30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

do comum nas últimas semanas, ela ficou rígida, cinza, e

disse:

— Minha mãe pendurada na ponta da porra de uma

corda.

O policial Berg não lhe fez mais perguntas depois disso.

Enquanto faço uma terceira rodada de checagem de

janelas e portas, Will me chama do alto da escada e pergunta

se vou para a cama logo. Eu digo que sim, vou, enquanto dou

um puxão final na porta da frente. Deixo uma lâmpada acesa

na sala para fingir que estamos acordados.

Subo as escadas e me deito na cama ao lado de Will. Mas

não consigo dormir. Durante a noite toda, fico deitada na

cama, pensando no que o policial Berg disse, que a

menininha foi quem encontrou Morgan morta. Pergunto-me

se Tate conhece bem essa garotinha. Tate e ela estão na

mesma classe, mas isso não significa que sejam amigos.

Não consigo tirar da cabeça a imagem da menina de seis

anos parada ao lado do corpo sem vida de sua mãe. Fico

imaginando se ficou assustada. Se gritou. Se o assassino

ainda espreitava, fugindo ao som de seu grito. Fico

imaginando quanto tempo ela esperou a ambulância chegar

e se, durante esse tempo, temeu por sua própria vida. Penso

nela, sozinha, encontrando sua mãe morta, da mesma

maneira que Imogen encontrou a dela. Não é a mesma coisa.

Suicídio e assassinato são duas coisas muito diferentes.

Mesmo assim, é inimaginável para mim pensar no que essas

garotas viram em sua curta vida.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!