30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

brevidade; e, então, ele não diz mais nada.

— Bem, o que houve?

Ele respira fundo e diz:

— Ela está morta.

E se minha resposta é apática, é só porque a morte e o

morrer fazem parte de minha rotina. Eu já vi todas as coisas

indizíveis que há para se ver e não conhecia Morgan Baines.

Nunca tivemos uma interação além de um único aceno pela

janela do carro enquanto eu passava devagar por sua casa, e

ela, levando a franja para trás da orelha, retribuiu o gesto.

Fui pensar nisso muito tempo depois, analisando demais,

como é minha tendência, e fiquei imaginando se aquele

olhar em seu rosto era para mim ou se ela estava de cara feia

por outra coisa.

— Morta? — pergunto. — Morta como?

Will começa a chorar do outro lado da linha e diz:

— Disseram que foi assassinada.

— Disseram? Quem disse? — pergunto.

— As pessoas, Sadie. Todo mundo. Só se fala disso na

cidade.

E, quando abro a porta da sala de exames e saio ao

corredor, vejo que é verdade. Os pacientes na sala de espera

estão conversando sobre o assassinato e me olham com

lágrimas nos olhos e me perguntam se ouvi as notícias.

— Um assassinato! Em nossa ilha! — suspira alguém.

Um silêncio cai sobre a sala, e, quando a porta se abre e

entra um homem, uma idosa grita. É só um paciente, mas,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!