário, permitindo algumas<br />

isenções à lei atual a nível europeu.<br />

“O trabalho da CMVM será diferente, não<br />

sei se mais fácil ou se mais dificil. Por um<br />

lado, cabe à autoridade competente autorizar<br />

estas infraestruturas de mercado. Na<br />

supervisão ongoing, cabe garantir que todos<br />

os requisitos, quer prudenciais, quer<br />

comportamentais, são cumpridos. Está previsto<br />

no próprio regulamento europeu que<br />

o supervisor terá acesso, de uma forma automática<br />

e rápida, à informação. Vamos ter<br />

de nos adaptar, porque esta informação vai<br />

chegar por uma via diferente”<br />

HOW <strong>DIGITAL</strong><br />

DISRUPTIONS ARE<br />

CHANGING THE WAY<br />

WE WORK & LEAD<br />

KNS: David Rimmer<br />

Research Advisor, DXC Leading Edge<br />

“Há uma grande transição a decorrer. Os<br />

grandes princípios que vieram da revolução<br />

industrial estão a ser derrubados. Estamos<br />

a mudar dos ativos físicos para ativos intangíveis,<br />

como a informação. Assim como nos<br />

propósitos dos negócios, que além do valor<br />

económico, estão a alargar para outros valores,<br />

como os ambientais, sociais e de governance.<br />

E assistimos a uma transformação<br />

da estrutura do trabalho”<br />

“Estão a surgir novos paradigmas, novas formas<br />

de pensar, novas formas de gerir os negócios<br />

e novas tecnologias. Em todas as áreas<br />

dos novos ativos, em termos de capital, investimento,<br />

retorno, produtividade e emprego,<br />

há agora outros valores. E o IT está no centro<br />

de tudo, assumindo-se como um enabler”<br />

“Cada vez mais, é importante não o que se<br />

faz, mas como se faz. É o propósito do negócio,<br />

o ideal, que não é apenas criar valor<br />

para si, mas para os demais stakeholders. A<br />

pressão para o ESG está a vir de todo o lado.<br />

Mas há estudos que mostram que um negócio<br />

sustentável tem um retorno económico<br />

maior. As mudanças das empresas envolvem<br />

um total redesenho de processos, produtos,<br />

organização e cadeias de fornecimento. Com<br />

uma mentalidade de risco. Esta grande transição<br />

exige novos paradigmas, novas formas<br />

de pensar e novos modelos mentais”


Hugo Bernardes<br />

Managing Partner, The Key Talent<br />

Portugal<br />

“Hoje, é tão dificil atrair como ter a capacidade<br />

de manter as pessoas nas organizações.<br />

As variáveis nesta guerra pelo talento<br />

vão-se alterando e aumentando, porque<br />

há mudanças profundas no trabalho, com<br />

a eliminação das fronteiras e a transição<br />

para o trabalho remoto. O tema do propósito<br />

é cada vez mais relevante, sobretudo<br />

para as novas gerações, e é sempre tido em<br />

conta na tomada de decisão”<br />

“As empresas têm de conseguir captar os<br />

candidatos numa arena onde a informação<br />

se multiplica. É absolutamente essencial<br />

conseguir chamar a atenção e ter a<br />

capacidade de ter pensamento crítico e<br />

criativo. Esta realidade terá impacto ao nível<br />

do ensino. E o próprio recrutamento vai<br />

pensar cada vez mais nisso, escolhendo<br />

as skills certas para dar resposta a certas<br />

necessidades”<br />

“O híbrido parece começar a ser o modelo<br />

adotado de forma mais regular. Mas há<br />

grandes empresas a voltar atrás, para o<br />

presencial, o que está diretamente relacionado<br />

com o envolvimento das equipas e<br />

com o facto de sermos sociais. Ou pela dificuldade<br />

das lideranças em viver neste novo<br />

mundo. Mas para as novas gerações, o híbrido<br />

domina. É um tema tendencialmente<br />

geracional”<br />

Luísa Ribeiro Lopes<br />

Presidente do Conselho Diretivo, .PT<br />

“Estamos a assistir a um mundo completamente<br />

alterado, o que é fascinante. Esta<br />

grande transição está a recentrar o mundo<br />

nas pessoas, depois de uma fase de<br />

deslumbramento com a globalização e a<br />

tecnologia. Antes, éramos números, hoje<br />

as pessoas estão no centro da decisão, de<br />

como querem trabalhar, viver e como vêm<br />

os valores”<br />

“O lucro é importante, mas há outros valores<br />

com que as empresas estão preocupadas<br />

e que fazem a diferença. Criaremos ainda<br />

mais valor com isso. Os ativos intangíveis<br />

são feitos por pessoas com talento. Estamos<br />

todos no mesmo barco e as empresas TIC,<br />

como motor da economia, devem puxar<br />

pelas demais empresas, porque temos um<br />

tecido industrial que acha ainda isto tudo<br />

muito estranho”<br />

“Vivemos numa economia da informação<br />

e dos dados e quem os trabalha melhor<br />

é quem oferece melhores serviços. Mas a<br />

forma como trabalhamos os dados e integramos<br />

a IA depende de ter capacidade<br />

criativa. É essa capacidade que temos de<br />

começar a ensinar. Temos hoje um ensino<br />

muito desfasado da realidade e que não<br />

prepara para esta grande transição”


24 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Manuel Maria Correia<br />

General Manager Portugal, DXC<br />

Technology<br />

“É preciso embeber os novos comportamentos<br />

e valores em termos de governança<br />

ambiental, social e corporativa, em todos os<br />

processos, cultura e governance das organizações.<br />

Já se percebeu que as empresas<br />

que o fazem são as mais rentáveis e têm<br />

um engajamento de pessoas muito superior.<br />

É nesta grande transição que estamos<br />

agora. Estamos no meio da ponte e não sabemos<br />

onde se poderá chegar”<br />

“Quando entrevistamos pessoas, vemos as<br />

diferenças entre as várias gerações. As mais<br />

novas já não são tão ligadas aos bens tangíveis,<br />

querem ter experiências. O valor passou<br />

a estar no intangível, nas pessoas, no conhecimento<br />

e os bens vão deixar de ter tanto<br />

peso. Estamos a assistir a esta grande viragem,<br />

que levará o seu tempo, mas à qual<br />

todo o mundo se está a adaptar”<br />

“O modelo híbrido permite maior produtividade<br />

e valor. A questão é saber se vai vingar<br />

e como nos vamos adaptar a este novo<br />

modelo de trabalho. Em Portugal, ainda estamos<br />

a anos-luz de lá chegar, porque há<br />

temas de gestão, culturais e de modelos de<br />

negócio que não permitem que seja assim.<br />

Será um processo, mas não tenho dúvidas<br />

de que o mundo será cada vez mais híbrido.<br />

A pandemia permitiu perceber que o<br />

modelo tem vantagens, como uma maior<br />

produtividade.”<br />

SUSTAINABILITY<br />

IN THE <strong>DIGITAL</strong><br />

DISRUPTION ERA<br />

Ana Casaca<br />

Diretora de Inovação, Galp<br />

“A transição energética para um novo sistema<br />

mais verde vai ter de passar por mais<br />

energias renováveis, mas precisa de um investimento<br />

enorme em tecnologias e pessoas.<br />

Estamos neste caminho de transição<br />

energética, que deve ser equitativa e inclusiva.<br />

Em 2050, queremos atingir a neutralidade<br />

carbónica”<br />

“Vamos ter dificuldade em Portugal em<br />

massificar o acesso a carregadores, o que<br />

prejudica a adoção da mobilidade elétrica.<br />

Mas neste campo existe uma oportunidade<br />

enorme na Europa. 80% das baterias de lítio<br />

são produzidas na China, 60% das quais em<br />

processos com carvão. Precisamos de uma<br />

cadeia de valor adequada, onde está incluída<br />

a reciclagem”<br />

“A meta de 2035 indica o final de venda de<br />

carros movidos a combustíveis fósseis. Estamos<br />

a trabalhar em combustíveis de biomassa,<br />

por exemplo. Estas soluções ainda<br />

não são massificáveis, pelo que o shift não<br />

pode ser imediato”


Bruno Martinho<br />

Managing Director, Accenture Strategy<br />

Juan Olivera<br />

CEO, Ericsson Portugal<br />

“Todos os negócios são hoje digitais e sustentáveis.<br />

São componentes essenciais do<br />

desenvolvimento de todas as empresas,<br />

dos seus compromissos e da forma como<br />

criam valor para todos os stakeholders. O<br />

que passa pela neutralidade carbónica, redes<br />

inteligentes, economia circular, cadeias<br />

de abastecimento, green IT, analítica e reporting,<br />

modelo operativo da organização,<br />

liderança e os clientes e a marca “<br />

“O debate sobre a sustentabilidade passa<br />

pela digitalização. O 5G não é apenas<br />

mais um ‘G’, é muito mais do que isso. É<br />

uma completa revolução das redes móveis<br />

e o potencial é gigantesco. E a boa notícia<br />

é que a tecnologia existe, mas a notícia má<br />

é que em Portugal e na Europa, estamos a<br />

ficar para trás, quando comparados com o<br />

resto das regiões líderes. Acreditamos que o<br />

5G será transformacional”<br />

“Quando analisamos a cadeia de abastecimento<br />

de uma empresa, temos vontade de<br />

transformá-la numa cadeia mais sustentável<br />

e responsável. Isto implica sermos mais<br />

autónomos na forma como desenvolvemos<br />

soluções tecnológicas e iniciativas em R&D.<br />

A partir do momento em que dependemos<br />

de outros players para essa transformação,<br />

assumimos um perfil de risco muito maior<br />

no cumprimento deste objetivo”<br />

“Ainda não vemos na Europa desenvolvimentos<br />

massivos de média banda, que permitem<br />

trazer os benefícios do 5G, ainda não<br />

temos tecnologia standalone na generalidade<br />

dos países. Perdemos o comboio do<br />

4G e estamos prestes a perder o comboio<br />

do 5G, se não tomarmos medidas. Temos de<br />

reforçar e estimular a colaboração pública<br />

e privada, para fazer acontecer”<br />

“Em Portugal, vemos várias indústrias com<br />

comportamentos distintos relativamente à<br />

evolução das práticas sustentáveis. A indústria<br />

de utilities e energia é a principal referência<br />

e a que está a liderar esta evolução,<br />

num ritmo acelerado para atingir a neutralidade<br />

carbónica das suas operações”<br />

“O 5G vai permitir uma sociedade mais sustentável.<br />

Neste momento, estamos a correr<br />

o risco de ficar para trás… diferentes regulamentações,<br />

fragmentação de mercado… há<br />

vários argumentos. Os Estados são responsáveis<br />

até algum ponto. A tecnologia existe<br />

e o facto de não haver uma abordagem<br />

única da UE é um problema”


26 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Sérgio Catalão<br />

CEO, Nokia Portugal<br />

“Estamos a meio da jornada de 15 anos na<br />

sustentabilidade e a questão que se coloca<br />

é se teremos, enquanto sociedade, capacidade<br />

de entregar os objetivos a que nos<br />

propusemos para 2030. A tecnologia tem<br />

aqui um papel fundamental e este setor<br />

tem uma oportunidade única para resolver<br />

desafios do mundo. O 5G é uma dessas tecnologias,<br />

mas há muitas mais”<br />

“A nossa abordagem à sustentabilidade<br />

tem três dimensões. A primeira é maximizar<br />

o que é o nosso impacto positivo, através<br />

de todos os projetos que fazemos nas<br />

áreas fixa e móvel e na cloud, para descarbonização<br />

das indústrias. Depois, minimizar<br />

o impacto negativo, o footprint, com o<br />

aumento da eficiência, a circularidade, cadeias<br />

de produção e operação. E, por fim,<br />

chegar a 2025 com 100% de energias renováveis<br />

e em 2030 termos toda a cadeia de<br />

valor com uma redução das emissões de<br />

CO2 em cerca de 50%”<br />

“Temos de usar todos os recursos tecnológicos<br />

e saber monetizar o 5G e canalizá-lo na<br />

direção da sustentabilidade. Apesar de podermos<br />

estar mais à frente, esta indústria<br />

já mostrou que é capaz. Podemos dar um<br />

contributo muito grande para acelerar. Temos<br />

oportunidades grandes à nossa frente,<br />

nestes sete anos para fazer acontecer”<br />

FINANCIAL SERVICES<br />

& REGULATED <strong>DIGITAL</strong><br />

CURRENCIES<br />

KNS: Hélder Rosalino<br />

Administrador, Banco de Portugal<br />

“O ecossistema dos pagamentos está num<br />

processo de revolução muito acelerado.<br />

Cada vez mais, os consumidores preferem<br />

meios de pagamento rápidos, convenientes<br />

e de baixo custo. Estamos a assistir a um<br />

declínio acelerado do numerário enquanto<br />

meio de pagamento, à entrada de novas<br />

tecnologias e de novos players, como as fintech,<br />

mas também as big tech. É aqui que<br />

emergem novas soluções de pagamentos,<br />

como as privadas, dos criptoativos, ou as<br />

moedas digitais do banco central”<br />

“Temos de entender a realidade olhando<br />

para a emergência destas soluções, que levam<br />

a que os bancos centrais e autoridades<br />

monetárias tenham de repensar o seu<br />

papel. Quer na perspetiva de âncora dos<br />

sistemas de pagamentos, mas também enquanto<br />

reguladores da atividade de novos<br />

operadores. É isso que temos hoje como desafio<br />

central para os bancos centrais”<br />

“O euro digital é importante para a Europa<br />

para preservar o papel da moeda do banco<br />

central como âncora do sistema de pagamentos.<br />

E também contribui para a autonomia<br />

estratégica e a eficiência económica europeia,<br />

porque não temos nem uma marca<br />

de pagamentos europeia, nem um sistema<br />

de pagamentos integrado. Assim como se<br />

mantém a soberania monetária pois, com o<br />

declínio rápido das notas e a emergência de<br />

marcas à escala global, isso pode criar dentro<br />

de alguns anos uma dependência da Europa<br />

em relação às marcas internacionais”


THE FUTURE<br />

OF EURO <strong>DIGITAL</strong><br />

Ricardo Correia<br />

Managing Director, Digital<br />

Currencies R3<br />

Francisco Barbeira<br />

Administrador, BPI<br />

“O euro digital vai significar um avanço tecnológico<br />

em grande escala. Não é mais uma<br />

moeda, mas uma moeda especial, de reserva<br />

de dinheiro do banco central num formato<br />

digital. Acelera os processos de interoperabilidade<br />

e a criação de um espaço mais<br />

europeu de pagamentos. Depois, toda a regulamentação<br />

dos criptoativos permitirá<br />

que os bancos também possam continuar<br />

a desenvolver o seu dever fiduciário, criando<br />

massa monetária através de stablecoins e<br />

criptomoedas”<br />

“Os bancos portugueses estão a investir<br />

imenso em tecnologia. É cada vez maior a<br />

fatia de orçamento para esta componente.<br />

Estamos a trabalhar este caminho. É<br />

obrigatório. Teremos a possibilidade de ter<br />

novas soluções, de ter muita inovação em<br />

cima deste espaço regulado, assim como<br />

de ter a moeda do banco central. Temos de<br />

estar preparados. Não há alternativa”<br />

“A banca é uma das indústrias mais inovadoras,<br />

mas o papel fiduciário de garantia<br />

de valor e de empréstimos manter-se-á<br />

com o projeto do euro digital. Há soluções<br />

nacionais muito boas, como o MBWay, mas<br />

a interoperabilidade europeia passa neste<br />

momento por soluções não europeias, de<br />

grandes grupos. Iniciativas como o euro digital<br />

combatem esta ideia e tentam equilibrar<br />

o cenário com uma solução europeia<br />

de pagamentos”<br />

“O euro digital é especial e confere uma inovação<br />

tecnológica: será dinheiro programável,<br />

utilizável em diferentes ambientes, como<br />

a distributed finance. Os bancos centrais têm<br />

medo de perder este comboio e de se poderem<br />

tornar redundantes, pelo que sentimos<br />

essa motivação para a mudança”<br />

“No futuro não haverá uma desintermediação<br />

total. Vamos assistir é a uma reconstituição<br />

do campo de jogo, onde os diferentes<br />

papéis serão desenvolvidos por atores<br />

distintos. Haverá mais trabalho a ser feito, o<br />

que significa que haverá mais participantes<br />

a entrar no sistema, mais atores a participar<br />

na distribuição do dinheiro e isso deverá<br />

criar inovação. É essa a ideia. Mas ainda não<br />

sabemos”<br />

“Mudar do dinheiro físico para o dinheiro digital<br />

não terá, por si, grandes implicações.<br />

Hoje, já gastamos apenas 10% do total em<br />

notas e moedas. O resto é digital. Uma das<br />

grandes motivações que vemos na Europa,<br />

em termos de bancos centrais, é sair do circuito<br />

das empresas de pagamentos norte<br />

-americanas, como a Mastercard ou a Visa,<br />

que são dominantes na Europa. O euro digital<br />

surge como uma forma de equilibrar<br />

esse poder, introduzindo alternativas de<br />

pagamentos”


28 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

NEW WAVE OF PUBLIC<br />

ADMINISTRATION<br />

<strong>DIGITAL</strong> SERVICES<br />

KNS: João Dias<br />

Presidente, AMA – Agência para<br />

a Modernização Administrativa<br />

“Já algumas coisas foram feitas na AP, mas<br />

queremos mais. A tecnologia permite fazer<br />

muito mais e queremos elevar a fasquia<br />

dos serviços públicos. Com o mesmo<br />

ADN: simplificar a vida de cidadãos e empresas.<br />

Fazemos um trabalho que não se vê<br />

e que espero que se vá ver em breve, com<br />

a materialização de tudo o que está a ser<br />

desenvolvido”<br />

“O Estado tem de ter, num ponto único de<br />

contacto, vários serviços públicos ao cidadão.<br />

É um trabalho de integração absolutamente<br />

essencial. Não abdicamos do ADN<br />

do ‘digital first’, dando primazia aos canais<br />

digitais, mas tudo tem de estar integrado<br />

numa lógica onmnicanal, com uma experiência<br />

coerente, agilidade e proatividade<br />

e uma organização por eventos de vida. É<br />

absolutamente crítico que o cidadão, num<br />

só momento e numa só interação, trate de<br />

tudo”<br />

“O futuro está cheio de oportunidades. O<br />

tema da IA abre um mar de possibilidades<br />

extraordinárias aos serviços públicos. O que<br />

vamos conseguir fazer, a bem do cidadão,<br />

mudando todo o atendimento, depende<br />

muito da AP. Trabalhamos muito nos bastidores<br />

para tornar isto possível, em parceria<br />

e colaboração.”<br />

Paula Salgado<br />

Presidente, Instituto de Informática<br />

“Começámos esta jornada em 2017, com a<br />

estratégia Segurança Social Consigo, que<br />

teve alguns projetos emblemáticos, como o<br />

simulador de pensões. Temos vindo ainda a<br />

desenvolver iniciativas focadas nas empresas.<br />

A pandemia foi fulcral para que as pessoas<br />

compreendessem a panóplia de serviços<br />

da Segurança Social Direta”<br />

“Seguimos uma estratégia de auscultação<br />

das necessidades dos cidadãos. Estão cada<br />

vez mais exigentes e, naturalmente, isso tem<br />

impacto e pressão nas nossas instituições.<br />

Todavia, nos últimos anos os nossos trabalhadores<br />

compreenderam que o caminho é<br />

digital. E com as ferramentas digitais, conseguem<br />

responder mais depressa e de forma<br />

mais eficiente. Temos 200 milhões de euros<br />

do PRR para a transformação digital e pretendemos<br />

mudar o paradigma de relacionamento<br />

com pessoas e empresas até 2026”<br />

“A segurança é um tema transversal a todas<br />

as organizações. Todas, públicas ou<br />

privadas, devem ter preocupações de segurança<br />

em todos os canais que disponibilizam.<br />

Desde a pandemia que se sente um<br />

aumento significativo de incidentes de segurança,<br />

que chegam a ser diários”


Filomena Rosa<br />

Presidente, Instituto dos Registo<br />

e do Notariado<br />

Mário Martins Campos<br />

Subdirector, Sistemas de Informação<br />

da Autoridade tributária<br />

“Portugal está bem posicionado na digitalização,<br />

ao contrário da perceção geral que<br />

existe entre os portugueses. Evoluímos muito<br />

e demos um grande salto qualitativo que<br />

assentou na simplificação de procedimentos,<br />

criação de balcões únicos e disponibilização<br />

de serviços online para todos os registos.<br />

Estamos agora a tentar que as novas<br />

tecnologias nos ajudem a ir mais além”<br />

“Não foram só os cidadãos que se tornaram<br />

mais exigentes. Os funcionários já percebem<br />

que podem, com a automatização<br />

de tarefas e até agora, com a utilização da<br />

IA, deixar de fazer tarefas rotineiras e de<br />

menor valor acrescentado, para fazer outro<br />

tipo de tarefas. Temos é de continuar a<br />

aposta continuada na formação e na gestão<br />

da mudança, para alinhar todos com a<br />

estratégia definida”<br />

“Temos 42 milhões do PRR com os quais<br />

queremos rever os ciclos de vida dos nossos<br />

serviços e garantir uma maior integração<br />

com toda a AP e valorizar os dados. Destaco<br />

a plataforma Dados à Distância, que<br />

permite reconhecer assinaturas ou fazer<br />

procurações à distância, ou o pedido de nacionalidade<br />

online”<br />

“O caminho da Autoridade Tributária no digital<br />

já tem longos anos. O desafio essencial<br />

que temos neste momento é entender<br />

como é que podemos maximizar a transferência<br />

de valor desta transformação digital<br />

para os cidadãos e empresas”<br />

“Apesar de estarmos na liderança europeia<br />

em termos de digitalização da AP, há um<br />

indicador que nos deve fazer refletir: apesar<br />

de termos uma percentagem significativa<br />

de serviços públicos digitais, menos de 60%<br />

dos utilizadores não optam, como primeira<br />

escolha, pelos serviços digitais. Temos de<br />

perceber onde mexer nestas duas variáveis<br />

da equação: ou aumentar a literacia dos<br />

utilizadores, ou criar confiança e eliminar o<br />

receio do erro”<br />

“Aprofundar o pensamento digital significa<br />

essencialmente colocar-nos do lado dos cidadãos,<br />

ter um exercício empático e colaborativo<br />

que permita endereçar, do ponto de<br />

vista do foco do serviço e da sua simplificação,<br />

o que os cidadãos e empresas esperam.<br />

Há um ativo essencial, que são os dados e a<br />

informação, porque é aí que podemos alavancar<br />

a maximização do valor”


30 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

METAVERSE<br />

KNS: Pedro Nogueira<br />

da Silva<br />

Head of Digital Experience, NTT DATA<br />

Portugal<br />

“O metaverso tem já um conjunto de aplicações,<br />

mas estas ainda falham no contacto<br />

entre os mundos virtuais. E não teremos<br />

só mundos virtuais, já que há múltiplas tecnologias<br />

que o vão complementar e definir.<br />

Esta área tem indefinições normais nas tecnologias<br />

emergentes. O metaverso está na<br />

sua infância e ainda requer muita definição”<br />

“Já ouvi mortes anunciadas e precoces, mas<br />

que me parecem manifestamente exageradas.<br />

Em 2026, cerca de um quarto da população<br />

já usará o metaverso e as gerações<br />

mais novas já o fazem hoje, com a utilização<br />

de óculos de realidade virtual. Estas tecnologias<br />

e dispositivos estão a evoluir para se tornarem<br />

menos intrusivos e para garantirem<br />

experiências imersivas ou mistas”<br />

“O metaverso impactará as nossas vidas<br />

pela positiva numa série de áreas. As empresas<br />

já estão mesmo a beneficiar destas<br />

plataformas, como o Fortnite, para fazer colocação<br />

de marca. Entretanto, o metaverso<br />

vai continuar a evoluir. Pelo que aconselho<br />

às empresas que criem a sua própria visão<br />

sobre ele, o experimentem e acompanhem<br />

a sua evolução. Se não o fizerem, vão perder<br />

o comboio”<br />

PARTNERING TOWARDS<br />

A SAFER & POSITIVE<br />

METAVERSE DISCUSSION<br />

PANEL:<br />

Luís Bravo Martins<br />

Presidente, Secção Metaverso APDC<br />

“Devemos ter consciência de que, por exemplo,<br />

nas tecnologias imersivas, estamos a<br />

falar de uma quantidade muito maior de<br />

recolha de dados por cada utilizador. Ao<br />

usar estas tecnologias, há imensos dados,<br />

desde a imagem à voz, cor da pele, todas<br />

as características podem ser capturadas.<br />

Pelo que é essencial informar os utilizadores.<br />

As organizações devem criar soluções<br />

que aproveitem as oportunidades, mas que<br />

trabalhem os riscos”<br />

“Hoje, todos nós sentimos a mudança no<br />

dia a dia. Contamos com serviços de IA que<br />

tornam alguns serviços tradicionais obsoletos<br />

e devemos compreender que, como indivíduos<br />

ou empresas, estamos a testar novas<br />

tecnologias sem sabermos bem quais<br />

os impactos reais da sua utilização. É essencial<br />

perceber os desafios inerentes à sua<br />

implementação”<br />

“A XRSI e a APDC estabeleceram uma parceria<br />

que nos permite explorar as potencialidades<br />

que o caminho para o metaverso<br />

permite, mas de forma responsável.<br />

Estamos num caminho sem retorno para o<br />

metaverso”


THE STATE OF THE<br />

NATION OF MEDIA<br />

Kavya Pearlman<br />

Founder & CEO, XRSI<br />

“Quando ignoramos os riscos da tecnologia,<br />

colocamos em risco a democracia. A privacidade<br />

e a segurança, enquanto riscos, são<br />

um tópico complexo. Temos de compreender<br />

o que está em causa. As organizações<br />

que olham para o metaverso têm de perceber<br />

as questões que estão implicadas no<br />

tema”<br />

“Nos EUA não fizemos muito no que concerne<br />

à privacidade, o que nos diz que o nosso<br />

esforço tem de ser global. Com a Europa<br />

conseguimos criar uma base. Estamos<br />

a trabalhar com a Comissão Europeia, com<br />

alguns governos, com as Nações Unidas.<br />

Há desenvolvimentos otimistas, mas estamos<br />

confrontados com um dilema que torna<br />

o nosso trabalho mais importante: só temos<br />

consciência das reais consequências<br />

da implementação da tecnologia após a<br />

sua implementação”<br />

“Tradicionalmente, a superfície de ataque<br />

da internet estava limitada a servidores<br />

e pouco mais, mas com o metaverso essa<br />

superfície é maior e inclusivamente envolvemos<br />

pessoas e a sociedade no cenário.<br />

Acresce que o metaverso pode ser um perigo<br />

para a democracia. Os partidos políticos<br />

podem agora, com tecnologia, manipular<br />

pessoas, polarizar votantes e fazer deep<br />

fake de informação e propaganda”<br />

Pedro Morais Leitão<br />

CEO, Media Capital<br />

“Tem havido uma reconfiguração grande<br />

do portfolio dos serviços de publicidade que<br />

oferecemos aos anunciantes, com alguma<br />

subida de preço. Mas tem sido mais rápida<br />

a queda de ritmo e a transferência de receitas<br />

para outros meios, particularmente os<br />

digitais. Neste momento, 25% do mercado<br />

de publicidade convencional é feito para as<br />

plataformas globais. O caminho passa pelas<br />

parcerias e é o que todos estamos a fazer”<br />

“A CNN é um exemplo dessas parcerias.<br />

Achamos que o streaming passa muito por<br />

parcerias e esta foi com o grupo Warner.<br />

Ainda não estamos a responder a uma tendência<br />

que se sinta já, mas que acontecerá<br />

no futuro, que é a do streaming chegar à informação.<br />

É uma aposta relevante na área<br />

da informação. Para saber se vai compensar,<br />

temos de ser pacientes. Serve um pouco<br />

de plataforma de aprendizagem para as<br />

parcerias e o negócio do streaming”<br />

“Vamos ter uma grande área de estúdios e<br />

de escritórios, para concentrar todas as operações<br />

do grupo. E surgiram uma série de estrangeiros<br />

interessados em usar os estúdios,<br />

porque há poucos no país de grande dimensão.<br />

O “hardware” conta. É preciso criar a<br />

infraestrutura e o apoio público é aqui importante.<br />

Mas, à partida, há muita manifestação<br />

de interesses de internacionais para<br />

usar os estúdios. A experiência que tenho<br />

tido neste processo é boa e dá confiança<br />

que será um grande caminho. Mas, mais do<br />

que fazer de banco de produtoras, é tentar<br />

encontrar modelos viáveis, de coprodução<br />

com as grandes plataformas mundiais”


32 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Francisco Pedro Balsemão<br />

CEO, Impresa<br />

“Publicidade é comunicação comercial. Vai<br />

continuar a ser fundamental para as pessoas<br />

conhecerem o que existe no mercado<br />

e os anunciantes venderem. Os consumidores<br />

têm uma enorme fragmentação para<br />

receber essa informação e os media portugueses<br />

terão de encontrar caminhos para<br />

podermos entregar os nossos conteúdos.<br />

Agora, isso é mais fácil de dizer do que fazer.<br />

Temos de saber como alocar os nossos<br />

recursos e orçamentos”<br />

“Não é impossível haver uma harmonização<br />

de condições com as big tech, como o prova<br />

a nossa parceria com a Google. Ainda assim,<br />

há aqui alguma injustiça que leva a uma<br />

concorrência desleal no digital, porque a big<br />

tech atua do lado da procura e da oferta. Faz<br />

com que os seus produtos e serviços sejam<br />

mais usados do que os dos seus concorrentes.<br />

Há vários processos e atos legislativos ao<br />

nível da UE que estão a fazer face a este tipo<br />

de distorção do mercado, mas ainda não se<br />

vêm resultados. Demora algum tempo”<br />

“Com ou sem investimento público, temos<br />

um objetivo claro, que é de triplicar as nossas<br />

receitas no digital até 2025. Estamos<br />

também a investir em canais lineares digitais,<br />

para diversificar fontes de receitas. Isso<br />

não impede que façamos mais parcerias.<br />

Mas o nosso modelo de negócio é diferente.<br />

Consideramos que a tendência é para<br />

o digital e para a complementaridade. Os<br />

grandes grupos de streaming estão a reinventar-se<br />

e a cortar custos. Nós também temos<br />

de o fazer. Ainda ninguém encontrou o<br />

modelo certo. Não é fácil fazer dinheiro com<br />

o streaming, mas temos de lá estar com os<br />

parceiros certos”<br />

Nicolau Santos<br />

Presidente, RTP<br />

“É fundamental a questão da transformação<br />

para o digital. Se não a fizermos a médio<br />

prazo, podemos correr o risco de nos tornarmos<br />

irrelevantes. Como se faz isto numa<br />

conjuntura de queda de receitas e de grande<br />

mudança? Tem de ser com talento, esforço,<br />

perseverança e capacidade de acreditar<br />

que vai ser possível”<br />

“De acordo com o livro branco do serviço<br />

público de rádio e televisão, o desafio do digital<br />

tem de ser assumido pelo setor público<br />

de media, sob o risco de se tornar irrelevante.<br />

É claramente algo que é preciso fazer,<br />

mas não é algo que se faça facilmente. A<br />

concessionaria tem de se reorganizar e a informação<br />

e jornalismo têm de ter um papel<br />

central, porque hoje vivemos desafios brutais<br />

nesta matéria. Já não nos bastavam<br />

as redes sociais, a desinformação, as fake<br />

news e agora temos a IA”<br />

“Para Portugal ter relevância no streaming<br />

tem de haver uma política pública de fomento<br />

da produção audiovisual, para financiar<br />

e apoiar os produtores independentes.<br />

Se é que o queremos fazer. A massa<br />

crítica poderia ainda ser obtida se todos os<br />

operadores se juntassem e criassem um<br />

player. Cada um tem a sua própria operação,<br />

que é muito pequena, face aos players<br />

mundiais”


1st DAY<br />

CLOSING SESSION<br />

DIA 10 MAIO<br />

2nd DAY WELCOME<br />

Mário Campolargo<br />

Secretário de Estado da Digitalização<br />

e da Modernização Administrativa<br />

António Costa Silva<br />

Ministro da Economia e do Mar<br />

“O PRR resulta, ele próprio, de um evento<br />

altamente disruptivo: a pandemia de Covid-19.<br />

E a resposta europeia à crise económica<br />

provocada por esta crise sanitária é<br />

outro exemplo de decisão rápida e de forma<br />

coesa. Agora, temos pela frente um caminho<br />

de disrupção composto pelo PRR e<br />

pelo Portugal 2030. Não sendo os fundos<br />

europeus uma fonte eterna, Portugal terá<br />

inevitavelmente de fazer mais com os recursos<br />

e com o que consegue gerar”<br />

“A APDC tem sido uma força motriz em Portugal<br />

na reflexão sobre o desenvolvimento<br />

das TIC, a digitalização e o seu impacto na<br />

economia e na transformação da vida das<br />

empesas e das pessoas. Estamos a viver<br />

tempos absolutamente fascinantes, embora<br />

de algumas ameaças que devem ser<br />

analisadas, discutidas e consideradas nas<br />

políticas públicas. Estamos a viver uma disrupção<br />

tecnológica extraordinária ao nível<br />

do nosso tecido empresarial”<br />

“A disrupção é hoje, verdadeiramente, o<br />

normal. A tecnologia em que se baseia o<br />

ChatGPT demorou cerca de nove anos a<br />

ser desenvolvida, mas apenas 55 dias para<br />

atingir 100 milhões de utilizadores. Avanços<br />

que em gerações anteriores se davam em<br />

100, 50 ou 10 anos, hoje surgem de forma<br />

aparentemente imediata”<br />

“Precisamos de garantir que as pessoas<br />

permanecem no controlo do processo de<br />

inovação e de decisão, que capacitamos<br />

e preparamos a população para entender<br />

os benefícios e os riscos da tecnologia que<br />

desenvolvemos, numa interação harmoniosa<br />

entre pessoa e máquina. Mas se, coletivamente,<br />

abraçarmos estas causas como<br />

nossas, saberemos superar os novos desafios<br />

e disrupções”<br />

“A economia portuguesa está a experienciar<br />

os processos de transformação digital<br />

de uma forma cada vez mais evidente<br />

e transversal. A economia ligada à digitalização<br />

dos processos, à transformação dos<br />

modelos de negócio, à reconfiguração das<br />

cadeias de produção e logística, o que está<br />

a levar à promoção de novas dimensões da<br />

economia. O ciberespaço multiplica o mercado<br />

e globaliza as atividades económicas,<br />

potencia a economia dos dados”<br />

“Estamos a dar toda a atenção à execução<br />

do PRR e do pacote PT2030, que também<br />

tem verbas muito significativas para a<br />

inovação digital e a transição tecnológica.<br />

Acredito profundamente que a intensificação<br />

da revolução tecnológica e a digitalização<br />

os processos de trabalho e dos modos<br />

de produção pode aumentar a produtividade<br />

das empresas e a competitividade do<br />

país. E isso está a ser refletido nos números<br />

que a economia portuguesa está a apresentar<br />

e que são notáveis”


34 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

IS THE RECOVERY AND<br />

RESILIENCE PLAN<br />

TRANSFORMING THE<br />

PORTUGUESE <strong>DIGITAL</strong><br />

LANDSCAPE?<br />

KNS: Pedro Dominguinhos<br />

Presidente da Comissão Nacional<br />

de Acompanhamento do PRR<br />

“Os dados mostram a necessidade de ir<br />

mais depressa nas PME. Até que ponto o<br />

PRR está alinhado com este diagnóstico?<br />

Portugal tem 650 milhões de euros e, se<br />

juntarmos a resiliência em termos de formação<br />

em STEAM, tem mais 200 milhões<br />

de euros. Estamos a falar de 850 milhões<br />

na área da digitalização. Com uma componente<br />

relevante de verbas destinadas à<br />

AP, seguindo-se a área do capital humano<br />

e depois os programas dirigidos às PME”<br />

“Nas PME, destaco projetos como os Digital<br />

Innovation Hubs, a Rede Nacional de Tests<br />

Beds, a internacionalização via e-commerce,<br />

os vouchers startup e o programa Coaching<br />

4.0. ”<br />

“O desafio de 2023 é colocar os programas<br />

do PRR no terreno, para que as empresas<br />

possam beneficiar destes apoios. Estamos<br />

a falar de PME, que têm uma capacidade<br />

financeira mais reduzida. Este é um desafio<br />

fundamental e é algo que temos de acelerar.<br />

Até porque algumas destas metas e<br />

marcos são profundamente exigentes no<br />

tempo. Estamos perante um programa<br />

muito ambicioso, que exige um compromisso<br />

muito grande de todos”<br />

Armindo Monteiro<br />

Presidente, CIP – Confederação<br />

da Indústria Portuguesa<br />

“De quem é a culpa no atraso do PRR? O<br />

pecado original está na forma como foi<br />

construído. Logo desde o início houve uma<br />

tremenda falta de ambição. Trata-se de um<br />

investimento e por isso na Europa chamase<br />

Next Generation, mas em Portugal chama-se<br />

Plano de Recuperação. Se o PRR se<br />

aplicasse às empresas, na sua linguagem, o<br />

time to market já estava obsoleto. Hoje, não<br />

é elegível para a maioria das necessidades<br />

e prioridades das empresas”<br />

“Como é próprio das empresas, aproveitam<br />

sempre ao máximo o que é possível.<br />

O que esperamos é que, ainda com todos<br />

estes handicaps de base, que chegue rapidamente.<br />

Mas, para isso, é preciso que a<br />

administração do PRR confie mais nos seus<br />

agentes económicos. Há entidades portuguesas<br />

em quem se confia, que estão na esfera<br />

da AP, e outras em quem não se confia,<br />

que estão na esfera privada”<br />

“A transparência e a aplicação correta do<br />

PRR são requisitos. Este dinheiro não é gratuito,<br />

visa um investimento. Nas empresas,<br />

a procura ultrapassou várias vezes a oferta.<br />

É uma prova que os privados estão disponíveis<br />

para investir. Mas muito do que está<br />

neste momento a ser gasto na AP é em<br />

OPEX e não em CAPEX. O que é exigido ao<br />

privado não está a ser exigido ao público”


ECONOMICS IS ALL<br />

ABOUT DISRUPTION?<br />

YES, LET’S DEBATE HOW<br />

Victor Calvo-Sotelo<br />

General Director, DigitalES<br />

“Em Espanha temos o mesmo tipo de discussões.<br />

Com uma diferença, de em Portugal<br />

haver uma comissão independente para<br />

o acompanhamento da aplicação do PRR,<br />

que não temos. E deveríamos ter. Há muitas<br />

formas de colaboração entre o Estado e<br />

os privados, mas não uma entidade destas,<br />

que poderia ajudar, porque a quantidade de<br />

dinheiro é tão elevada, sabemos que o Estado<br />

poderá ter dificuldade em lidar com isso.<br />

Até pela complexidade da administração”<br />

“No ano passado, para evitar processos<br />

muito complexos, o governo apostou na<br />

simplificação para a atribuição dos fundos<br />

ao setor privado. Mas ainda não é suficiente.<br />

Continua a ser mais fácil dentro<br />

do setor público. Enquanto em Portugal a<br />

maior parte do dinheiro do PRR vai para o<br />

setor público, em Espanha vai para o privado.<br />

Mas, definitivamente temos de acelerar<br />

este ano”<br />

“Precisamos de fazer as coisas de forma diferente.<br />

Temos mais de um milhão de PME<br />

e no apoio a elas os organismos públicos terão<br />

de aplicar três mil milhões de euros para<br />

a sua transformação digital. Com a criação<br />

de um novo sistema de procurement, todo<br />

feito online e da forma mais simples possível.<br />

É uma das razões do sucesso”<br />

Ricardo Reis<br />

Professor de economia, titular<br />

da cátedra A.W. Phillips, London<br />

School of Economics<br />

“Há um ano e meio, estava otimista, porque<br />

as mudanças que estávamos a ter no mundo<br />

têm sido benéficas para Portugal. Incluindo<br />

a pandemia. O país tem oportunidades, mas<br />

tem de saber agarrá-las. Estes benefícios têm<br />

de se concretizar e não vejo dinâmica para os<br />

aproveitar. Isso vem do Estado, mas também<br />

das mudanças na configuração do mercado<br />

internacional, que exigem foco”<br />

“A elevada carga fiscal é um obstáculo ao<br />

crescimento económico. Não há ferramenta<br />

mais poderosa de um estado para afetar<br />

a economia do que a fiscalidade. Altera o<br />

retorno de todas as atividades económicas.<br />

A estabilidade fiscal é muito importante,<br />

porque é impossível poder planear sem isso<br />

e Portugal não o tem conseguido oferecer.<br />

Espero que melhore”<br />

“Temos de ganhar escala, virada para o<br />

mercado externo, em empresas e talento.<br />

Este é o desafio, para darmos o salto seguinte.<br />

É um grande foco a ter nos próximos<br />

tempos. O sucesso do PRR dependerá muito<br />

da qualidade da sua aplicação e isso não<br />

se vê nos planos e números. Tudo depende<br />

da capacidade de acompanhar a execução,<br />

testar, experimentar, aprender com o<br />

que correu bem e mudar. Corrigir rapidamente<br />

a qualidade da afetação de recursos<br />

é muito importante”


36 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Pedro Siza Vieira,<br />

Presidente, 32° Congresso<br />

“Se Portugal, nas últimas duas décadas, foi<br />

um dos perdedores da globalização, está<br />

a registar exatamente o movimento inverso.<br />

Quer nas exportações, quer no investimento<br />

direto estrangeiro, onde tem batido<br />

recordes. Esta situação positiva já se reflete<br />

nas contas das empresas, em termos<br />

de autonomia. Estão menos endividadas,<br />

com mais capitais próprios e aumento de<br />

rentabilidade”<br />

“Há um conjunto de grandes mudanças<br />

que são uma oportunidade para Portugal.<br />

Temos de ver como as podemos concretizar,<br />

para não serem meramente circunstanciais,<br />

dando um salto muito positivo no<br />

nosso posicionamento internacional”<br />

“Precisamos mesmo é de escala. Crescemos<br />

muito em Portugal, já não nos limitamos a<br />

produzir barato, desenvolvemos produtos e<br />

processos e somos capazes de crescer e de<br />

nos tornarmos competitivos. Falta-nos os<br />

ganhos de escala e capacidade de ter uma<br />

relação direta com o consumidor, que são<br />

os grandes desafios estratégicos que Portugal<br />

tem pela frente”<br />

QUANTUM<br />

COMMUNICATION<br />

AND COMPUTING<br />

KNS: Armando Nolasco<br />

Pinto<br />

Professor Associado, Universidade<br />

de Aveiro; Investigador, Instituto de<br />

Telecomunicações<br />

“As tecnologias quânticas permitem-nos<br />

manipular estados quânticos e tentamos tirar<br />

partido das suas particularidades. A estranheza<br />

que temos face ao quântico resulta<br />

de não estarmos habituados a ele”<br />

“É altura de começarem a surgir coisas verdadeiramente<br />

disruptivas e é o que está,<br />

de facto, a acontecer. E que era expectável.<br />

Na parte das comunicações, seja para enviar<br />

mais informação, ou enviar informação<br />

de forma mais segura, temos a criptografia<br />

quântica. Na parte da computação, porque<br />

um computador quântico consegue resolver<br />

problemas que de outra forma seriam muito<br />

difíceis de resolver. Na simulação quântica.<br />

E na sensorização. É nestes quatro pilares<br />

que a teoria quântica tem evoluído e se tem<br />

expandido”<br />

“Em Aveiro, temos dois grandes projetos em<br />

que estamos a trabalhar. O Discretion, um<br />

projeto na área da defesa, que permite que<br />

o Estado tenha uma cifra nacional encriptada<br />

por máquinas com tecnologia nacional.<br />

E o PTQCI, que integra a redes de sistemas<br />

quânticos de proteção que estão a ser<br />

desenvolvidos pela UE”


Catarina Bastos<br />

Defence Account Manager, Deimos<br />

Engenharia<br />

“A ciência quântica evoluiu imenso nos últimos<br />

anos em Portugal. O que aconteceu<br />

foi uma trilogia de sucesso, com o aparecimento<br />

de três vertentes importantes: a<br />

indústria, que interagiu com a academia<br />

para começar a pôr no terreno e desenvolver<br />

estas tecnologias para serem utilizadas<br />

no âmbito da defesa ou das comunicações;<br />

e falando com o GNS”<br />

Manuel da Costa<br />

Honorato<br />

Sub-Diretor Geral, Gabinete Nacional<br />

de Segurança (GNS)<br />

“O GNS trata essencialmente da informação<br />

classificada, incluindo as soluções e os<br />

produtos para assegurar a segurança dessa<br />

informação. Entre os quais está a criptografia.<br />

Trabalhamos com todas as entidades<br />

públicas e privadas, sejam empresas,<br />

laboratórios e academia. Temos sempre<br />

este propósito de agregar”<br />

“Começou tudo com o Discretion, que é um<br />

projeto europeu pioneiro na área, baseado<br />

num programa para a inovação na indústria,<br />

na área da Defesa. Portugal apanhou<br />

este desafio, e com cinco companhias europeias,<br />

a Defesa e o GNS, estamos a desenvolver<br />

tecnologia que vai ter nós quânticos.<br />

O projeto é bastante longo e estamos neste<br />

momento na fase do design, de definir uma<br />

arquitetura de rede”<br />

“Na segurança da comunicação e informação<br />

segura, existem várias redes seguras,<br />

mas que são como que arquipélagos.<br />

Estão suportadas em tecnologia assumida<br />

por organizações internacionais, às quais<br />

pertencemos. Até agora, nunca tivemos capacidade<br />

para desenvolver uma solução<br />

criptográfica nacional. É isso que estamos<br />

a desenvolver, através destes dois projetos:<br />

Discretion e PTQCI”<br />

“Temos desafios de certificação e estandardização<br />

dos projetos, já que existe muito<br />

pouco feito, mesmo a nível europeu. A<br />

NATO tem algum trabalho feito, mas devemos<br />

compreender que standards devem<br />

ser implementados para que mais tarde todas<br />

as redes nacionais sejam interoperáveis.<br />

A rede nacional estará concluída em<br />

2025, mas temos como objetivo continuar o<br />

desenvolvimento”<br />

“Portugal não deve estar dependente de<br />

soluções sobre as quais não controla o seu<br />

ciclo de vida, pois é uma vulnerabilidade à<br />

nossa soberania. Devemos ter uma solução<br />

criptográfica nacional e é o que estamos a<br />

fazer com o Discretion e o PTQCI. Permitemnos<br />

dar um passo enorme e faculta uma<br />

garantia importante. Esperamos durante<br />

2023 lançar a fase de industrialização, passando<br />

além da prototipagem”


38 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

NEW CYBERSECURITY<br />

OPPORTUNITIES & RISKS<br />

KNS: António Gameiro<br />

Marques<br />

Diretor-geral, Gabinete Nacional de<br />

Segurança (GNS)<br />

“A cibersegurança, tal como outras áreas,<br />

junta uma trilogia ganhadora: setor público,<br />

indústria e academia. Temos de apostar<br />

nela. Se no atual contexto do mundo real,<br />

o equilíbrio entre o físico e o virtual é ténue<br />

e se verificam ataques a dois dígitos, o que<br />

poderá vir a acontecer no futuro, com a implementação<br />

sucessiva de tecnologias disruptivas<br />

na nossa vida? Há muitas questões<br />

por responder”<br />

“O problema do talento é de dificil resolução<br />

e poderá, no futuro, ter consequências<br />

estratégicas, com a progressiva redução de<br />

funções essenciais do Estado, incluindo as<br />

de identidade soberana, que podem ficar<br />

nas mãos de empresas cuja estrutura acionista<br />

não controlamos. Isso é algo em que<br />

temos de refletir. É a minha posição, como<br />

convicto defensor das democracias liberais”<br />

“Quando cooperamos é poderoso, em prol<br />

da modernidade, da segurança coletiva. É<br />

absolutamente ganhador. Ter o compromisso<br />

das lideranças é também essencial,<br />

pois sem ele não conseguimos fazer nada.<br />

Tal como capacitar coletivamente, para superar<br />

adversidades, o que implica o empenho<br />

de todas as organizações e pessoas.<br />

Isto representa o nosso maior desafio”<br />

Carla Zibreira<br />

Digital Trust Business Unit Director,<br />

Axians<br />

“Em termos de cibersegurança, ainda há<br />

a ideia nas empresas de que é um custo<br />

e não um investimento. O que traz muito<br />

para cima da mesa a dificuldade de justificar<br />

o investimento que tem de ser feito, sem<br />

ter o respetivo retorno. Tem de se explicar a<br />

quem decide nas organizações, no sentido<br />

de perceber o impacto que estes ataques<br />

podem ter no negócio”<br />

“Há um fator que influencia diretamente o<br />

custo da segurança: as pessoas. Há falta de<br />

capacidade e talento nesta área. Também<br />

as vamos buscar ao IT e roubamos pessoas,<br />

o que se traduz num aumento dos valores<br />

dos salários. A tecnologia de per si não resolve<br />

nada, precisamos de pessoas com massa<br />

cinzenta por detrás. Mas é um negócio em<br />

crescimento. Há aqui uma oportunidade”<br />

“Temos de entender o minset de quem ataca,<br />

de ter sensibilidade ao risco e por isso<br />

temos piratas bons nas nossas equipas. Temos<br />

de ser malandros e o sucesso do que<br />

fazemos e das recomendações que damos<br />

aos nossos clientes está muito baseado na<br />

aproximação e conhecimento que adquirimos<br />

dessa forma”


Luís Antunes<br />

Professor Catedrático, Universidade<br />

do Porto<br />

Rui Shantilal<br />

Managing Partner, Devoteam Cyber<br />

Trust<br />

“A cibersegurança hoje tem uma importância<br />

muito grande porque nem a internet,<br />

nem os sistemas de informação, foram<br />

desenhados para serem seguros, mas para<br />

serem resilientes. Nunca esperámos um<br />

crescimento tão rápido e uma dependência<br />

tão rápida deste tipo de tecnologias. Quanto<br />

maior é a evolução, mais vulneráveis ficamos.<br />

Aqui, as academias têm uma grande<br />

responsabilidade”<br />

“Sempre houve uma grande pressão nas<br />

equipas de desenvolvimento para avançar<br />

com produtos, sem importar como. Na AP<br />

é claro que isso aconteceu. Mas o privado<br />

também não é exceção. Se houver problemas<br />

de segurança, resolve-se depois”<br />

“Um em cada cinco talentos no mercado<br />

nacional já trabalha do país para o exterior,<br />

pois são altamente atraentes para mercados<br />

onde o ordenado médio é mais alto. Ganham<br />

duas ou três vezes o ordenado que<br />

recebiam. Perante esta realidade, as empresas<br />

de TI e de cibesegurança ou se conseguem<br />

internacionalizar e começam a pagar<br />

valores iguais aos de lá fora, ou os seus<br />

clientes terão de pagar mais pelas soluções.<br />

E não vão querer. É um problema que tem<br />

de ser debatido”<br />

“Há outro elefante na sala: temos de pensar<br />

de forma estruturada em como conseguir<br />

dar benefícios fiscais para não perdermos o<br />

talento nacional. Esta é a realidade todos os<br />

dias em Portugal”<br />

“Os ataques resultam de um desafio intelectual,<br />

tudo começa aí. À data de hoje os<br />

grandes ataques são oportunistas. Algo se<br />

passou com algum recurso humano que<br />

fez alguma coisa mal. Gosto de avaliar o<br />

risco de fora, mas isso não é suficiente. Tem<br />

de se avaliar o risco de dentro. Porque, na<br />

maior parte das vezes, não estamos protegidos.<br />

Cibersegurança implica um conjunto<br />

de várias componentes”<br />

“Há uma parte dos cibertataques que ainda<br />

são oportunistas, mas há cada vez mais<br />

especializados em grandes empresas ou até<br />

setoriais. Sempre com o objetivo do lucro. Se<br />

os atacantes estão cada vez mais sofisticados<br />

e organizados, também teremos de estar.<br />

Neste momento o cibercrime continua a<br />

crescer e ainda vai à frente”


40 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

THE DISRUPTION<br />

POWER OF AI<br />

Microsoft ’s perspetive<br />

KNS: David Carmona<br />

General Manager Artificial Intelligence<br />

& Innovation, Microsoft<br />

“Para cada avanço em IA na última década,<br />

existiu um conjunto de tasks e especialistas<br />

focados numa componente do seu<br />

desenvolvimento. Mas hoje há um novo paradigma,<br />

em que o mesmo modelo consegue<br />

fazer diferentes tarefas em diferentes<br />

cenários, de forma consistente e sem alteração.<br />

Já não necessitamos de um conjunto<br />

de especialistas, ferramentas ou algoritmos<br />

especializadas”<br />

“A magnitude e o poder dos atuais modelos<br />

de IA é imensa. O que está por detrás<br />

deste novo paradigma é um novo conceito<br />

fundacional de modelo. Ao invés da abordagem<br />

tradicional de uma amostra de datasets,<br />

utilizamos o arquivo total para treinar<br />

estes modelos. Permite que utilizemos<br />

linguagem natural, sem necessidade de<br />

costumização, para dizermos ao modelo o<br />

que fazer”<br />

“Em termos de impacto do novo paradigma<br />

da IA nos negócios, com este novo modelo,<br />

o que podemos ter é a IA como uma plataforma.<br />

O poder por detrás disto, a escalabilidade<br />

em toda a organização, é enorme. A<br />

IA pode ser costumizada aos requisitos do<br />

negócio, transformando o conceito de information<br />

worker num intelligence worker,<br />

que se foca nos problemas que realmente<br />

interessam”<br />

Google ’s perspetive<br />

KNS: Pablo Carlier<br />

Head of Data Analytics & AI Iberia,<br />

Google<br />

“Transitámos de modelos específicos para<br />

cliente e modalidade, para uma forma de<br />

trabalhar muito mais semelhante à forma<br />

como o nosso cérebro funciona. Foi<br />

esta capacidade de associação que nos levou<br />

de modelos simples de pergunta e resposta<br />

para modelos de relacionamento, o<br />

que permitiu a criação de um sistema que,<br />

por exemplo, identifica uma pessoa numa<br />

imagem.”<br />

“As enormes capacidades que temos à nossa<br />

frente mostram-nos que evoluímos de<br />

modelos muito específicos e costumizados<br />

para cada task, para as capacidades<br />

de trabalhar de modo mais similar à forma<br />

como o cérebro funciona. Com a capacidade<br />

de perceber conceitos em todas as<br />

áreas, seja em texto, imagens, som, vídeo, o<br />

que se imaginar. Onde estará o limite para<br />

isto? Trazemos magia à nossa vida todos os<br />

dias”<br />

“O que vai acontecer no futuro? Temos de<br />

ser audazes e responsáveis na forma como<br />

exploramos novas soluções baseadas nestas<br />

aplicações. A inovação deve ser aberta,<br />

disponibilizada como modelos open source.<br />

E as pessoas serão responsáveis pelo crescimento<br />

destas soluções, pelo que se devem<br />

preparar para liderar com elas, maximizando<br />

as suas capacidades. Agora é o tempo<br />

para imaginarmos, sonharmos e construirmos<br />

estas experiências em conjunto”


ADVANCEMENTS IN<br />

AUTONOMOUS DRIVING<br />

KNS: Mark Roberts<br />

Principal Technologist Hybrid<br />

Intelligence, Capgemini Engineering<br />

“Estou envolvido no campo da IA há cerca<br />

de 25 anos. o que me dá uma perspetiva<br />

única do que se está a passar atualmente.<br />

Se nos últimos 10 anos se falou muito da<br />

condução autónoma, foi sempre dizendo<br />

que a IA estaria muito mais próxima do que<br />

realmente está. Ainda nos falta um longo<br />

caminho para uma total autonomia.”<br />

“Ainda não temos confiança nos sistemas,<br />

que nos dão razões para não confiar. O<br />

ponto central, de responder às necessidades,<br />

não é suficiente, porque o que se julga<br />

sempre é onde se falhou, o que correu mal.<br />

O que precisamos agora é de uma IA que<br />

seja confiável, que use modelos de contexto<br />

mais simples e que compreenda o mundo e<br />

como ele funciona. Só assim se poderá conduzir<br />

em segurança”<br />

“Confiar na IA será dificil. Estratégias baseadas<br />

apenas no treino e na experiência não<br />

vão ser bem-sucedidas, porque se pensará<br />

sempre no que corre mal. Haverá sempre<br />

alguma coisa. Não podemos saltar logo<br />

para a solução final, precisamos de mais<br />

trabalho e de ambientes controlados de<br />

teste. E a perceção coletiva é essencial, porque<br />

os carros autónomos trabalharão em<br />

conjunto e em colaboração. E finalmente,<br />

uma das coisas mais importantes é a regulação,<br />

porque cria confiança no utilizador”<br />

Paulo Fernandes,<br />

Presidente, Câmara Municipal<br />

do Fundão<br />

“Quando temos um desafio tão grande,<br />

todos temos um papel. Territórios como o<br />

Fundão, no interior do país, podem funcionar<br />

como espaço de teste e estar na linha<br />

da frente. Pode aproveitar-se o que temos<br />

e sermos uma interface em áreas tão relevantes<br />

como a gestão remota, o 5G e os softwares<br />

associados, as baterias, os parques<br />

inteligentes”<br />

“O Fundão foi o segundo lugar no país a<br />

criar um living lab, como modelo de um<br />

ecossistema digital. Mas reconheço que a<br />

questão de avançar com abordagens de<br />

conceitos mais reais de teste foi um fatorchave.<br />

O contexto real ajuda a despistar<br />

caminhos, o que é muito relevante para<br />

podermos ser eficazes. Foi assim que nos<br />

posicionámos na agenda da mobilidade”<br />

“Estamos envolvidos na agenda mobilizadora<br />

do Route 25, no âmbito do PRR, com<br />

várias demos a desenvolver a partir da região.<br />

Neste cluster que está a ser formatado<br />

no desenvolvimento da autonomia dos veículos,<br />

se pudermos beneficiar de algumas<br />

das vertentes, em termos de interface de<br />

forma mais permanente, é uma vantagem<br />

para a qual não podemos deixar de olhar”


42 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Rui Ribeiro<br />

Presidente, Autoridade Nacional<br />

de Segurança Rodoviária<br />

“Temos de nos habituar que as máquinas<br />

vão cometer erros e é natural que o façam.<br />

O que não é natural é que o façam mais do<br />

que uma vez e repetidamente. Devemos caminhar<br />

para que os veículos com cada vez<br />

mais automação não cometam as mesmas<br />

asneiras. Não se pode dizer o mesmo dos humanos,<br />

que repetem os erros”<br />

“Confiamos nos automatismos na parte da<br />

mecânica e nas ajudas à condução e estamos<br />

habituados a elas. Temos já muitas<br />

coisas automatizadas, mas existe sempre<br />

alguém por detrás que toma uma decisão<br />

quando algo não corre bem. O conceito de<br />

autónomo, com vida própria, está ainda<br />

longe. Mas cada vez mais temos ajudas automatizadas<br />

nas competências para conduzir<br />

um carro”<br />

“Temos uma missão clara do planeamento<br />

das políticas do Governo para a condução<br />

rodoviária. Neste momento, o que fazemos<br />

é estar em todos os fóruns internacionais,<br />

ir absorvendo e contribuindo para o tema<br />

dos veículos autónomos e automatizados.<br />

Continuamos a trabalhar em vários grupos<br />

neste âmbito. É altamente provável que<br />

Portugal não vá fabricar carros, mas pode<br />

ser perfeitamente um país para testes aos<br />

veículos autónomos”<br />

TELECOMMUNICATION<br />

INFRASTRUCTURES<br />

Pedro Rocha<br />

CEO, FastFiber<br />

“Disponibilizamos uma rede de fibra ótica<br />

para que os operadores possam disponibilizar<br />

redes de alta velocidade aos clientes.<br />

Temos uma rede passiva que se assume<br />

como a autoestrada por onde passam todas<br />

as comunicações. Somos o maior operador<br />

de fibra e tivemos de aumentar a<br />

rede. Queremos ser o operador de referência<br />

para todos os operadores de telecomunicações.<br />

Somos equidistantes em relação<br />

a todos”<br />

“Estamos muito bem, com mais de 92% de<br />

cobertura. A Alemanha, França ou EUA têm<br />

taxas muito inferiores à nossa. Mas existem<br />

áreas brancas onde é necessário maior investimento,<br />

criando-se mais redes de fibra<br />

para assegurar conectividade. Estas infraestruturas<br />

devem servir os operadores<br />

que queiram investir em Portugal, que têm<br />

exigências muito elevadas”<br />

“A alienação das infraestruturas por parte<br />

dos operadores teve que ver com a monetização<br />

dos ativos que tinham nessa área.<br />

Assim como com a possibilidade de encontrarem<br />

parceiros para essa área e com a<br />

capacidade de investirem no seu real core,<br />

que são os serviços. Passaram a ter as redes<br />

ubíquas, que empresas como a nossa<br />

asseguram”


José Rivera<br />

CTO, Vantage Towers<br />

Nuno Carvalhosa<br />

CEO, Cellnex Portugal<br />

“No contexto do nosso negócio, as torres de<br />

telecomunicações, os nossos clientes querem<br />

ter fibra. O que temos estado a fazer é<br />

chegar a acordo com todos os fornecedores<br />

de fibra para chegarem aos nossos sites. Já<br />

são mais de 80%. E estamos dispostos a investir<br />

na parte do last mile, achamos que<br />

deter redes de fibra não é, neste momento,<br />

o foco do nosso negócio. Mas ligar as torres<br />

a essas redes de fibra é. É onde estamos a<br />

investir”<br />

“As infraestruturas são críticas para todos<br />

os países e são mais valorizadas por isso.<br />

Portugal está bem capacitado. Existe uma<br />

necessidade cada vez maior de conetividade,<br />

para suportar todas as tecnologias,<br />

como a IA. E toda a parte de IA aplicada à<br />

inteligência do nosso negócio está em explosão,<br />

o que é também uma vantagem<br />

para o nosso core business”<br />

“Com a cisão, colocámos todo o nosso negócio<br />

ao serviço de quem o quiser usar. Estando<br />

associados a um negócio, não era<br />

bem assim. Neste momento, o objetivo é ter<br />

o máximo de eficiência possível, o que vai<br />

ajudar muito o ecossistema. Trazendo eficiências,<br />

vai libertar dinheiro para outros<br />

investimentos, o que é relevante. Estamos<br />

ainda numa fase jovem na Europa, mas<br />

trará benefícios”<br />

“2022 foi um ano de grande atividade e<br />

imensos desafios, porque houve uma confluência<br />

muito grande de pedidos de novas<br />

tecnologias nas nossas infraestruturas.<br />

Conseguimos contribuir, de forma relevante,<br />

para ajudar os nossos clientes nos seus<br />

projetos de crescimento, em particular na<br />

introdução muito acelerada do 5G”<br />

“Gerimos, em Portugal, mais de 6 mil infraestruturas<br />

de vários tipos e tivemos, num<br />

curto-espaço de tempo, de adaptar, reforçar<br />

e substituir várias, para estarem aptas e<br />

em segurança. Interviemos em mais de três<br />

mil e fizemos o esforço de sincronizar tudo<br />

isto, as nossas equipas internas e o ecossistema<br />

de vários parceiros, para dar uma resposta<br />

em grande volume e em muito pouco<br />

tempo”<br />

“Para smart cities e países inteligentes,<br />

é importante instalar infraestruturas em<br />

todo o país, que garantam boa cobertura<br />

de rede móvel. Estas infraestruturas servem<br />

também para suportar equipamentos dos<br />

mais diferentes tipos, como serviços de comunicações<br />

móveis dos diversos operadores,<br />

mas também possibilidades como IoT.<br />

Passamos a cobrir mais de 450 localidades<br />

nos últimos três anos, que têm agora ótima<br />

cobertura de serviço móvel, algumas mesmo<br />

em 5G”


44 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

THE STATE OF THE<br />

NATION OF<br />

COMMUNICATIONS<br />

Luís Lopes<br />

CEO, Vodafone Portugal<br />

“A nossa indústria na Europa está fragmentada<br />

e os operadores têm uma subescala<br />

que tem de ser endereçada. Temos perto de<br />

100 operadores e 600 MVNO. Há cinco vezes<br />

menos operadores e menos de metade<br />

dos MVNO em países como os EUA. O resultado<br />

prático desta fragmentação é que<br />

os investidores das telcos na Europa não<br />

olham para ele com especial apetite. É uma<br />

realidade”<br />

“O negócio que foi proposto e que está sob<br />

apreciação da AdC, de compra da Nowo<br />

pela Vodafone, tem como racional estratégico<br />

uma oportunidade de acelerar investimentos<br />

na Nowo, que tem uma rede<br />

de cabo já bastante desatualizada. Com<br />

mais vantagens para os clientes. Estamos<br />

há 30 anos no país e com uma visão de<br />

longo-prazo”<br />

“Há seis empresas, todas baseadas nos<br />

EUA, responsáveis por 50% de todo o tráfego<br />

que circula nas redes nacionais de telecomunicações.<br />

É um tráfego que vai exigir<br />

ainda mais investimentos em 5G e em capacidade<br />

e aqueles utilizadores da infraestrutura<br />

não pagam nada por usá-la. Este é<br />

um grande debate para a indústria, porque<br />

esta também deveria contribuir para a rentabilização<br />

do investimento. É urgente que<br />

se tome uma decisão nesta matéria”<br />

Miguel Almeida<br />

CEO, NOS SGPS<br />

“É evidente que o regulador tem uma narrativa<br />

que construiu com base em não factos<br />

e falácias, para levar a cabo uma agenda<br />

que é pessoal e ideológica. Todos sabemos<br />

isso. Era impossível levar a efeito essa agenda<br />

sem construir essa narrativa falsa, nomeadamente<br />

a dos preços. A concorrência<br />

do mercado faz-se por tudo. Há investimento,<br />

há serviços de nova geração, existe disponibilidade<br />

e há penetração e subscrição<br />

de serviços”<br />

“A explicação das motivações de entrada<br />

de novos operadores é de criação de valor<br />

económico para quem faz essa jogada. Em<br />

Portugal não há espaço para mais do que<br />

três operadores. Basta olhar para o resto do<br />

mundo e para a Europa. Porque só isso permite<br />

investimento e concorrência. Quem faz<br />

uma jogada entra, destrói e faz confusão,<br />

sai e ganha com isso. A curto-prazo, pode<br />

traduzir-se em preços mais baixos, porque<br />

é essencial para quem tem zero de quota.<br />

Mas deveremos ter visão de curto-prazo<br />

imediata, ou de médio e longo-prazo?”<br />

“Espero que o novo regulador tenha um<br />

perfil que convide ao diálogo. Historicamente<br />

esse diálogo produziu resultados,<br />

mas perdeu-se nos últimos seis anos. Espero<br />

que exista uma consciência do que é<br />

a missão da Anacom, sendo, quiçá, a mais<br />

importante, a de assegurar um ambiente<br />

concorrencial e sustentável nas telecomunicações.<br />

Que tem sido completamente<br />

ignorado”


CLOSING SESSION<br />

Ana Figueiredo<br />

CEO, Altice Portugal<br />

“Sempre dissemos que no futuro íamos assistir<br />

a mais movimentos de consolidações.<br />

Por isso não nos espanta esse movimento,<br />

seja em Portugal, seja na Europa. Somos<br />

um investidor de longo-prazo, estamos satisfeitos<br />

com a operação em Portugal. Temos<br />

crescimentos de receitas a dois dígitos.<br />

Estamos satisfeitos com o que temos feito<br />

e a nossa estratégia tem provado que é<br />

bem-sucedida”<br />

“Precisamos de previsibilidade e estabilidade<br />

regulatória para investir, porque o retorno<br />

é obtido a longo-prazo. O ambiente regulatório<br />

tem de nos ajudar, porque para<br />

rentabilizarmos o 5G como indústria, vamos<br />

ter de operar em parceira. Criando plataformas<br />

e utilizações. A abertura do ponto<br />

de vista regulatório tem de existir. Temos de<br />

saber como monetizar em cima do 5G. Este<br />

é um caminho que vai ser feito”<br />

“Nas big tech, a discussão está a ser feita<br />

a nível europeu. Não queremos que se<br />

transforme num imposto nem num financiamento<br />

público. Deve haver um diálogo,<br />

uma negociação, entre os operadores tecnológicos<br />

e os operadores de telecomunicações.<br />

Existe um desequilíbrio muito grande,<br />

de 1 para 10. O nosso nível e a nossa pressão<br />

regulatória é muito superior. Temos inúmeros<br />

deveres em todas as áreas que se traduz<br />

em mais investimento e maior estrutura de<br />

custos. Não queremos planos inclinados”<br />

João Galamba<br />

Ministro das Infraestruturas<br />

“É necessário o esforço coletivo de todos os<br />

atores do setor, a quem endereço desde já<br />

o meu apreço pelo importante contributo<br />

que deram ao setor e pelos benefícios que<br />

têm trazido a todos os portugueses. É necessário<br />

também um diálogo aberto entre<br />

regulador e regulados e entre estes e o governo.<br />

E é necessária uma separação adequada<br />

entre as políticas públicas que devem<br />

ser promovidas e prosseguidas pelo<br />

governo e as medidas regulatórias que cabem<br />

à Anacom”<br />

“Para o futuro, espero um setor onde haja<br />

lugar à crítica e ao diálogo construtivos, ao<br />

respeito institucional, à procura equilibrada<br />

de soluções para o desenvolvimento do setor<br />

e para a defesa dos consumidores, procurando<br />

sinergias e melhorando processos<br />

produtivos”<br />

“É nestas linhas que se deve desenhar e<br />

executar a política de comunicações de<br />

que o país necessita, com o envolvimento<br />

de operadores, autarquias e com o papel<br />

importante do regulador como fator de estabilidade<br />

do setor”


46 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Um encontro<br />

repleto de iniciativas<br />

Mais de 700 pessoas estiveram presencialmente na edição<br />

de 2023 do congresso da APDC, reforçando-se desta forma a<br />

componente física, que decorreu no auditório da Faculdade de<br />

Medicina Dentária de Lisboa. O evento permitiu a intensificação<br />

do networking e da troca de ideias entre todos os participantes,<br />

assim como a criação de um espaço lounge verdadeiramente<br />

inovador, onde decorreram múltiplas iniciativas. Para quem<br />

esteve online, a aposta voltou a centrar-se na gamificação e nos<br />

stands virtuais.


Lounge: Um espaço diferenciador<br />

e multifacetado<br />

A zona lounge do congresso acolheu um conjunto de marcas<br />

que se puderam posicionar de uma forma diferenciadora,<br />

proporcionando em paralelo um espaço acolhedor e versátil<br />

para todos os participantes. Do reforço da presença dos patrocinadores<br />

do evento, aos stands físicos, passando pelas live<br />

talks, gravadas num espaço específico, o Tech Garden – que<br />

captou a atenção de todos os presentes – onde foram realizadas<br />

várias apresentações. O contact scanner foi uma novidade,<br />

através da qual todos os interessados puderam digitalizar<br />

os QR codes dos badges, para ficar com os contactos digitais<br />

dos participantes.<br />

Reiterando a aposta nas live talks, conversas curtas entre<br />

executivos de tecnologia para refletir e trocar ideias sobre<br />

temas que marcam o setor, num formato exclusivo para<br />

os patrocinadores anuais, a APDC registou este ano um<br />

reforço destas iniciativas. Vários líderes das mais relevantes<br />

empresas tecnológicas nacionais aceitaram o desafio<br />

e convidaram clientes sobre os mais variados temas. Altice,<br />

Capgemini, Deloitte, DXC, Inetum, Minsait, Nokia, NTT Data,<br />

SAS, Vantage Towers e Vodafone foram as empresas que gravaram<br />

conversas no espaço criado para o efeito no lounge do congresso.<br />

Estas live talks estão já disponibilizadas num ciclo de Dot<br />

Topics especial, disponível no canal APDC no YouTube e Spotify.


48 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Na lista destas conversas curtas estão os<br />

seguintes temas e empresas:<br />

• Metaverso – Um caso prático | Altice<br />

convida Instintc to Innovate;<br />

• Veículos Autónomos: qual o enquadramento<br />

regulatório para a introdução da<br />

tecnologia em segurança? | Capgemini<br />

Engineering convida ANSR;<br />

• A transformação digital nos operadores<br />

de telecomunicações | Deloitte convida<br />

NOS;<br />

• O papel da Fundação Francisco Manuel<br />

dos Santos na sociedade | DXC Technology<br />

convida FFMS;<br />

• O papel da data science para a sustentabilidade<br />

e qualidade dos processos fabris<br />

| Inetum convida Grupo Renault;<br />

• Um clube desportivo de referência em<br />

inovação | Minsait convida SLB;


• Universidades portuguesas ligadas em rede |<br />

Nokia convida FCCN;<br />

• Metaverse for Brands | NTT Data Portugal;<br />

• (R)Evolução dos dados territoriais na Direcção-<br />

Geral do Território | SAS convida DGT;<br />

• Como as towercos estão a acelerar a expansão<br />

do 5G | Vantage Towers convida Altice;<br />

• Vodafone Boost Lab | Vodafone convida Capgemini<br />

e Ericsson<br />

Já no espaço do Tech Garden decorreram várias apresentações.<br />

Foi o caso da Zharta.io, que apostou num<br />

debate sobre “real-time loans backed by NFT Collateral”<br />

ou da iniciativa Apps For Good, do CDI Portugal,<br />

um projeto entre os WSA Winners nacionais. A<br />

The Newsroom.ai apresentou o tema “The Newsroom<br />

- fight misinformation. Promote plurality online”, enquanto<br />

a Wakaru apresentou o projeto “Water wise


50 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

system -disrupção com o water wise? Se<br />

chove amanhã, está tudo bem!”.<br />

Altice, Axians, Cellnex, FastFiber, NOS,<br />

NTT Data, Vantage Towers e Vodafone foram<br />

max sponsers do <strong>32º</strong> Digital Business<br />

Congress, enquanto a .PT foi plus sponsor<br />

e a Capgemini, Experis, Labsit e Minsait<br />

sponsors. Já a Hispasat e a Technetix foram<br />

XS sponsors, enquanto a RTP voltou a<br />

ser media partner, assegurando a produção<br />

do evento em formato de programa<br />

de televisão. Next IT | Winprovit, Innowave<br />

e ISEG apostaram em stands presenciais<br />

no espaço do lounge, onde disponibilizaram<br />

as suas respetivas ofertas.•


52 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Múltiplas funcionalidades<br />

no acesso online<br />

Para os mais de nove mil participantes online desta<br />

edição do congresso, que acederam através da<br />

plataforma do congresso (web e mobile), via<br />

streaming no website APDC, no YouTube APDC<br />

ou através do acesso no Tek Sapo, os dois dias do<br />

evento decorreram em formato<br />

de programa de televisão.<br />

Para quem fez download da aplicação<br />

do <strong>32º</strong> Digital Business<br />

Congress, que voltou a ser disponibilizada<br />

para iOS e Android<br />

a todos os participantes já registados,<br />

puderam ter acesso a<br />

um vasto conjunto de funcionalidades.<br />

Incluindo o programa<br />

e oradores, com a possibilidade<br />

de pesquisar e filtrar; avaliação<br />

das sessões; transmissão em direto<br />

do evento; acesso aos patrocinadores e expositores;<br />

agenda pessoal personalizável; materiais para<br />

download; pesquisa; e páginas de informação com<br />

muitos conteúdos. Tiveram ainda oportunidades de<br />

networking, já que a app deu acesso à lista de participantes,<br />

que podiam trocar mensagens entre si.<br />

A APDC voltou a apostar também na gamification<br />

no âmbito do congresso, para todos os que quiseram<br />

intensificar a sua participação através das<br />

várias modalidades de interação: Photographer,<br />

Movie Director, Communicator, Evaluator, Popular<br />

ou o Traveler. Os vencedores foram Luís Pera, Sofia<br />

Santos e Ana Rogeiro. Receberam, respetivamente,<br />

os seguintes prémios: teclado e rato premium sem<br />

fios, Dell Technologies; curso intensivo de Marketing<br />

Digital & Inovação, Lisbon Digital<br />

School; um mês de office space<br />

na LISPOLIS, com acesso a uma<br />

comunidade de 130 empresas.<br />

Destaque ainda para uma sessão<br />

paralela que decorreu online, sobre<br />

o tema “From Portugal to the<br />

Metaverse”. Piero Fioretti (Versy),<br />

Bernardo Azevedo (RealFevr)<br />

e Mário Mar (BPI) participaram<br />

num debate moderado por João<br />

Mesquita (Computerworld). Está<br />

disponível no YouTube da APDC,<br />

em https://www.youtube.com/watch?v=rcRV8x4lOxs&list=PLB0zVkqv-8UEjiAE8LV0J5VfrLmkb-GAx&index=14<br />

Apostaram em stands online nesta edição do congresso<br />

a Altice, Axians, Cisco, Deloitte, Devoteam,<br />

DXC, Ericsson, Inetum, Kyndryl, Nokia, NTT Data, .PT,<br />

SAS e Vantage Towers.•


UPSKILL: criar Rede Alumni<br />

para ajudar e acelerar<br />

As empresas tech procuram talento tecnológico, cada vez mais dificil de encontrar.<br />

O Programa UPskill – Digital Skills & Jobs permite a todas as pessoas mudar<br />

de vida, enveredando por uma carreira tech e uma nova profissão nas empresas<br />

que procuram estes recursos. Este foi o ‘match perfeito’ entre oferta e procura,<br />

num programa pioneiro que já formou 1.200 pessoas nas suas duas primeiras<br />

edições, estando a decorrer atualmente a 3ª edição. Agora, acaba de ser<br />

lançada, numa apresentação que decorreu no Congresso, a “Rede Alumni<br />

UPskill”. Objetivo: juntar um grupo de formandos para trocar experiências<br />

para ajudar os candidatos e as empresas, permitindo intensificar e acelerar<br />

o projeto.<br />

Como destacou Manuel Garcia, coordenador nacional do programa, a necessidade<br />

de requalificação profissional é hoje muito grande, perante a perda de<br />

postos de trabalho, provocada pela crescente automatização e utilização de<br />

ferramentas tecnológicas. Tendo em conta que o UPskill já provou “que é possível<br />

unir esforços no país e criar um projeto de sucesso de requalificação”, é agora<br />

necessário replicar este desafio, atraindo mais pessoas. Até porque mais de<br />

18% dos indivíduos com menos de 25 anos estão desempregados, o que não faz<br />

sentido. “Temos de trabalhar todos para corrigir este problema”, considerou, trazendo-se<br />

mais gente “para um setor cheio de oportunidade e onde se alcançam<br />

objetivos para a vida”.<br />

A comissão organizadora da “Rede Alumni UPskill” é composta por cinco<br />

profissionais que participaram nas edições anteriores do programa: Laís<br />

Gray, André Santos, Filipe Valente, Pedro Vaz e Paula Veloso. Todos consideram<br />

que o programa foi uma rampa de lançamento para uma mudança<br />

de profissão para as tecnologias digitais, pelo que querem agora<br />

criar uma rede de ajuda, partilha de conhecimentos e experiências,<br />

assumindo-se ainda como “embaixador e uma prova viva do sucesso<br />

do UPskill”. Reveja sessão de lançamento em https://www.youtube.com/<br />

watch?v=-3YKh1opCQc&list=PLB0zVkqv-8UEjiAE8LV0J5VfrLmkb-GAx&index=15.•


54 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Reconhecer projetos pioneiros assentes em tecnologia<br />

Numa award ceremony que decorreu no final do primeiro<br />

dia do congresso da APDC, foram conhecidos<br />

os vencedores da 2ª edição do Prémio Cidades & Territórios<br />

do Futuro. Esta iniciativa da APDC tem como<br />

objetivo reconhecer projetos pioneiros, assentes em<br />

soluções tecnológicas, que transformem as cidades<br />

em espaços mais habitáveis, sustentáveis e economicamente<br />

viáveis. Todos os projetos, ideias e estratégias<br />

candidatos têm o apoio de inovações tecnológicas,<br />

que promovem a otimização dos recursos e<br />

um planeamento, entrega e controlo dos serviços urbanos<br />

mais inovador e eficaz, por forma a potenciar<br />

a sustentabilidade da economia, da sociedade e do<br />

ambiente.<br />

Um júri que integrou mais de 40 personalidades,<br />

constituído por representantes de empresas e organizações,<br />

com conhecimento específico nas categorias<br />

a concurso, elegeu como vencedores, por cada<br />

categoria a concurso:<br />

‘Saúde e Bem-estar’<br />

LISBOA 65+ |Trata-se de um plano de saúde gratuito<br />

para idosos, projeto onde foi desenvolvida<br />

uma plataforma de suporte, que facilita o acesso<br />

à saúde e contribui para a prevenção das doenças.<br />

Abrange todos os munícipes residentes e recenseados<br />

em Lisboa, com 65 anos ou mais, acrescentando<br />

uma componente complementar para os munícipes<br />

mais vulneráveis, os beneficiários do complemento<br />

solidário para idosos (CSI). O plano disponibiliza três<br />

serviços: teleconsultas de medicina geral e familiar;<br />

assistência médica ao domicílio em caso de necessidade;<br />

transporte em ambulância, se o médico ao domicílio<br />

determinar essa necessidade. Promotor: Câmara<br />

Municipal de Lisboa<br />

‘Igualdade e Inclusão’ e ‘Qualificações’<br />

AS RAPARIGAS DO CÓDIGO | Organização sem<br />

fins lucrativos focada em promover a inclusão digital<br />

e a igualdade de género, através do ensino<br />

da programação a mulheres e raparigas em idade<br />

escolar. Este projeto tem como principais objetivos<br />

desmistificar o papel da mulher na tecnologia,<br />

encorajando a experimentação nas áreas STEM e a<br />

escolher um percurso profissional no setor. Visa ainda<br />

apoiar e capacitar mulheres que procuram programas<br />

de qualificação, requalificação ou desenvolvimento<br />

de projetos pessoais de empreendedorismo.<br />

Promotor: Associação Geração Ambiciosa<br />

‘Mobilidade e Logística’<br />

KIOSK GUERIN | Projeto destinado a revolucionar<br />

a jornada do cliente do rent-a-car. Tradicionalmente,<br />

os clientes experienciam um processo mais lento<br />

e menos user-friendly. Com este quiosque, o processo<br />

torna-se mais autónomo: os clientes podem atualizar<br />

os seus dados pessoais e ter acesso a serviços e<br />

promoções e terminar o processo de aluguer da viatura,<br />

fazendo o check out autonomamente. Promotor:<br />

Guerin Rent-a-Car.<br />

Menção honrosa: DEEPNEURONIC | Sistema de deteção<br />

e reconhecimento automático de eventos<br />

perigosos e comportamentos humanos anormais<br />

para a segurança e proteção pública. Objetivo é<br />

aumentar a sustentabilidade dos sistemas de videovigilância,<br />

diminuindo os elevados recursos necessários,<br />

através de algoritmos de visão computacional no<br />

processamento de vídeos em tempo real. Promotores:<br />

Vasco Ferrinho Lopes e Bruno Manuel Degardin,<br />

co-fundadores da DeepNeuronic.


Todos os projetos candidatos<br />

tiveram o apoio de inovações<br />

tecnológicas que promovem a<br />

otimização de recursos<br />

‘Relacionamento com o Cidadão e Participação’<br />

MOBICAB FLEXÍVEL |Integra-se num projeto piloto<br />

de mobilidade sustentável, inclusão e cidadania<br />

do município de Castelo Branco, disponibilizando<br />

uma rede de transportes que permite<br />

acabar com o isolamento social em que a população<br />

mais vulnerável se encontra. Em articulação<br />

com os operadores locais (taxistas), criou-se uma<br />

rede de transporte a pedido, cujas rotas são geridas<br />

de forma centralizada. Trata-se de um projeto inclusivo,<br />

que promove a igualdade, é amigo do ambiente e<br />

dinamizador da economia local. Promotor: Município<br />

de Castelo Branco<br />

‘Desenvolvimento Económico’<br />

PLATAFORMA DE GESTÃO INTELIGENTE DE LIS-<br />

BOA | Solução tecnológica com alta capacidade<br />

de processamento, que permite a monitorização,<br />

gestão operacional e realização de analítica sobre<br />

os dados gerados por todo o ecossistema urbano.<br />

É capaz de receber e tratar um grande volume de<br />

dados, muitos deles em tempo real, com origem em<br />

câmaras de vídeo, sensores, sistemas de informação<br />

da CML e de parceiros externos. Permite depois a disponibilização<br />

de alarmística e informação de apoio à<br />

decisão a um vasto conjunto de utilizadores internos<br />

e ao cidadão, através do Portal de Dados Abertos de<br />

Lisboa e da app Lisboa.24. Promotor: Câmara Municipal<br />

de Lisboa<br />

Menção honrosa: OBSERVATÓRIO DO TALENTO<br />

| Plataforma digital de informação que permite<br />

recolher, gerir e divulgar informação estratégica<br />

sobre o mercado de trabalho (oferta e procura) e<br />

competências. Explora ainda questões relacionadas,<br />

como salários e condições de emprego. Com recurso<br />

a múltiplas fontes e ferramentas de recolha de dados,<br />

como estatísticas oficiais, estudos e web scraping, é<br />

dirigida a empresas, talento e instituições de ensino/<br />

formação. Promotor: Câmara Municipal do Porto<br />

‘Sustentabilidade, Economia Circular e<br />

Descarbonização’<br />

RECOLHA SELETIVA DE BIORRESÍDUOS EM CAS-<br />

CAIS | Projeto de separação de restos de comida<br />

para produção de energia elétrica e composto orgânico.<br />

Os munícipes abrangidos (10.000 famílias)<br />

recebem gratuitamente um rolo de sacos verdes,<br />

que usam para descartar os restos de comida, colocando-o<br />

diretamente no contentor dos resíduos indiferenciados<br />

(cinzento), para garantir a sua separação<br />

do “lixo comum”. Os sacos verdes, recolhidos juntamente<br />

com os restantes resíduos indiferenciados, são<br />

triados através de um leitor ótico na unidade de tratamento<br />

de resíduos e encaminhados para outro processo,<br />

que originará o biogás e o composto. Promotor:<br />

Cascais Ambiente.<br />

Menção honrosa: COMSOLVE - Comunidade de<br />

energia Solar com integração de Veículos Elétricos<br />

| Projeto de desenvolvimento de soluções de<br />

gestão para comunidades de energia renovável<br />

(CER), com integração de veículos elétricos e sistemas<br />

de armazenamento de energia com base<br />

em baterias de segunda vida. Inclui a produção<br />

descentralizada de eletricidade a partir de painéis<br />

fotovoltaicos e a partilha da energia produzida, permitindo<br />

estabelecer um mercado interno de energia<br />

entre os membros da comunidade. Promotores: Digitalmente<br />

Coopérnico, Instituto de Telecomunicações<br />

Magnum Cap - Câmara Municipal de Ílhavo.<br />

Saiba mais em: https://premiocidades-apdc.pt/ •


56 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Premiar trabalho do talento<br />

jovem qualificado<br />

A Best Thesis Award Ceremony, realizada no 2º dia<br />

do congresso da APDC, deu a conhecer os vencedores<br />

da 3ª edição dos Best Thesis Award. Esta iniciativa<br />

criada pela associação, com o apoio do CEE<br />

- Consórcio das Escolas de Engenharia, abrangeu<br />

este ano os jovens finalistas de mestrado das academias<br />

aderentes ao Programa UPskill. A Axians<br />

Portugal voltou a patrocinar o prémio, que se destina<br />

a distinguir as melhores dissertações de mestrado<br />

nas áreas de tecnologias de informação, telecomunicações<br />

e media.<br />

Os vencedores foram, por categoria:<br />

• TI | Vladyslav Mosiichuk, mestrado em Engenharia<br />

Electrotécnica e de Computadores do Instituto Politécnico<br />

do Porto (Instituto Superior de Engenharia<br />

do Porto | ISEP), com a dissertação “Deep Learning<br />

for Automated Adequacy Assessment of Cervical<br />

Cytology Samples”;<br />

• Telecomunicações | Pedro Miguel Nicolau Escaleira,<br />

mestrado em Cibersegurança da Universidade<br />

de Aveiro, com a dissertação “Securing Real World<br />

5G MEC Deployments”;<br />

• Media | Beatriz Almeida Miranda, mestrado em<br />

Multimédia, Faculdade de Engenharia da Universidade<br />

do Porto, com a dissertação “Immersive VR<br />

eHealth Strategies: VR games to treat schizophrenia<br />

negative symptoms”.•


Paulo Portas é o novo sócio honorário APDC<br />

Todos os anos, no âmbito do congresso, a APDC destaca uma personalidade – que em<br />

regra foi presidente de uma das edições anteriores do congresso – para distinguir como<br />

associado honorário, pelo relevante contributo prestado na divulgação e desenvolvimento<br />

das TIC. Este ano, foi homenageado Paulo Portas, presidente do congresso de<br />

2022.<br />

“A APDC tem memória e queremos distinguir e agradecer, de forma simbólica, às pessoas<br />

que nos ajudaram a construir as realidades do setor. Por isso, a presidência do congresso<br />

é importante, porque é uma personalidade externa e prestigiada, com contribuições<br />

de grande valor para o evento”, como referiu o presidente da associação.<br />

“Foi um enorme prazer trabalhar, na incerteza, com a equipa do congresso do ano passado,<br />

que foi o primeiro mais presencial, além do remoto. O setor está no coração do que<br />

vai ser a economia e quem quiser<br />

lá estar tem que pedalar e ser competitivo para a economia do futuro. É certamente no<br />

domínio do digital que vão acontecer as coisas mais interessantes e também as questões<br />

geoestratégicas e éticas mais importantes”, comentou Paulo Portas.•<br />

REVEJA LOOK & FEEL DOS DOIS DIAS DO <strong>CONGRESS</strong>O<br />

9 MAIO https://www.youtube.com/watch?v=X2cwv8DICCw<br />

10 MAIO https://www.youtube.com/watch?v=eI-r1Iy9OMk<br />

BEST OF https://www.youtube.com/watch?v=o1uzUJY9CZU


58 <strong>32º</strong> Digital Business Congress<br />

Jantar de lançamento<br />

do Congresso reúne<br />

ecossistema e oradores<br />

Antecipando a realização do <strong>32º</strong> Digital Business<br />

Congress, a APDC realizou a 4 de<br />

maio, no restaurante Eleven, o jantar de lançamento<br />

do maior evento anual da APDC,<br />

que marca a agenda do setor e do país. Reuniu<br />

oradores, convidados, líderes das associadas<br />

institucionais e membros da direção<br />

num momento de partilha sobre os objetivos<br />

que se pretendiam alcançar com a iniciativa,<br />

num momento decisivo para o futuro<br />

do país, da Europa e até do mundo. •


Veja o vídeo do evento aqui<br />

English version<br />

MAX Sponsors<br />

PLUS Sponsor<br />

Sponsors<br />

XS Sponsors<br />

Media Partner<br />

Patrocinadores Silver<br />

Parceiros p/ Talento<br />

Patrocinadores Bronze<br />

Parceiros<br />

AXIANS | CISCO | DELOITTE | GOOGLE | HP | HPE | IBM | INE TUM<br />

KYNDRYL | MICROSOFT | MINSAIT | SAS | SAP VANTAGE | TOWERS<br />

CIRCLE | MP RELATIONS<br />

VIATECLA | VdA<br />

digital business<br />

community<br />

O UPDATE tem como objectivo disponibilizar informação estruturada sobre cada uma das iniciativas promovidas pela APDC. Pretende-se<br />

facilitar, a todos os interessados, um arquivo com os conteúdos mais relevantes de cada evento, que poderá ser consultado em www.apdc.pt

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