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A outra - Mary Kubica

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no peito e tosse. Sem dúvida, bronquite. Mas, mesmo assim,

pressiono meu estetoscópio em seus pulmões para ouvir.

Pratiquei medicina de emergência durante anos antes de

vir para cá. Lá, em um hospital-escola de última geração, no

coração de Chicago, entrava em cada turno sem ter ideia do

que poderia ver; cada paciente que chegava estava em

perigo. Vítimas de colisões entre vários veículos, mulheres

com hemorragia excessiva após um parto em casa, homens

de cento e quarenta quilos no meio de um surto psicótico.

Era tenso e dramático. Lá, em constante estado de alerta, eu

me sentia viva.

Aqui é diferente. Aqui, todos os dias eu sei o que vou ver,

o mesmo rodízio de bronquite, diarreia e verrugas.

Quando por fim tenho uma oportunidade de ligar de volta

para Will, noto sua voz tensa.

— Sadie — diz.

E pelo jeito que fala, eu sei que há algo errado. Ele para

por aí, enquanto minha mente cria cenários para compensar

o que ele não diz. Ela para em Otto e no jeito como o deixei

no terminal da balsa hoje de manhã. Cheguei em cima da

hora, um ou dois minutos antes da partida da balsa. Eu me

despedi dele do carro, parado a trinta metros do barco que

esperava, observando Otto se afastar rumo a mais um dia de

aula.

Foi quando meus olhos avistaram Imogen, parada na

beira do píer com seus amigos. Imogen é uma menina

bonita, não há como negar. Sua pele é naturalmente clara;

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