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A outra - Mary Kubica

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Ele sussurra em meu ouvido:

— Se você houvesse deixado as coisas pra lá.

Então, ele agarra um punhado de cabelos meus com sua

mão pegajosa, levanta meu rosto a centímetros do chão e o

esmaga de volta no piso.

Eu nunca senti tanta dor em minha vida. Se meu nariz

não estava quebrado antes, agora está.

E ele faz de novo.

Não sei se isso já não seria o suficiente para me matar,

mas logo vai me deixar inconsciente. E não há como saber o

que ele fará depois.

Acabou, digo a mim mesma. É aqui que eu vou morrer.

Mas, então, algo acontece.

É Will, e não eu, que emite um som, um grito estranho e

inarticulado de dor. De repente, não sinto mais peso, mas

não sei o que aconteceu.

Um segundo depois, percebo que o motivo da falta de

peso é que ele caiu de cima de mim. Ele está ao meu lado, a

centímetros de mim, lutando para se levantar, mas com as

mãos na cabeça. Como eu, ele sangra. Seu sangue provém da

cabeça, onde há uma súbita laceração que não existia antes.

Estendo meu pescoço dolorido para poder ver. Sigo seu

olhar – agora tomado de medo – e vejo Imogen parada à

porta da cozinha. O atiçador da lareira está em suas mãos

firmes, erguido acima de sua cabeça. Minha visão está

borrada, de modo que não tenho certeza se ela é real ou

resultado de um ferimento na cabeça. Seu rosto é

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