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CANABIDIOL ASSOCIADAS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS NEUROLÓGICAS

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AÇÕES EM SAÚDE NA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE GOIÁS

e saúde pública, com suas raízes fincadas na Medicina Social

latino-americana.

Heloani e Capitão (2003) constataram que a qualidade

de vida do trabalhador, especialmente daquele que vive no

terceiro mundo, vem degradando dia após dia. Doenças restritas

a certos nichos empresariais tornaram-se comuns a todos e

espalharam-se como as doenças infectocontagiosas, tornando

impossibilitados para o trabalho milhares de trabalhadores.

Os problemas de saúde afetam boa parte da sociedade em

todas as profissões e na atividade policial isto não é diferente.

Trata-se de uma profissão que é considerada estressante, cuja

rotina expõe o policial a situações de muito estresse, colocando-

-o como frequente alvo de enfermidades, devido ao contato

contínuo com atividades de risco cotidianas, em um meio de

conflito, no limite da marginalidade e criminalidade (SAN-

CHEZ-MILLA; SANZ-BOU; APELLANIZ-GONZALEZ;

PASCUAL-IZAOLA, 2001). O apoio insuficiente, as longas

jornadas de trabalho, a baixa perspectiva de promoção, os

rituais, os procedimentos desnecessários, a incerteza e a insegurança

são causas gerais que potencializam a saúde deficiente

no trabalho (FONTANA, 1994).

Somando a esses fatores, o baixo número de publicações e

o pouco estímulo de estudos nesta área também dificultam o

planejamento de ações voltadas à saúde do policial. Até pouco

tempo atrás havia escasso interesse em estudos sobre policiais,

conforme levantamento da produção brasileira em saúde e trabalho

feito por Mendes (2003). Neste estudo, com um recorte

de tempo de 1950 até 2002, foram encontrados 860 trabalhos

científicos sobre saúde do trabalhador, dentre os quais apenas

cinco trabalhos se relacionaram à saúde do policial.

Cogita-se que estudos com este tema são mais recentes e

progressivos quanto ao número de publicações no país e no

mundo. Saúde e trabalho sob o aspecto dos policiais têm ocupado

um lugar de destaque, tanto no âmbito da organização

policial quanto nas universidades brasileiras e estrangeiras. Isso

em razão da peculiaridade da função, a qual possui uma série

de características evidentemente perigosas e pelo momento

histórico vivido pela sociedade a partir da democracia, no

qual se coloca em discussão a prática das polícias, entre outros

assuntos, antes condenados ao silêncio (PELACCHI, 1999).

A valorização e a atenção dos sintomas que se repetem

antes da ocorrência da doença são fundamentais para a garantia

da qualidade de vida no trabalho diário do servidor (FRAN-

ÇA; RODRIGUES, 1997). Graf (1986) já demonstrava que

os policiais com menor nível de estresse usavam serviços de

apoio externo à polícia para lidar com o cotidiano do trabalho,

sugerindo a integração com o ambiente social como um

fator importante para a melhora da qualidade de vida e por

consequência, da saúde.

Nesta perspectiva, é relevante considerar a importância das

adequações das condições de trabalho e dos equipamentos

dos policiais e, ainda, adequações na legislação para implantar

serviços ou programas sociais de saúde e educacionais. Com

o intuito de garantir o seu bom funcionamento, uma vez que,

a polícia é sedimentada em uma série de normas que dão

sustentação à sua existência (PELACCHI, 1999).

No que tange à manutenção de saúde dos trabalhadores,

entende-se que são necessários esforços no sentido de garantir a

viabilidade de ações promotoras e preventivas em saúde do trabalhador

policial. Dentre elas: o investimento na contratação de

profissionais das áreas das ciências humanas e da saúde (atuação

junto aos servidores e avaliação do cotidiano dos policiais) e o

estabelecimento de políticas públicas em saúde oportunizando

o repensar permanente dos agentes da segurança pública acerca

de sua relação com o trabalho (DEJOURS, 1997).

As polícias civis são integradas por servidores públicos

com funções de polícia judiciária e de apuração das infrações

penais, conforme consta do artigo 144 da Constituição Federal

(BRASIL, 1988). Prestam serviços essenciais à sociedade,

cuidando dos piores dramas da população, porém quem cuida

da polícia? (BALESTRERI, 2003).

As próprias instituições devem realizar este papel, mas até

pouco tempo estas atividades eram mais cobradas aos trabalhadores

com regime celetista e não aos servidores públicos.

Atualmente, os governos, de maneira geral, estão procurando

estruturar serviços de atendimento aos servidores públicos, em

particular os policiais (MELO, 2001).

Atendendo a esta proposta, a Polícia Civil do Estado de

Goiás instituiu o Núcleo Integrado de Atenção Biopsicossocial

da Policia Civil (NIAB-PC), composto por uma equipe

multidisciplinar formada por profissionais da área de saúde,

incluindo o apoio psicossocial (assistência social e psicologia)

e o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e

Medicina do Trabalho (SESMT). O objetivo deste Núcleo é

melhorar a atenção à saúde do Policial Civil e propiciar ações

de acompanhamento biopsicossocial individual e coletivo,

considerando a necessidade da promoção da qualidade de vida

no trabalho, conforme portaria 381 (GOIAS, 2014).

Assim, o objetivo desta pesquisa é verificar as ações desenvolvidas

no Núcleo Integrado de Atenção Biopsicossocial da Polícia

Civil do Estado de Goiás (NIAB-PC), desde a sua implantação.

MÉTODOS

A pesquisa quantitativa, descritiva e transversal foi desenvolvida

no NIAB-PC, onde as informações foram coletadas

nos arquivos dos documentos e banco de dados deste Núcleo,

referentes às ações realizadas em prol da saúde dos Policiais

Civis do Estado de Goiás, nos anos 2014, 2015 e 2016.

EDIÇÃO 07 I 9

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