30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

temperatura para mim. Um beijo rápido e eu conseguia dizer

se meus meninos estavam com febre ou não. Um beijo e a

maneira como eles ficavam moles e desamparados em meus

braços, querendo mimo. Mas esses dias passaram.

De repente, a mão forte de Otto me pega pelo pulso e eu

puxo imediatamente o braço.

Mas ele aperta forte, não consigo me libertar de seu

domínio.

A lanterna cai de minha mão e as pilhas rolam pelo chão.

— O que está fazendo, Otto? Solte-me — grito, tentando

desesperadamente me libertar de suas mãos. — Você está

me machucando.

Ele aperta firme.

Olho para cima e vejo seus olhos me observando. Hoje

estão mais castanhos que azuis, mais tristes que loucos. Otto

fala, e suas palavras não são mais que um sussurro:

— Eu nunca vou perdoar você — diz.

Paro de me debater.

— Perdoar pelo quê, Otto?

Respiro fundo, ainda pensando na toalha e no colar. As

luzes da casa piscam de novo e prendo a respiração,

esperando que se apaguem. Meus olhos correm para um

abajur, desejando ter algo para me proteger. Ele tem uma

linda base de cerâmica vitrificada, resistente, sólida o

bastante para machucar, mas não tão pesada que eu não

possa pegá-la. Mas agora está a mais de um metro de

distância, fora do alcance, e não sei se eu poderia pegar o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!