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A outra - Mary Kubica

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minha voz, conto a Will o que Imogen me disse no cemitério.

Não hesito, porque, senão, posso perder a coragem. Não sei

como Will vai reagir.

— Estive com Imogen hoje — começo.

Conto-lhe os detalhes: que a escola ligou, que a encontrei

sozinha no cemitério. Que ela estava com os comprimidos.

Vou direto ao ponto.

— Ela estava com raiva, mas sem defesas. Começamos a

conversar. Ela me disse, Will, que tirou o banco dos pés de

Alice no dia em que ela morreu — digo. — Se não fosse por

Imogen, Alice ainda poderia estar viva.

Sinto-me como uma informante, mas é meu dever,

minha responsabilidade contar a Will. Imogen é uma criança

perturbada, ela precisa de ajuda. Will precisa saber o que ela

fez para que possamos procurar a ajuda que ela merece.

Will fica rígido no começo. Ele está em frente à pia, de

costas para mim. Mas, subitamente, sua postura muda, ele

se endireita. Um prato escorrega de suas mãos molhadas e

cai na pia. Não quebra, mas o som dele batendo na pia é alto.

Dou um pulo. Will solta um palavrão.

Nos momentos de silêncio que se seguem, digo:

— Sinto muito, Will. Sinto muito.

E estendo a mão para tocar seu ombro.

Ele fecha a água e olha para mim, secando as mãos em

um pano. Suas sobrancelhas estão caídas, seu rosto,

impassível.

— Ela está brincando com você — diz ele com segurança.

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