30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

— O que pode me contar sobre sua madrasta? —

pergunta ela.

— Nada. Você está enganada. O policial Berg está

enganado. Não houve madrasta nenhuma, éramos só meu

pai e eu.

Ela me mostra uma fotografia. Meu pai, eu e uma mulher

estranha, mas bonita, diante de uma casa que não conheço.

A casa é pequena, de um andar e meio de altura. Está quase

engolida pelas árvores. Há um carro na entrada da garagem.

Não o reconheço.

Meu pai está mais jovem do que eu me recordo, mais

bonito, mais vivo. Ele olha de soslaio para a mulher, não

para a lente da câmera. Seu sorriso é autêntico, o que me

parece estranho. Meu pai raramente sorria. Na foto, sua

cabeça está coberta de cabelos escuros e ele não tem todas as

rugas que mais tarde dominaram seus olhos e faces.

Meu pai me deu um apelido quando eu era menina. Ele

me chamava de Mouse. Porque eu era uma criança tímida e

propensa a tiques, sempre enrugando o nariz, como um rato.

— Eu mostrei esta foto hoje cedo para a criança, mas não

lhe fez bem, Sadie. Ela correu para o canto da sala e começou

a rabiscar furiosamente no papel. Ela desenhou isto — diz

ela, segurando o desenho e o mostrando para mim de novo.

O corpo desmembrado, as gotas de sangue.

— Quando você tinha dez anos, seu pai solicitou um

mandado de proteção contra sua madrasta. Ele vendeu a casa

em Indiana e se mudou com você para Chicago. Arranjou

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!