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A outra - Mary Kubica

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para ter certeza de que os meninos ainda estavam dormindo.

Havia uma magnanimidade no toque de Will, algo que me

deixava zonza, tonta, bêbada sem beber uma gota. Eu nunca

me cansava dele. Ele era inebriante.

Até que encontrei o cigarro, um Marlboro Silver com

batom cor de morango no filtro. Descobri isso primeiro,

seguido pouco depois pelas cobranças dos quartos de hotel

no extrato do cartão de crédito, uma calcinha no quarto que

eu sabia que não era minha. Percebi imediatamente que Will

era magnânimo e inebriante para alguém que não eu.

Eu não fumava. Não usava batom. E era sensata demais

para deixar minha calcinha por aí na casa de outra pessoa.

Will só me olhou quando enfiei o extrato do cartão de

crédito debaixo de seu nariz, quando lhe perguntei sobre as

cobranças de hotel em nossa conta. Ele ficou tão surpreso

por ter sido pego que não teve como inventar uma mentira.

Ontem à noite, depois que terminei minha primeira taça

de vinho, Will se ofereceu para me servir mais, e eu aceitei,

gostando do jeito como o vinho fazia eu me sentir: leve e

calma. A próxima coisa que recordo é eu acordando com a

sirene.

Devo ter adormecido na poltrona. Will deve ter me

ajudado a ir para a cama.

— Dra. Foust? — pergunta o policial.

— Will e eu estávamos aqui — digo. — Assistindo à TV. O

noticiário da noite e depois The Late Show. Aquele com

Stephen Colbert.

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