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A outra - Mary Kubica

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Je rey percebe meu medo. Ouve-o em minha voz; nota-o

em minha linguagem corporal. Meus pés recuam

imperceptivelmente. Mas, mesmo assim, ele olha para eles.

Vê o movimento. Como um cachorro, ele fareja meu medo.

— Eu estava limpando minha calçada e vi você parar —

diz ele.

— Ah — respondo.

Percebo que, se ele viu meu carro parar quinze ou vinte

minutos atrás, pode ter me visto indo até a casa ao lado. Ele

pode ter ouvido a mensagem que deixei para o policial Berg.

— Onde está sua filha? — pergunto.

— Ocupada com seus brinquedos.

Quando olho para o outro lado da rua, vejo uma luz acesa

em uma janela do andar de cima. As persianas estão abertas,

o quarto brilha. Vejo a silhueta da garotinha enquanto ela

anda pelo quarto com um ursinho de pelúcia nos ombros,

como se o estivesse levando de cavalinho. A garotinha ri

sozinha, com seu urso. Isso só aumenta meu desconforto.

Penso no que Je rey confessou, que ela e Morgan não eram

próximas.

Ela está feliz porque sua madrasta morreu? Ela está feliz

por ter o pai de novo só para si?

— Eu disse a ela que voltava em um minuto. Estou

atrapalhando? — pergunta Je rey, passando a mão enluvada

pelo cabelo.

Ele está de luvas, mas sem gorro. Pergunto-me por que,

se está todo agasalhado para tirar a neve, não está de gorro.

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