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A outra - Mary Kubica

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Os meninos estão à mesa terminando o café da manhã.

Will está no balcão, enchendo uma xícara, que passa para

mim. Recebo o café entre minhas mãos e dou um grande

gole.

— Não dormi bem — digo.

Não quero admitir a verdade: que nem dormi.

— Quer conversar? — pergunta ele.

Mas não parece algo que precise ser dito; ele deveria

saber. Uma mulher foi assassinada dentro de sua casa do

outro lado da rua, duas noites atrás.

Com os olhos, indico Tate, à mesa, e digo não; porque não

é uma conversa que Tate deva ouvir. Enquanto for possível,

eu gostaria de manter viva a inocência de sua infância.

— Você tem tempo para tomar café da manhã? —

pergunta Will.

— Hoje não — digo, olhando para o relógio.

Vejo que é ainda mais tarde do que eu pensava. Preciso ir.

Começo a pegar as coisas – minha bolsa e meu casaco –

para sair. A mochila de Will o espera ao lado da mesa, e fico

imaginando se ele colocou seu romance policial baseado em

casos verídicos dentro dela – o livro com a fotografia de Erin

escondida dentro. Não tenho coragem de dizer que sei da

fotografia.

Dou um beijo de despedida em Tate. Puxo os fones dos

ouvidos de Otto para dizer para ele se apressar.

Dirijo até a balsa. Otto e eu não falamos muito no

caminho. Nós éramos mais próximos do que agora, mas o

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