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A outra - Mary Kubica

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— Coitadinha — digo, imaginando anos de terapia no

futuro da criança. — O que podemos fazer para ajudar?

O policial Berg diz que está falando com os moradores da

rua, fazendo perguntas.

— Que tipo de perguntas?

— Pode me dizer, dra. Foust, onde estava ontem à noite

por volta das onze horas? — pergunta o policial.

Em outras palavras, por acaso tenho um álibi para o

momento em que ocorreu o homicídio?

Ontem à noite, Will e eu assistimos à TV juntos, depois de

levarmos Tate para a cama. Estávamos deitados em lados

diferentes da sala, ele espalhado no sofá e eu encolhida na

poltrona. Nossos lugares alocados. Logo depois de nos

ajeitarmos e ligarmos a TV, Will me levou uma taça de

cabernet da garrafa que eu abrira na noite anterior.

Eu o observei por um momento da poltrona, lembrando

que não há muito tempo teria achado impossível me sentar

tão longe de Will, em sofás separados. Pensei com carinho

nos dias em que ele me entregava o vinho com um longo

beijo nos lábios, acariciando-me com a outra mão,

enganando-me facilmente com seu beijo persuasivo, suas

mãos persuasivas e aqueles olhos. Aqueles olhos! E, então,

uma coisa levava a outra, e logo depois, ríamos como

adolescentes enquanto tentávamos fazer amor

apressadamente e sem barulho no sofá, com os ouvidos

atentos aos rangidos das tábuas de madeira no andar de

cima, ao barulho de molas de colchão, passos nas escadas,

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