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A outra - Mary Kubica

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Pego os remédios em cima do armário da cozinha. Uso o

pilão para esmagá-los. Abro a torneira para disfarçar o

barulho. Esses comprimidos não são lá muito fáceis de

dissolver, mas eu tenho meus recursos. Sadie nunca recusou

uma taça de vinho depois dos remédios. Eu achava que ela

deveria saber que não é bom misturar essas coisas.

O que estou prevendo é algum problema respiratório. Mas

quem pode saber? Muitas coisas podem dar errado com uma

overdose letal.

Rascunho um bilhete de suicídio em minha cabeça. Será

muito fácil forjá-lo. Não posso viver comigo mesma. Não posso

continuar assim. Eu fiz uma coisa horrível, horrível.

Depois que Sadie morrer, seremos só os meninos, Imogen

e eu. Este é o sacrifício que estou fazendo por minha família.

Porque, como chefe de família, Sadie é quem tem uma

apólice de seguro de vida. Há uma cláusula para suicídio,

segundo a qual a empresa não pagará nada se Sadie se matar

dentro de dois anos após a entrada em vigor da apólice. Não

sei se já faz dois anos. Se fizer, são quinhentos mil. Sinto

uma onda de emoção diante dessa perspectiva. O que eu

poderia comprar com quinhentos mil dólares! Sempre pensei

que gostaria de morar em uma casa flutuante.

No entanto, se a apólice não tiver mais de dois anos, não

receberemos nada.

Mas, mesmo assim, eu me tranquilizo. A morte de Sadie

não será em vão. Ainda há muito valor nisso – o mais

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