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A outra - Mary Kubica

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Will e eu já fomos loucamente apaixonados. É uma meiaverdade,

não uma mentira.

A mentira vem a seguir.

— Will nunca teve olhos para outra mulher além de mim.

O policial Berg sorri. Mas é um sorriso apertado. Um

sorriso que diz que ele sabe que não deve acreditar nisso.

— Bem — diz ele, cuidadoso com suas palavras. — O sr.

Foust é um homem de muita sorte. Vocês dois têm sorte.

Casamentos felizes, hoje em dia, são coisa rara.

Ele levanta a mão esquerda para me mostrar o dedo

anelar sem aliança.

— Eu me casei duas vezes — confessa — e me divorciei

duas vezes. Chega de casamento para mim — diz. — Enfim,

talvez eu tenha interpretado mal o que disseram.

Minha força de vontade não é forte. Eu sei que não

deveria, mas mordo a isca.

— Quem disse o quê? — pergunto.

— As mães na entrada da escola. Elas ficam em grupos

em frente ao portão esperando que seus filhos sejam

liberados. Elas gostam de conversar, fofocar, tenho certeza

de que você sabe disso. Para a maioria, essa é a única

conversa adulta que tem o dia todo até que seu marido

chegue do trabalho.

Parece-me muito misógino dizer que as mulheres

fofocam e os maridos trabalham. Fico me perguntando o que

o policial Berg pensa de Will e nosso acordo. Não digo nada.

Ele prossegue:

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