30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Sigo em direção a nossa rua de cabeça baixa, com os

braços cruzados para me proteger do vento forte da noite,

que ainda sopra a neve que cobre o chão. Há trechos gelados

na rua, onde escorrego e caio uma, duas, três vezes. Só na

terceira vez, um bom samaritano me ajuda a levantar,

achando que estou bêbada. Ele pergunta se pode ligar para

alguém para me buscar, mas já estou quase em casa. Só falta

subir nossa rua, e o faço, desajeitada.

Vejo Will pela janela quando chego, sentado no sofá, a

lareira incandescente. Está de pernas cruzadas, perdido em

pensamentos. Tate corre pela sala, sorrindo alegremente, e,

quando passa, Will faz cócegas em sua barriga e ele ri. Tate

sai correndo, sobe a escada para longe de Will, e, então,

desaparece em outra parte da casa onde não posso mais vêlo.

Will volta para o sofá, coloca as mãos atrás da cabeça e se

inclina para trás, aparentemente satisfeito.

Vejo luzes acesas pelas janelas de cima, as de Otto e

Imogen, de frente para a rua, embora as cortinas estejam

fechadas. Não vejo nada além do brilho das janelas, mas me

surpreende que até Imogen esteja em casa. A essa hora da

noite, ela nunca está em casa.

Olhando de fora, a casa parece perfeitamente idílica,

como no primeiro dia em que chegamos. Os telhados e as

árvores estão cobertos de neve. Ela cobre o gramado, branco,

brilhante. As nuvens nevadas se dissiparam, e a lua ilumina

a cena pitoresca. A lareira expele fumaça pela chaminé, e,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!