Revista Girolando edição 129 jan/fev/mar 2022
Tudo sobre a pecuária leiteira e a raça Girolando
Tudo sobre a pecuária leiteira e a raça Girolando
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estresse térmico, desempenha papel expressivo
na caracterização de diferentes
ambientes produtivos. Como o nome
já diz, o índice combina em uma única
variável os valores de temperatura e
de umidade relativa do ar e serve para
avaliar o conforto ou desconforto (estresse
térmico) do animal em relação ao
ambiente. Assim, quando o animal está
dentro de uma faixa de ITU considerada
adequada, o mesmo terá condições
de expressar seu potencial genético,
porém as outras condições limitantes,
como nutrição, por exemplo, também
deverão estar em níveis adequados.
Em 2021, os trabalhos com termotolerância
começaram a ser realizados
dentro do PMGG. Utilizando o acesso
às estações meteorológicas públicas
próximas aos rebanhos, cujo controle
leiteiro é oficial, foi possível recuperar as
informações de temperatura e umidade
do ar no dia das ordenhas e calcular o
ITU. A partir da base de dados coletada
pela Girolando por 20 anos, foi possível
utilizar mais de 650 mil informações de
controle leiteiro, de aproximadamente
69 mil vacas e com aproximadamente
21 mil animais genotipados, de forma
a desenvolver um estudo minucioso do
estresse térmico nas diferentes composições
raciais.
Com este estudo, além de observar
as diferenças entre as composições raciais,
também é possível observar a diferença
entre os animais quanto à tolerância
ao calor. Após identificar os limites
do conforto térmico para cada composição
racial, dos animais 1/4H+3/4G
até 7/8H+1/8G, foi possível observar
perdas médias de produção superiores a
1.000kg de leite por lactação. Em casos
extremos, as perdas produtivas superaram
os 2.500kg de leite por lactação,
quando comparadas as médias de produção
de animais em conforto térmico
versus em estresse térmico.
Caracterizado o impacto na raça, o
próximo passo foi realizar a avaliação
genética para testar inúmeros modelos
até chegar a um que melhor se ajustasse
aos dados da raça Girolando. Finalmente
foi realizada a avaliação genômica
para predição dos valores genéticos genômicos
e posterior cálculo da habilidade
prevista de transmissão (GPTA). Os
valores genéticos genômicos dos touros
são preditos em função do ITU (gradiente
ambiental); esse tipo de abordagem
considera que há diferenças genéticas
na resposta dos animais diante das
diferentes condições ambientais (interação
genótipo x ambiente).
Após analisar o comportamento
das GPTAs de cada touro no gradiente
ambiental, os animais são classificados
conforme categorais de sensibilidade
ambiental: sensível + (touros cujas filhas
reduzem a produção em ambientes
mais quentes ou mais úmidos); sensível
– (touros cujas filhas aumentam a
produção em ambientes mais quentes
ou mais úmidos); robusto (touros cujas
filhas mantêm produções estáveis, independentemente
da combinação de temperatura
e umidade).
Na prática, essa informação servirá
como ferramenta auxiliar na seleção
dos animais e possibilitará o uso de um
genótipo mais adequado para as diferentes
regiões do Brasil. Além disso,
cada criador poderá, conforme a realidade
climática de sua propriedade,
melhor direcionar os acasalamentos,
visando uma progênie mais tolerante ao
calor e, consequentemente, com menores
perdas produtivas devidas ao estresse
térmico.
Os resultados oficiais da avaliação
genômica para o estresse térmico estão
previstos para serem publicados no Sumário
de Touros da Raça Girolando, a
ser lançado em junho de 2022.
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