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A outra - Mary Kubica

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corpo cai, batendo no piso frio. Tento não reagir, mas a dor é

quase grande demais para suportar – não da queda em si,

mas do que esse homem já fez comigo. Sinto uma enorme

necessidade de tossir, de ofegar, de levar as mãos à

garganta.

Mas, se quiser viver, tenho que suprimir essa necessidade

e ficar ali imóvel, sem piscar nem respirar.

Will vira-se de costas para mim. Só então, furtivamente,

faço uma única respiração, curta e superficial. Ouço-o. Ele

começa a fazer planos para se livrar de meu corpo.

Movimenta-se depressa, porque as crianças estão lá em

cima e ele sabe que não pode demorar.

Um pensamento indesejado surge em minha cabeça e me

enche de horror. Se Otto ou o pequeno e doce Tate

descessem agora e nos vissem, o que Will faria? Também os

mataria?

Will destranca e abre a porta de correr de vidro. Abre a

porta de tela. Eu não vejo, mas ouço-o fazer essas coisas.

Ele encontra as chaves no balcão. Ouço o som do metal

raspando a bancada de fórmica. As chaves chacoalham em

sua mão e param. Imagino que ele as enfiou no bolso da

calça, planejando me arrastar pela porta dos fundos até o

carro. Mas e depois? Eu não sou páreo para Will, ele pode

facilmente me dominar. Na cozinha, há coisas que posso

usar para me defender, mas, lá fora, não há nada. Só as

cachorras, que amam Will mais que a mim.

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