30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Onde você estava? — pergunta ele com voz rouca, e

tosse de novo.

Will não contou às crianças onde eu estava. Não disse a

ele que eu não ia voltar para casa. Quanto tempo ele teria

esperado até lhes contar? E que palavras teria usado para

dizer a nossos filhos que eu havia sido detida pela polícia? E

quando perguntassem por quê, o que ele teria dito? Que a

mãe deles é uma assassina?

— Você saiu sem dizer nada — diz ele.

Vejo a criança que ainda há nele. Ele ficou assustado, eu

acho, em pânico por não conseguir me encontrar.

Digo vagamente:

— Eu tinha que cuidar de umas coisas.

— Achei que você estivesse aqui. Eu não sabia que você

havia saído até ver papai lá fora.

— Você o viu voltar para casa com Tate?

É o que presumo. Imagino o pequeno sedan de Will

abrindo caminho pela neve. Não consigo imaginar como o

carro conseguiu.

Mas Otto diz que não, que foi antes de Tate chegar a casa.

Ele diz que, logo depois que conversamos na sala, ele mudou

de ideia; estava com fome. Ia querer aquela torrada, afinal.

Otto diz que desceu para falar comigo, mas que eu não

estava. Ele me procurou e viu Will perambulando pelo

quintal, na neve.

Mas Otto está enganado. Foi a mim, não a Will, que ele

viu no quintal, na neve.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!