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A outra - Mary Kubica

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Ele me parece indisposto, sim, mas não sei se parece

doente.

— Não ligaram da escola — digo.

Porque é assim que deve ser: a enfermeira da escola

deveria me ligar e dizer que meu filho está doente, e, então,

eu iria buscá-lo. Mas não foi isso que aconteceu.

— A enfermeira o mandou para casa? — pergunto.

Fico brava por ela permitir que uma criança saia da escola

sozinha no meio do dia. Mas também sinto medo. Porque o

olhar de Otto é alarmante. Ele não deveria estar aqui. Por

que ele está aqui?

Sua resposta é imediata. Ele dá um passo, adentrando a

sala.

— Eu não pedi — diz. — Simplesmente saí.

— Entendo… — digo, e sinto meus pés recuarem.

— O que quer dizer com isso? — pergunta. — Eu disse

que estou doente. Não acredita em mim?

Otto não costuma demonstrar esse antagonismo comigo.

Ele me olha com a mandíbula apertada, o queixo para a

frente. Passa os dedos pelos cabelos e depois enfia as mãos

nos bolsos da calça.

— O que está sentindo? — pergunto.

Sinto um nó se formando na boca de meu estômago.

Otto se aproxima mais um pouco e diz:

— Dor de garganta.

Mas sua voz não está rouca. Ele não leva a mão à

garganta como faz quando está com dor.

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