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A outra - Mary Kubica

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Empalideci de vergonha por sua outra cliente, aquela

cujos segredos ela havia acabado de revelar.

Não há nenhum homem casado, expliquei.

Não?, ela perguntou. Você já terminou?

Nunca houve um homem casado, disse eu.

Deixei de ir nela logo depois.

Otto tinha uma terapeuta em Chicago. Juramos que

daríamos continuidade ao tratamento quando nos

mudássemos para o Maine, mas nunca demos. Mas acho que

é hora.

Passo pela boneca e desço, levando o desenho comigo.

Há um prato com rabanadas no balcão da cozinha. E um

bule de café ainda quente na cafeteira. Sirvo-me café, mas

não consigo comer nada. Ao levar a caneca aos lábios, vejo

que minhas mãos tremem, formando ondas no café.

Ao lado do prato com rabanadas há um bilhete. Fique bem,

leio, e a assinatura de Will e o sempre presente beijos. Ele

deixou meus remédios junto. Deixo-os onde estão, não

quero tomá-los de estômago vazio.

Pela janela da cozinha, vejo as cachorras. Will deve tê-las

deixado sair, o que é bom. Elas são cães de neve – huskies –,

estão em seu elemento em um clima como este. Seria quase

impossível fazê-las entrar antes que elas mesmas queiram.

No quintal, o vento sopra através das árvores nuas,

fazendo seus galhos se dobrarem. Está nevando, uma neve

pesada. Não esperava tanta neve; estou surpresa pelas

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