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Gestão de Projectos

Uma abordagem metodológica

Carlos Mata

DEM/STM

Instituto Superior Técnico, 2002

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O que é um projecto ?

• Um projecto pode-se definir como um conjunto de

actividades, implicando a utilização de recursos

diversos, executadas para levar a cabo um

determinado objectivo

• Um projecto está normalmente associado a uma

produção unitária, de elevado custo relativo e com

um desenvolvimento limitado no tempo

• São exemplos típicos de projectos:

– grandes obras pontuais: (pontes, barragens, edifícios,

fábricas, aeroportos, centrais térmicas, ETARs, etc.)

– grandes obras lineares (estradas, vias férreas, gasodutos,

linhas eléctricas MAT/AT, etc.)

– arranques de empresas ou novos negócios

– grandes reparações, manutenções ou “revampings”

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O objectivo de um projecto

• O objectivo associado a um projecto tem

tipicamente três vertentes:

– o respeito de um conjunto de especificações de

natureza técnica ou legal que o projecto tem que

cumprir na sua execução e no seu resultado final: a

“qualidade” do projecto

– o respeito de um conjunto de datas-chave em que parte

ou a totalidade das actividades devem estar executadas:

os “prazos” do projecto

– o cumprimento de critérios económicos quanto à

execução do projecto ou à operação do seu resultado

final: os “custos” do projecto

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3


O que é a gestão de projecto ?

• É o conjunto de actividades de planeamento,

coordenação da execução e controlo que visa

garantir o bom desenvolvimento do projecto e o

cumprimento dos objectivos de projecto

(“qualidade”, “prazos”, “custos”)

Objectivos Planeamento Coordenação

Controlo

• As actividades de gestão de projecto podem

ainda implicar, em qualquer fase, a tomada de

decisões sobre a revisão ou a alteração dos

objectivos

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Valor da gestão de projecto

• As condições de desenvolvimento de um

projecto, nomeadamente o elevado custo,

implicam e potenciam o valor de uma adequada

gestão de projecto

• Por exemplo:

– Investimento típico num projecto de uma central

térmica: 500 milhões de Euros

– Custo de uma equipa de gestão de projecto (30

pessoas, qualificadas, durante cinco anos): 30 pessoas

x 5 anos x 50000 euros/ano = 7.5 milhões de Euros

(1.5%do investimento)

– Se esta equipa evitar sobrecustos de 2%no valor do

investimento já se pagou a si própria

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O gestor de projecto

• Uma equipa de gestão de projecto deve ser

liderada por um gestor de projecto

• Um gestor de projecto deve:

– ter uma boa capacidade de planeamento/organização

– ter uma boa capacidade de gestão/coordenação

– ter a capacidade de apreender o essencial dos problemas

técnicos (será tipicamente um engenheiro)

– ser um bom negociador

– ser um bom gestor de recursos humanos

– tomar decisões com rapidez em situações de contigência

– ser um líder reconhecido pela sua equipa

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A visão tradicional do projecto

• A visão tradicional do projecto está muito

associada à fase de execução/construção: “há

que começar quanto antes para acabar quanto

antes”

• No entanto, um bom projecto começa: 1) por uma

correcta definição de objectivos; 2) por uma

adequada preparação da fase de execução

• Só depois vem o controlo da execução, que será

tanto mais fácil quanto as primeiras fases tenham

sido bem feitas

• Pode-se mesmo dizer que só um projecto “limpo”

na fase de preparação previne surpresas

desagradáveis durante a execução … e no final

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Importância da definição de objectivos

• Muitas vezes, as derrapagens de prazo, de custo

ou de qualidade dos projectos estão associadas

a deficientes definições de objectivos: comparase

um orçamento inicial para uma capoeira com o

custo final de um aviário e conclui-se que se

verificou uma derrapagem de 200%, para grande

alegria dos jornais…

• Mas, provavelmente, se se pretendia um aviário e

se se começou a trabalhar numa capoeira, é de

esperar que o aviário saia mais caro do que seria

normal …

➔Tudo começa em saber o que se quer

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Definição de objectivos (I)

• Questões a responder:

– O que é que pretendemos fazer (com algum detalhe) ?

– Que grau de “qualidade” técnica pretendemos ? Com que

especificações vamos trabalhar ? Pretende-se gastar menos

em investimento e mais em operação e manutenção ?

– Quais os objectivos de prazo ? Qual o seu grau de

flexibilidade ? Qual o grau de risco de prazo que estamos

dispostos a correr ? Quais as consequências de um atraso ?

– Existem restrições impostas políticamente ou pela empresa ?

Têm que ser usados meios próprios ou locais ? O projecto

deve ser publicitado ou deve manter um “low profile” ?

– Qual é a autonomia da equipa de gestão ? Qual o tempo de

resposta da tutela da equipa de gestão aos pedidos de tomada

de decisão ?

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Definição de objectivos (II)

• Respondidas a estas questões o gestor de

projecto deve preparar uma ficha de projecto

cuja versão final discutirá e acordará com a

entidade que o vai tutelar (administração da

empresa, autoridade pública, etc.)

• Essa ficha de projecto funciona como um

“contrato” entre quem gere o projecto e quem

tem a autoridade sobre o projecto, evitando

equívocos que possam vir, “a posteriori”, a

pôr em causa o bom desenvolvimento do

projecto

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Conteúdo da ficha de projecto

• Descrição do projecto

• Requisitos do projecto

• Interfaces do projecto

• Licenciamento do projecto

• Estratégia de contratação e principais contratos a

estabelecer

• Planeamento preliminar de actividades

• Planeamento preliminar de meios

• Organigrama e forma de constituição da equipa de

projecto

• Orçamento preliminar do projecto

• Plano de financiamento do projecto

• Limites de delegação do gestor de projecto

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O orçamento preliminar

• Pode ser mais ou menos detalhado, em função do

grau de definição que o projecto já tenha

• Basear-se-á em dados históricos, custos padrão, etc.

de forma a obter um valor realista

• Distinguirá claramente as rúbricas que não são

controladas pelo gestor de projecto, mas que

contribuem para o valor final. Por exemplo, custos

financeiros, imputações da estrutura da empresa, etc.

• A cada rúbrica será associada uma contigência que

será tão grande quanto o grau de incerteza associado

• O valor final deverá ser aferido com valores de

referência para a mesma actividade

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A equipa de projecto (I)

Gestor de Projecto

Responsável Técnico

Responsável de Contratos

Responsável pelo Controlo

do Projecto

Responsável Financeiro

Responsável pelo Contacto

com Autoridades

Responsável AQS

Responsável pela Operação

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A equipa de projecto (II)

• As funções referidas neste organigrama poderão

ser dividas por várias pessoas ou, ao contrário,

agregadas numa só pessoa, por exemplo:

– no projecto de uma fábrica poderá haver um

responsável técnico para a infraestrutura civil e outro

para o processo

– o contacto com autoridades poderá estar entregue ao

responsável contratual ou ao próprio gestor de projecto

• Algumas funções poderão ser dispensáveis, em

certas circunstâncias (por exemplo, o

responsável por operações, num projecto de uma

estrada)

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O responsável técnico

• O responsável técnico não vai fazer “engenharia”, mas sim

gestão de engenharia, isto é gerir recursos muito

especializados, internos ou externos, e levá-los a certos

resultados

• Será normalmente um técnico com uma sólida experiência

num domínio específico, mas também com boas

capacidades de análise pluridisciplinar, de planeamento de

trabalho e de gestão de pessoas

• Os projectos têm normalmente uma primeira fase em que

predomina o projecto de engenharia e uma segunda em

que predominam as questões construtivas: o responsável

técnico poderá atender a ambas, mas a estrutura que ele

superitende será em princípio adaptada a cada fase

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O responsável de contratos

• A boa gestão contratual é talvez o activo mais

fundamental da gestão de projecto

• A gestão de contratos inclui:

– a definição da estratégia de contratação

– o desenho de documentos para consultas de

contratação e contratos

– a gestão contratual corrente

– a gestão e negociação de reclamações

– o fecho de contratos

• O responsável de contratos não é um jurista,

embora necessite de suporte jurídico. É um

especialista que tem que possuir grande

capacidade organizativa.

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Responsável pelo controlo de projecto

• O responsável pelo controlo de projecto tem a

seu cargo a compilação e análise de informação

que permitam:

– o planeamento do projecto

– a orçamentação do projecto

– o controlo de planeamento e a identificação de

estrangulamentos

– o controlo orçamental

• Tem ainda a responsabilidade do “reporting”

• Terá que ser um técnico com capacidade de

síntese, visão multidisciplinar e um bom domínio

das ferramentas de gestão de projectos (de que o

PERT/CPM é um exemplo)

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Preparação da fase de execução

• Existem diversas actividades que deverão ser

desenvolvidas em paralelo e estar concluídas no dia em

que começa a execução física do projecto:

Projecto Base e de Detalhe

Contratação da Execução

Licenciamento

Gestão de Interfaces

Financiamento

Libertação de Terrenos e Vias

Gestão de Sensibilidades Políticas

Arranque da

execução em

condições de

risco mínimo de

custo e prazo

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O projecto base e de detalhe

• Em situação ideal, a execução e mesmo a

contratação da execução têm que ser feitas sobre

um projecto de detalhe finalizado. Só assim se

mitigará um elevado risco de custo e prazo

associado à discussão do valor das indefinições

de projecto

• Nalgumas circunstâncias, o projecto de detalhe e

a execução são feitos pela mesma entidade

(contrato EPC), pelo que deverá ser o projecto

base a limitar o risco de indefinição do projecto,

nomeadamente através de uma adequada

remissão para normas existentes

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Contratação da execução

• A contratação da execução deverá estar fechada

no momento em que esta se inicia. Caso

contrário, a posição de supremacia negocial

passa do dono de obra para o executante.

• O processo de contratação da execução é

fundamental para a obtenção dos objectivos e

deverá permitir:

– uma minimização do preço

– uma identificação e eliminação dos pontos de dúvida do

contratado ou das questões que este possa levantar

– uma minimização do risco de prazo (identificação e

garantia de meios, etc.)

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Licenciamento e gestão de interfaces

• Os problemas oriundos do processo de

licenciamento ou gerados nos interfaces de projecto

(com outras entidades vizinhas) são uma das

principais causas de derrapagem de projectos

• Como primeiro passo, haverá que listar

exaustivamente todos os processos de licenciamento

(quais? como ? por quem ?) e todos os interfaces e

identificar a sua criticidade

• Seguidamente, dever-se-á tomar uma atitude proactiva

na despistagem de problemas

• O objectivo é ter, à data do arranque da execução,

todos os licenciamentos “preto no branco” e o

“clearance”, se possível escrito, de todas as

entidades com que se tenha interface

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A execução e a entrega do projecto

• Num projecto bem desenvolvido, a execução é

uma fase de controlo de projecto, e os riscos já

foram mitigados ou pelo menos balizados na fase

de preparação

• Obviamente, irão sempre ocorrer surpresas pelo

que a qualidade do controlo (grau de cobertura e

rastreabilidade) são fundamentais

• Uma última questão fundamental é a do desenho

dos mecanismos de entrega do projecto à

entidade que o vai recepcionar e do processo de

transferência de responsabilidades

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