30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

coelho; não é um esquilo. É muito pequeno para ser um

coelho ou um esquilo.

Além disso, é uma coisa longa, fina e afiada.

Meu coração dispara. Meus dedos formigam. As manchas

negras retornam, dançando diante de meus olhos. Estou com

ânsia de vômito. De quatro, arquejo na neve. Meu diafragma

se contrai, mas é só um engulho seco. Não comi nada, só

bebi uns goles de café. Meu estômago está vazio, não há

nada para vomitar.

Uma das cachorras me cutuca com seu nariz. Seguro-me

nela e vejo claramente que o objeto entre suas patas é uma

faca. A faca de desossar que faltava. Foi o sangue nela que

despertou o interesse das cachorras. A lâmina da faca tem

aproximadamente quinze centímetros de comprimento,

igual à que matou Morgan Baines.

Ao lado da faca, o buraco que as cachorras cavaram na

terra.

Elas desenterraram essa faca. Essa faca foi enterrada em

nosso quintal. Todo esse tempo, elas estavam cavando no

quintal para desenterrar essa faca.

Olho depressa para a casa; mas, na realidade, não vejo

nada, só seus contornos borrados. Imagino Otto à janela da

cozinha me observando. Não posso entrar.

Deixo as cachorras onde estão. Deixo a faca onde está.

Não a toco. Atravesso o quintal mancando. Meus pés estão

formigando por causa do frio, não os sinto mais. Isso

dificulta meus movimentos. Vou pela lateral da casa, mas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!