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A outra - Mary Kubica

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trouxe até aqui. Continuo na defensiva; não confio nela.

— Você conheceu seu pai? — pergunto.

Dou mais um passo para trás, esbarrando no tronco de

uma árvore. Ela me fita.

— Estava pensando que você é alta. Sua mãe não era

muito alta, não é? Will também não é particularmente alto.

Você deve ter puxado a altura de seu pai.

Estou balbuciando. Posso notar isso tão bem quanto ela.

Ela diz que não o conhece. Mas admite saber o nome dele,

o da esposa dele e que eles têm três filhos. Ela viu a casa

dele; descreve-a para mim. Ela sabe que ele tem uma clínica

de optometria. Que ele usa óculos. Que a filha mais velha

dele, Elizabeth, de quinze anos, é apenas sete meses mais

nova que ela. Imogen é suficientemente inteligente para

saber o que isso significa.

— Ele disse a minha mãe que não estava preparado para

ser pai.

Mas, claramente, estava. Ele simplesmente não queria ser

pai de Imogen.

Vejo em sua expressão: a rejeição ainda dói.

— A questão é que, se minha mãe não fosse tão sozinha o

tempo todo — diz ela —, talvez quisesse viver. Se ele a

amasse, talvez ela houvesse ficado mais um pouco. Ela

estava cansada de fazer cara de feliz o tempo todo. Arrasada

por dentro, mas feliz por fora. Ninguém acreditava que ela

sentia dor; nem os médicos dela. Eles não acreditavam nela.

Não havia como provar que doía. Não havia nada para fazê-

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