30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Morgan se isso acontecesse. Morgan era a criminosa, não eu.

Eu lhe disse isso e você entendeu. Você acreditou em mim.

— Seu olhar é triunfante. — Você nunca poderia viver sem

mim, não é?

Ele me olha interrogativamente, como um psicopata.

— Que foi, Sadie? — pergunta ele, pois não digo nada. —

O gato comeu sua língua?

Suas palavras e sua indiferença me deixam irada. Sua

risada me deixa furiosa. É seu riso, sua risada horrível e

abominável que me faz perder o controle. É o olhar satisfeito

de Will, seu jeito, parado ali com a cabeça inclinada. É um

sorriso complacente.

Will manipulou minha doença. Ele me fez matar. Ele

colocou a ideia em minha cabeça – na parte de mim

conhecida como Camille – sabendo que essa pobre mulher,

essa versão de mim, teria feito qualquer coisa por ele.

Porque ela o amava muito. Porque ela queria ficar com ele.

Estou triste por ela. E com raiva por mim.

O impulso vem de dentro. Nenhum pensamento o

acompanha. Invisto contra Will com todas as minhas forças.

Imediatamente me arrependo, porque, embora ele se

desequilibre um pouco, Will é muito maior que eu. Muito

mais forte, muito mais sólido. E ele não bebeu. Eu o empurro

e ele dá um passo atrás, mas não cai. Recua e se segura na

bancada para recuperar o equilíbrio. E ri ainda mais por

causa disso, por causa de meu empurrão insignificante.

— Foi uma péssima ideia — diz.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!