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A outra - Mary Kubica

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Ela me diz que a criança não fala muito, mas que gosta de

desenhar. Diz que as duas, ela e a criança, desenharam

juntas hoje. E me mostra, tirando uma folha de papel de sua

maleta e a entregando a mim.

E aqui está, desenhado a lápis em uma folha de caderno

desta vez: o corpo desmembrado, a mulher, a faca, o sangue.

As obras de arte de Otto, a mesma imagem que tenho

encontrado em casa.

— Eu não desenhei isso — digo. — Foi meu filho.

Mas ela diz:

— Não foi.

Ela tem uma teoria diferente sobre quem desenhou isso.

Afirma que a criança, meu alter ego, desenhou. Rio alto

diante desse absurdo, porque, se uma criança que vive

dentro de mim desenhou isso, o que ela está dizendo é que

fui eu que desenhei. Que eu fiz os desenhos do sótão, do

corredor, e os deixei em casa para eu mesma encontrá-los.

Eu não desenhei isso. Não fiz nenhum desenho desses.

Lembraria-me se houvesse feito.

— Eu não desenhei isso — digo.

— Claro que não — responde ela.

Por uma fração de segundo, acho que ela acredita em

mim. Até que diz:

— Não você especificamente. Não Sadie Foust. O que

acontece no TDI é que sua personalidade se fragmenta, fica

dividida. Esses fragmentos formam identidades diferentes,

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