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A outra - Mary Kubica

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Se Will me fizer passar por essas portas, não terei a

menor chance. Preciso pensar, e depressa, antes que ele

consiga me levar para fora.

Imóvel como uma estátua no chão da cozinha, para ele,

estou morta.

Ele não checa meu pulso. Seu único erro.

Noto muito bem que Will não demonstra remorso. Ele

não está sofrendo; não está triste por eu ter morrido.

Frio e eficiente, Will se inclina sobre meu corpo. Avalia

depressa a situação. Sinto sua proximidade. Prendo a

respiração. O acúmulo de dióxido de carbono me queima por

dentro. É mais do que eu posso suportar; acho que vou

respirar involuntariamente; que, com Will olhando, não vou

mais conseguir segurar a respiração. Se eu respirar, ele

saberá. E se ele descobrir que estou viva, deitada de costas

no chão, não terei como lutar.

Meu coração bate forte e rápido de medo. Pergunto-me

como ele não consegue ouvir, como não consegue ver o

movimento através da fina blusa de pijama. A saliva se

acumula em minha garganta, quase me fazendo engasgar, e

sinto-me dominada por uma enorme necessidade de engolir.

De respirar. Ele puxa meus braços, mas reconsidera. Pegame

pelos tornozelos e me puxa bruscamente. Sinto o piso de

ladrilhos duro contra minhas costas, e preciso dar tudo de

mim para não fazer uma careta devido à dor abrasadora e

me manter mole, como um peso morto.

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