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A outra - Mary Kubica

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Eu sonhei com este quarto. Sonhei comigo mesma deitada

nessa cama, ou em uma cama igual a essa, suando debaixo

desse ventilador, na vala que ainda há no meio da cama. Eu

olhava para o ventilador, desejando que se mexesse e

lançasse uma rajada de ar frio sobre meu corpo quente. Mas

não lançou, porque a próxima coisa que me lembro é de

estar parada ao lado da cama me vendo dormir.

Essa cama, diferente dos outros móveis da casa, não está

coberta de plástico. O plástico que deveria estar sobre ela

está amontoado no chão, do outro lado.

Alguém dormiu nessa cama.

Alguém esteve aqui.

Dessa vez, não me dou o trabalho de ir até a janela do

porão. Vou direto para a porta da frente. Saio e a fecho atrás

de mim. A luz da sala se acende nesse momento.

Ao voltar para casa, convenço-me de que o teto, a cama e

o ventilador não eram exatamente os mesmos de meu

sonho. Eram parecidos, sim, mas não os mesmos. Os sonhos

desaparecem depressa, e, portanto, os detalhes verdadeiros

provavelmente já haviam desaparecido antes que eu abrisse

os olhos.

Além disso, estava escuro naquela casa. Não olhei bem

para o teto ou para o ventilador.

Mas, sem sombra de dúvida, o plástico foi retirado

daquela cama. O proprietário cobriu a cama como todos os

outros móveis da casa, e alguém o removeu.

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