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A outra - Mary Kubica

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inexpressivo. Não há emoção alguma, nem raiva, nem medo.

Ela vem para a frente, e eu me preparo para a dor debilitante

que sentirei quando o atiçador da lareira me atingir. Aperto

os olhos, a mandíbula, sei que o fim está próximo. Imogen

vai me matar. Ela vai matar nós dois. Ela nunca nos quis

aqui.

Aperto os dentes. Mas a dor não vem.

Ouço Will grunhir. Abro os olhos e o vejo tropeçar e cair

no chão, xingando Imogen. Olho para ela. Nossos olhos se

encontram e eu entendo.

Imogen não está aqui para me matar. Ela veio me salvar.

Vejo a determinação em seus olhos quando ela levanta a

arma pela terceira vez.

Mas uma morte na consciência de Imogen já é suficiente.

Não posso deixá-la fazer isso por mim.

Pulo sobre meus pés instáveis. Não é fácil. Cada parte de

mim dói. O sangue é abundante, cobre meus olhos, mal

posso ver. Dou um passo à frente e me jogo sobre o suporte

de facas, ficando entre Will e Imogen. Pego a faca de chef;

não sinto o cabo da faca em minha mão. Mal registro o rosto

desse homem, seus olhos, quando ele se levanta e, ao

mesmo tempo, eu me volto de frente para ele.

Vejo o movimento de sua boca. Seus lábios se movem.

Mas ouço um zumbido em meus ouvidos. Não aguento mais,

acho que nunca vai parar.

Mas, então, para. E ouço algo.

Ouço aquela risada hedionda e ele dizendo:

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