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A outra - Mary Kubica

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vai ceder – certamente, não pode ser tão fácil –, mas, para

minha surpresa, cede.

A janela do porão está destrancada.

Que tipo de proprietário não protege sua casa antes de

partir para passar o inverno fora?

Espremo meu corpo pela janela, primeiro os pés.

Desajeitada, entro no porão escuro. Minha cabeça atravessa

uma teia de aranha quando meus pés pousam no concreto. A

teia gruda em meu cabelo, mas essa é a menor de minhas

preocupações. Há muito mais coisas a temer que isso. Meu

coração bate forte enquanto olho ao redor do porão para ter

certeza de que estou sozinha.

Não vejo ninguém. Mas está escuro demais para saber.

Atravesso o porão e encontro os degraus inacabados que

levam ao andar principal. Vou devagar, arrastando os pés,

tomando cuidado para não fazer barulho enquanto subo. No

topo da escada, pouso a mão na maçaneta da porta. Minha

mão está suada, trêmula, e, de repente, estou me

perguntando por que achei que seria uma boa ideia vir aqui.

Mas cheguei até aqui, não posso voltar. Eu preciso saber.

Giro a maçaneta, abro a porta e passo para o andar

principal.

Estou aterrorizada. Não sei quem está aqui, se há alguém

aqui. Não posso gritar por medo de que alguém me ouça.

Mas, quando percorro a casa, é difícil ignorar a realidade.

Não vejo ninguém, mas há sinais de vida por toda parte. Está

escuro fora e dentro; tenho que usar a lanterna de meu

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