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A outra - Mary Kubica

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Se ele matou Erin, como fez? Foi um acesso de raiva ou

foi premeditado? E Morgan? Como exatamente ela morreu?

Sinto o abridor de cartas deslizando mais fundo em

minhas calças. Ajeito-o. Minhas mãos estão tremendo,

instáveis, e, então, derramo vinho quando inclino demais a

taça para um lado. Lambo a borda da taça para limpá-la.

Franzo os lábios; não gosto do sabor amargo do malbec.

Independentemente disso, tomo outro gole, forço-o a descer

enquanto as lágrimas fazem meus olhos arderem.

Um barulho atrás me assusta e eu me viro. Vejo só o

vestíbulo escuro, a sala de jantar indefinida. Fico parada,

observando, esperando movimentos, sons. Esta casa antiga

tem tantos cantos escuros, tantos lugares para alguém se

esconder…

— Will? — digo baixinho.

Espero que ele responda, mas não responde. Ninguém

responde. Não há ninguém aqui; pelo menos acho que não

há ninguém. Prendo a respiração tentando ouvir passos.

Nada. Estou com dor de cabeça, que piora a cada momento, e

me sinto quente e incomodada com isso. Sob minhas axilas e

entre minhas pernas minha pele está pegajosa. Tomo outro

gole de vinho, tento acalmar meus nervos. O vinho não está

tão ruim agora. Estou me acostumando com o amargor.

Vejo meu celular em cima da mesa. Atravesso depressa a

cozinha e o pego, abafando um grito quando o viro e vejo

que a bateria está descarregada de novo. Levará alguns

minutos para que ele carregue o suficiente para ser usado.

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