30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

abajur e batê-lo com força na cabeça de meu próprio filho.

Nem mesmo em legítima defesa, não sei se poderia.

Vejo o pomo de adão de Otto subir e descer em sua

garganta.

— Você sabe — diz ele, lutando contra a vontade de

chorar.

Sacudo a cabeça e digo:

— Não sei.

Mas, no momento seguinte, percebo que sei sim. Ele

nunca vai me perdoar por não o defender aquele dia na sala

do diretor. Por não acobertar sua mentira.

— Por mentir — grita ele, perdendo a compostura. —

Sobre a faca.

— Eu não menti — digo.

O que quero dizer é que ele mentiu, mas não me parece

inteligente culpá-lo neste momento.

— Se você houvesse falado comigo, eu poderia tê-lo

ajudado, Otto. Nós poderíamos ter conversado e encontrado

uma solução.

— Eu falei — responde ele com a voz trêmula. — Eu falei

com você. Eu só contei para você.

Tento não imaginar Otto se abrindo comigo sobre o que

estava acontecendo na escola e eu o ignorando. Faço um

esforço para lembrar, como tenho feito todos os dias e noites

desde que tudo aconteceu. O que eu estava fazendo quando

Otto me contou sobre o bullying? Com que estava tão

ocupada que não prestei atenção quando ele me contou que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!