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A outra - Mary Kubica

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encontrei primeiro e a coloquei no último lugar onde

esperava que Sadie olhasse. Mas, para minha sorte, ela

olhou.

Morgan era uma garotinha estúpida na noite em que tirei

a vida de Erin. Ela nos ouviu brigando porque Erin havia se

apaixonado por um babaca na faculdade. Ela chegou a casa

para terminar o noivado; tentou me devolver o anel. Erin

estava na faculdade havia apenas alguns meses, mas, nas

férias de inverno, já estava toda cheia de si. Ela se achava

melhor que eu. Uma garota da irmandade, enquanto eu

ainda morava na casa dos meus pais e fazia faculdade

comunitária.

Morgan tentou contar a todos que nos ouviu brigar na

noite anterior, mas ninguém acreditaria em uma menina de

dez anos mais que em mim. E eu interpretei muito bem o

papel de namorado transtornado. Fiquei com o coração

partido, como deveria ser. E ninguém ainda sabia que Erin

estava com outra pessoa. Ela só havia contado a mim.

As evidências – a tempestade, os trechos congelados na

rua, a falta de visibilidade – também foram insuperáveis

naquela noite. Eu tomei precauções; quando a encontraram,

não havia sinais externos de violência, nenhum sinal de luta.

Asfixia é extremamente difícil de detectar. Eles também não

fizeram nenhum exame toxicológico, devido às condições

climáticas. Ninguém pensou que Erin poderia ter morrido

por causa de uma porrada de Xanax no corpo, por hipóxia,

por causa de uma sacola plástica presa em sua cabeça. Os

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