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A outra - Mary Kubica

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Will passava as manhãs tomando café e apreciando a vista

da cidade. Venha comigo, dizia Will, sorrindo maliciosamente

enquanto puxava minha mão. Você estará segura comigo. Eu

não a protejo sempre?, dizia ele. Mas eu nunca fui com ele.

— Mas você estava fumando — afirma Otto.

— Como você sabia que eu estava lá se era tarde da noite?

Como você me viu?

— Pela chama do isqueiro.

Mas eu não tenho isqueiro. Porque eu não fumo.

Mas me calo mesmo assim e o deixo continuar.

Otto diz que saiu pela janela e se sentou ao meu lado. Ele

havia levado semanas para criar coragem para me contar.

Otto diz que fiquei enlouquecida quando ele me disse o que

as crianças estavam fazendo com ele na escola. Que fiquei

animada.

— Planejamos vingança. Fizemos uma lista das melhores

maneiras.

— Melhores maneiras de quê? — pergunto.

Ele fala sem ambiguidade, como se fosse a coisa mais

óbvia do mundo.

— A melhor maneira de matá-las.

— Matar quem?

— As crianças da escola — diz ele.

Porque mesmo as crianças que não zombavam dele riam.

Então, ele e eu decidimos naquela noite que todas

precisavam morrer. Empalideço. Dou-lhe corda só porque

acho que isso é catártico para Otto.

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