30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ela não precisa cobri-la com talco – como seus amigos

devem fazer – para parecer branca. Levei um tempo para me

acostumar ao piercing no nariz. Seus olhos, em contraste

com a pele, são de um azul gélido, e seu cabelo antes

moreno aparece em suas sobrancelhas despenteadas.

Imogen evita o batom escuro e ousado que as outras garotas

usam, e usa um bege rosado de bom gosto. É realmente

adorável.

Otto nunca viveu tão perto de uma garota antes. Sua

curiosidade o está matando. Os dois não conversam muito,

não mais que Imogen e eu. Ela não vai de carona conosco até

a balsa; não fala com ele na escola. Pelo que sei, lá ela finge

que não o conhece. Suas interações são breves. Por exemplo,

ontem à noite Otto estava à mesa da cozinha fazendo a lição

de matemática e Imogen passou, olhou para o fichário dele,

notou o nome do professor e comentou: O sr. Jansen é um

idiota do caralho.

Otto apenas olhou para ela de olhos arregalados. A

palavra caralho ainda não faz parte de seu vocabulário. Mas

imagino que seja só uma questão de tempo. Hoje de manhã,

Imogen e seus amigos estavam na beira do píer fumando. A

fumaça circundava sua cabeça, pairando, branca, no ar

gelado. Vi Imogen levar o cigarro à boca, aspirar

profundamente com a experiência de quem já fez isso antes,

que sabe o que está fazendo. Ela segurou a fumaça e depois a

exalou lentamente, e, nesse momento, tive certeza de que

ela olhou para mim.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!