30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Eu não quero estar falando sério. Não quero acreditar

nem por um segundo que Otto possa ter feito isso. Mas não é

impossível. Porque o mesmo argumento parece verdadeiro:

se ele fez uma vez, poderia fazer de novo.

— Mas e o histórico de violência de Otto? — pergunto.

— Não há um histórico de violência — insiste Will. —

Otto nunca machucou ninguém, esqueceu?

— Mas como você sabe que ele não teria machucado se

não houvesse sido pego? Se aquele aluno não o entregasse,

como você sabe que ele não machucaria seus colegas de

classe, Will?

— Não podemos saber o que ele teria feito, mas eu

gostaria de acreditar que nosso filho não é um assassino —

diz Will. — Você não?

Will tem razão. Otto nunca machucou nenhuma daquelas

crianças na antiga escola. Mas teve a intenção; um motivo;

uma arma. Ele intencionalmente levou uma faca para a

escola. Não há como dizer o que ele poderia ter feito se seu

plano não houvesse sido frustrado a tempo.

— Como você pode ter tanta certeza?

— Porque quero acreditar só no melhor de nosso filho.

Porque não me permito pensar que Otto poderia tirar a vida

de alguém — diz ele.

Sinto uma estranha combinação de medo e culpa, e não

sei qual prevalece. Estou mais assustada por Otto ter

assassinado uma mulher ou me sinto mais culpada por me

permitir pensar isso?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!