Revista Girolando edição 129 jan/fev/mar 2022
Tudo sobre a pecuária leiteira e a raça Girolando
Tudo sobre a pecuária leiteira e a raça Girolando
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POINTIMAGENS
Produtor rural deve buscar mais possibilidades
de acesso ao capital.
sos que o governo havia reservado no
orçamento federal para fazer a equalização
das taxas pagas aos agentes
financeiros que concederam créditos
subsidiados, previstos no Plano Safra,
aos produtores rurais. Por conta disso,
o Tesouro Nacional determinou a
suspensão temporária, em fevereiro,
da concessão de novos créditos.
Não se trata de um fato inédito.
No ano passado, houve movimento
semelhante do Tesouro, que também
suspendeu os subsídios por não ter
recursos para bancar a diferença entre
as taxas de mercado e as previstas
no Plano Safra. A diferença, em outras
ocasiões, foi o momento em que
isso aconteceu. Em 2021, a safra estava
no final e a interrupção teve menor
impacto nas decisões dos produtores.
Desta vez, porém, o timing foi cruel.
Segundo a Confederação da Agricultura
e da Pecuária do Brasil (CNA),
já foram empenhados mais de 99%
dos R$7,83 bilhões que haviam sido
destinados à equalização dos juros. E
seriam necessários mais R$3 bilhões
para impedir que a safra seja prejudicada.
Ainda que o governo encontre
uma solução e, como é provável que
aconteça, realoque recursos para garantir
as taxas subsidiadas, o episódio
deixa no ar uma sensação de incerteza
e uma percepção de que o assunto
crédito precisa ser visto com outros
olhos pelos produtores. Os recursos
do Plano Safra, emprestados a taxas
que vão de 4,5% (Pronaf) a 6% (Pronamp)
são, sem dúvida, uma opção
relevante para o custeio agrícola. A
questão é que eles são limitados e sujeitos
a fatores que fogem do controle
das autoridades do setor. E, quando
ele falta, recorrer a alternativas tradicionais
pode sair caro, superando a
casa dos 20% ao ano.
Uma torneira se fecha, outra se
abre
Há uma brecha de céu azul, porém,
nesse cenário cinzento. Momentos
particularmente delicados costumam
ser oportunidades para se olhar
para o lado e testar soluções menos
convencionais. Diante do aprendizado
de que não se pode ficar excessivamente
dependente de uma fonte de
financiamento, conhecer e aprender
sobre novos instrumentos financeiros
disponíveis pode trazer ganhos em
vários campos. Assim como ocorreu
antes em outros setores da indústria
financeira, o crédito e o seguro agrícola
passam por um processo de inovação
graças à chegada, às porteiras,
de empresas de base tecnológica focadas
na automação, na desburocratização
e no consequente barateamento
de processos de análise de risco e
crédito.
Isso permite que se abram, para
o produtor rural, novas possibilidades
de acesso ao capital. Operações
estruturadas, como a emissão de
CRAs, tornam-se mais atrativas para
os investidores, sobretudo pelo fato
de que, com melhor visão da gestão
das propriedades, eles se sentem mais
confiantes em emprestar aos produtores.
Com ferramentas que permitem
analisar com transparência também a
situação socioambiental das fazendas
e sua evolução, o que antes era visto
como uma caixa preta pelos donos do
dinheiro, agora pode se transformar
em uma caixa verde, que valorize a
adoção de práticas ambientais, sociais
e de governança no campo, revertendo-a
em taxas mais atraentes para o
produtor rural.
Ao mesmo tempo em que os recursos
ficam mais escassos nas vias
tradicionais, a combinação de bons
indicadores ambientais, sociais e financeiros
é cada vez mais cobrada
e valorizada pelos agentes financeiros.
Assim, apurar a gestão, conhecendo
mais a fundo cada aspecto da
propriedade em todas essas áreas, é
a chave para superar os desafios que
estão diante de nós.
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