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A outra - Mary Kubica

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Mas seu pai a pegou em flagrante tentando fugir com os

biscoitos. Ele não a repreendeu. Quase nunca a repreendia.

Não era necessário repreender Mouse. Em vez disso, ele

tirou sarro dela por estocar comida em algum lugar de seu

quarto como os ratos armazenam comida nas paredes da

casa das pessoas.

Mas, por algum motivo, Mouse não achava que era por

isso que ele a chamava de Mouse.

Porque, àquela altura, ela já era Mouse.

Mouse tinha uma imaginação vívida. Ela adorava inventar

histórias. Nunca as escrevia no papel, mas as guardava na

cabeça, onde ninguém mais as podia ver. Em suas histórias,

havia uma garota chamada Mouse que podia fazer o que

quisesse, até piruetas na lua, se fosse isso o que desejasse,

porque Mouse não precisava de coisas tolas como oxigênio

ou gravidade. Ela não tinha medo de nada, porque era

imortal. Independentemente do que fizesse, nada de mal

poderia acontecer à Mouse imaginária.

Mouse adorava desenhar. As paredes de seu quarto

estavam cobertas de desenhos de seu pai com ela, de ela com

seus bichinhos de pelúcia. Mouse passava os dias brincando

de faz de conta. Seu quarto, o único no andar de cima

daquela casa antiga, estava cheio de bonecas, brinquedos e

bichos de pelúcia. Cada animal tinha um nome. Seu favorito

era um urso pardo chamado Sr. Urso. Mouse tinha uma casa

de bonecas, uma cozinha de brinquedo com panelas e

frigideiras e caixas de comidinhas de plástico. Tinha um jogo

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