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A outra - Mary Kubica

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durante meses antes de ela morrer. Will chorou abertamente

quando me falou dela. Ele não escondeu nada, e eu o amei

por causa de sua grande capacidade de amar.

Em toda minha vida, acho que nunca havia visto um

homem adulto chorar.

Na época, a tristeza de Will por perder uma noiva só me

fez sentir mais atraída por ele. Will estava incompleto, como

uma borboleta sem asas. Eu queria curá-lo.

Faz muitos anos que o nome dela não surge. Não que

fiquemos falando dela, mas, de vez em quando, outra Erin é

mencionada e nos faz calar. Só o nome já tem muito peso.

Mas por que Will tiraria essa foto de Deus sabe onde para

carregá-la consigo? Por que agora, depois de tanto tempo?

Roço a fotografia, mas não tenho coragem de pegá-la.

Ainda não. Eu só vi uma fotografia de Erin até agora, uma

que Will me mostrou anos atrás porque eu pedi. Ele não

queria, mas eu insisti. Eu queria saber como ela era. Quando

pedi para ver uma foto, ele me mostrou, todo cauteloso. Ele

não sabia como eu reagiria. Tentei fazer cara de paisagem,

mas não havia como negar a dor aguda que sentia por

dentro. Ela era de tirar o fôlego.

Naquele instante eu soube: Will só me amava porque ela

estava morta. Eu era a segunda escolha dele.

Passo o dedo sobre a pele clara de Erin. Não posso sentir

ciúmes; simplesmente não posso. E não posso ficar brava.

Seria insensível de minha parte pedir que ele a jogasse fora.

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