Manual de Orientações para Gestantes

Manual
de Orientações
Nutricionais
para Gestante
1 ª E D I Ç Ã O - 2 0 2 3

Durante a gestação, os hábitos alimentares da gestante se tornam
mais importantes, uma vez que carrega dentro de si uma nova vida.
As necessidades nutricionais aumentam para garantir o adequado
crescimento e desenvolvimento do feto, bem como manter o
metabolismo materno. As recomendações nutricionais são ajustadas
individualmente, baseadas em uma alimentação saudável e equilibrada,
contribuindo para uma gestação saudável 1 .
Ganho de peso na gestação
O ganho de peso gestacional está diretamente relacionado com o
estado nutricional prévio a gestação que pode ser definido por meio
do cálculo do IMC (índice de massa corporal) pré-gestacional onde
considera-se o peso antes da gestação para seu cálculo 2 .
De acordo com o estado nutricional pré-gestacional identificado
é definido a faixa de ganho de peso segura, conforme tabela 1.
Tabela 1 - Ganho de peso recomendado de acordo com o IMC pré-gestacional.
Estado nutricional
antes da gestação
IMC (kg/m²)
Ganho de peso durante
a gestação (kg)
Ganho de peso por
semana no 2º e 3º
trimestre (kg)
Baixo peso

Recomendações
nutricionais na gestação
Energia
Durante o período gestacional o metabolismo aumenta, principalmente
no segundo e terceiro trimestre, sendo necessário, então, o aumento
do aporte calórico da dieta, variando em um acréscimo de 340kcal/
dia a 452 kcal/dia, entretanto este ajuste deve ser avaliado por um
profissional nutricionista, apto para realizar o cálculo energético da
melhor forma³.
A oferta energética se dá por meio dos alimentos fonte de carboidrato,
proteína e lipídeo. É necessário manter equilíbrio entre estes nutrientes
para um estado nutricional adequado⁴.
Micronutrientes
Durante a gestação, as necessidades de micronutrientes são alteradas
e alguns deles desempenham funções muito importantes no período
gestacional. O ômega 3 e 6 atuam no desenvolvimento neurológico
do feto, reduz o risco de parto prematuro e devem ser incluídos na
alimentação da gestante desde o início. O cálcio é um mineral muito
importante para formação óssea e dos dentes do feto, além de atuar
na função muscular e transmissão do impulso nervoso. O ferro atua
na formação sanguínea fetal e seu crescimento e da placenta, além de
prevenir anemia na gestante. O ácido fólico é essencial na gestação
desde a embriogênese na síntese de DNA e RNA⁵.
É necessário acompanhamento com equipe de profissionais da área
da saúde para que os mesmos analisem individualmente cada caso e
oriente quanto a suplementação de micronutrientes desde o período
pré-gestacional até o pós-parto⁶.
3

Dicas para alimentação
saudável e balanceada
na gestação 7
Faça pelo menos três grandes refeições (café da manhã, almoço
e jantar) e dois lanches por dia.
Evite ficar mais de 3 horas sem comer e prefira alimentos saudáveis.
Entre as refeições beba água, pelo menos 2 litros (6 a 8 copos) por
dia. Fazendo todas as refeições, evita-se que o estômago fique vazio
por muito tempo, diminuindo o risco de sentir náuseas, vômitos,
fraquezas ou desmaios. Além disso, contribui para que não sinta
muita fome e exagere na próxima refeição. Os excessos podem
causar desconforto abdominal, principalmente nos últimos meses
de gestação quando o útero está maior e comprime o estômago.
Inclua diariamente nas refeições seis porções do grupo de cereais
(arroz, milho, pães e alimentos feitos com farinha de trigo e milho),
tubérculos como as batatas e raízes como a
mandioca/macaxeira/aipim.
Esses alimentos são a fonte de energia mais importante da nossa
alimentação e devem estar em maior quantidade nas refeições. Dê
preferência aos alimentos na sua forma mais natural, pois além de
serem fontes de carboidratos, são boas fontes de fibras, vitaminas
e minerais.
Procure consumir diariamente pelo menos três porções de legumes
e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas
nas sobremesas e lanches.
Frutas, legumes e verduras são boas fontes de vitaminas e minerais.
Esses alimentos devem estar presentes em todas as refeições e
lanches do dia, porque são essenciais para a formação saudável do
feto, além de proteger a saúde materna.
4

Coma feijão com arroz pelo menos cinco vezes por semana. Esse
prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas e excelente
para a saúde.
Consuma uma parte de feijão para duas partes de arroz cozido. Varie
os tipos de feijão usados (preto, carioquinha, verde, de corda, fradinho,
branco e outros) e as formas de preparo, desde que não sejam
preparados com carnes gordas e salgadas ou embutidos, pois isso
eleva muito a quantidade de gorduras e sal.
Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção
de carnes, aves, peixes ou ovos.
Leite e derivados são as principais fontes de cálcio na alimentação.
Esse nutriente é necessário para o crescimento e desenvolvimento
dos ossos e dentes. Carnes, aves, peixes e ovos fazem parte de uma
alimentação nutritiva e são ricos em proteínas de boa qualidade.
Retire a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da
preparação, tornando esses alimentos mais saudáveis.
Diminua o consumo de gorduras. Consuma, no máximo, uma porção
diária de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina.
Fique atenta aos rótulos dos alimentos e prefira aqueles livres
de gorduras trans. O consumo excessivo desses alimentos está
associado ao surgimento de obesidade, pressão alta e doenças
cardiovasculares.
Evite refrigerantes e sucos industrializados, biscoitos recheados
e outras guloseimas no seu dia a dia.
O consumo frequente e em grande quantidade de sobremesas
aumenta o risco de complicações na gestação como excesso de peso,
5

obesidade, diabetes gestacional e pressão alta, que prejudicam
o adequado crescimento do feto.
Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa.
Evite consumir alimentos industrializados com muito sódio como
hambúrguer, charque, salsicha, linguiça, presunto, salgadinhos, conservas
de vegetais, sopas prontas, molhos e temperos prontos. Substitua o sal
tradicional pelo sal de ervas que possui menor teor de sódio.
Receita Sal de ervas⁷:
- 1 colher de sopa de sal
- 1 colher de sopa de louro
- 1 colher de sopa de orégano
- 1 colher de sopa de manjericão
- 1 colher de sopa de alecrim
Bata todos os ingredientes no liquidificador e armazene
em um recipiente com tampa.
Para evitar a anemia, consuma diariamente alimentos fontes de ferro
como: carnes, vísceras, feijão, lentilha, grão-de-bico, soja, folhas verdeescuras,
grãos integrais, castanhas e outros.
Consuma junto desses alimentos aqueles fontes de vitamina C como:
acerola, laranja, caju, limão e outros. O consumo de alimentos fonte
de ferro associados aos alimentos fonte de vitamina C otimizam sua
absorção.
Mantenha o seu ganho de peso gestacional dentro de limites saudáveis.
Pratique, seguindo orientação de um profissional de saúde, alguma
atividade física e evite as bebidas alcoólicas e o fumo.
6

Alimentos
que devem ser
evitados
8
Bebidas alcoólicas
Aumenta o risco de parto prematuro e pode levar a má formação
do feto, portanto não há quantidade segura.
Café e energéticos
Possuem em sua composição cafeína e a mesma é um composto
estimulante, podendo levar a um parto prematuro. O consumo do café
é limitado a 1 xícara por dia. Lembre-se que alguns chás podem possuir
cafeína, desta forma o consumo de chás deve ser conforme orientação
de profissional da saúde.
Carnes cruas ou mal cozidas
Podem conter parasitas que causam a toxoplasmose, doença que pode
ser transmitida para a placenta e para o feto.
Peixes, moluscos e ovos crus
Podem conter salmonela e provocar infecção intestinal.
Laticínios não pasteurizados
O processo de pasteurização é essencial para reduzir o número
de bactérias e o risco de infecção intestinal.
7

Cuidados comendo
fora de casa
8
Evite saladas cruas
Quando não houver segurança quanto a higienização das hortaliças,
evite comer salada crua devido maior risco de intoxicação alimentar.
Evite sobremesas e molhos de saladas
Algumas sobremesas contêm ovos crus, aumentando o risco de
infecção intestinal por salmonela.
Prefira restaurantes mais higiênicos
Evite restaurantes sujos e que tenham animais circulando dentro.
Sintomas da gestação
e manejo nutricional
Náuseas e vômitos
9,10,11
São comuns até o terceiro mês de gravidez, sendo mais acentuado pela
manhã. Podem ocorrer enjoos durante os nove meses. Para o alívio
destes sintomas aconselha-se:
- Comer em pequenas quantidades e frequentes (6 a 7 refeições/dia).
- Evitar ficar longos períodos em jejum.
- Preferir alimentos frios.
- Preferir frutas cítricas.
- Evitar líquidos durante as refeições.
- Não se deitar logo após as refeições.
8

Azia (Queimação)
- Preferir refeições pequenas com pouco teor de gordura e ingeridas
lentamente.
- Ingerir lanches com baixo teor de gordura.
- Ingerir líquidos principalmente entre as refeições.
- Diminuir ou evitar especiarias como: menta ou hortelã, chocolate,
alimentos fritos e gordurosos.
- Evitar tabaco, álcool, cafeína e bebidas gasosas.
- Evitar deitar por 1 à 2h após comer ou beber.
Constipação intestinal
- Optar por alimentos naturais e evitar produtos industrializados.
- Beber 2 a 3 litros de água diariamente.
- Ingerir alimentos ricos em fibras (aveia, farelo de trigo, granola,
frutas, verduras cruas...).
- Praticar atividades físicas.
- Sempre que sentir vontade, vá ao banheiro, evite cortar o estímulo
e não espere.
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Referências:
1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO. Alimentação nos primeiros 1000 dias de vida:
um presente para o futuro. E-book n.53. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição, 2019.
2. TEIXEXIRA D et al. Programa nacional para a promoção da alimentação saudável.
Alimentação e nutrição na gravidez [Internet]. Lisboa, 2014. Disponível em: http://nocs.
pt/wp-content/uploads/2017/10/alimentacaoenutricaonagravidez.pdf. Acesso em:
23/05/2023.
3. HONSON, MA et al. The international Federation of gynecology and obstetrics (FIGO)
recommend ationson adolescent, preconception and material nutrition. J Gynaecol Obstet,
2105. Disponível em: https://obgyn.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1016/S0020-
7292%2815%2930034-5. Acesso em: 23/05/2023.
4. VAHAMIKO S, et al. The impact of probiotic supplementation during pregnancy on DNA
methylationofobesity-related genes in mothers and their children, 2018. Disponível em:
https://obgyn.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1016/S0020-7292%2815%2930034-5.
Acesso em: 25/05/2023.
5. PIMENTEL C. Nutrição ideal, da pré-concepção à amamentação. In: Associação Brasileira
de Nutrologia. Além da nutrição: o impacto da saúde materna nas futuras gerações. 1ed.,
2019.
6. MINISTERIO DA SAÚDE. Passos para alimentação saudável da gestante. 2017.
7. RAMOS S, SANTOS CC. Tipos de sal e suas diferenças. Disponível em:https://www.
asbran.org.br/noticias/entenda-os-diferentes-tipos-de-sal-e-reduza-o-consumo.Acesso
em: 25/05/2023.
8. MAHAN LK, et al. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 14 ed., 2018.
9.. TEIXEIRA D, et al. Programa nacional para a promoção da alimentação saudável,
alimentação e nutrição na gravidez, 2015. Disponível em: https://alimentacaosaudavel.dgs.
pt/activeapp/wp-content/uploads/2020/01/. Acesso em: 25/05/2023.
10. SAFFIOTI RF, et al. Constipação intestinal e gravidez. Femina 2011, v.39, n.3.
Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2011/v39n3/a2502. Acesso em:
25/05/2023.
11. BERNAUD FSR; RODRIGUES TC. Fibra alimentar – ingestão adequada e efeitos sobre a
saúde do metabolismo. ArqBrasEndocrinolMetab, 2013. Disponível em: https://www.scielo.
br/j/abem/a/PZdwfM5xZKG8BmB9YH59crf/. Acesso em: 25/05/2023.

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