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A outra - Mary Kubica

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não teria visto se estivessem. E, na volta, eu estava enjoada e

corri para o banheiro, quase não cheguei a tempo. Também

não teria notado.

Fico imaginando se Will viu essas coisas antes de sair. A

boneca ele pensaria que era de Tate; e os desenhos estavam

virados, ele não teria visto o conteúdo.

Essas coisas me deixam aterrorizada, porque acho que, se

pertencem a Otto, é sinal de que ele está regredindo. Isso é

um mecanismo de defesa, uma maneira de lidar com as

coisas: assumir um comportamento infantil para evitar

enfrentar um problema. Minha terapeuta me dizia isso: que

eu agia como criança quando não queria lidar com

problemas de adulto. Talvez Otto esteja fazendo a mesma

coisa. Mas por quê? Ele parece feliz. Se bem que ele é

fechado, nunca sei o que se passa em sua cabeça.

Penso naquela minha terapeuta. Nunca gostei muito dela.

Não gostava porque ela me fazia sentir tola e pequena, ela

me difamava quando eu expressava meus sentimentos. E

não só isso; ela também me confundia com outros pacientes.

Uma vez, afundei em sua poltrona giratória de couro,

cruzei as pernas e tomei um gole da água que ela sempre

deixava na mesa para mim. Ela perguntou o que estava

acontecendo ultimamente, como sempre fazia. Diga-me o que

está acontecendo. Antes que eu pudesse responder, ela

começou a me aconselhar a terminar com um homem casado

com quem eu estava saindo; mas eu não estava saindo com

um homem casado. Eu já era casada. Com Will.

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