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A outra - Mary Kubica

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mal a todas as outras.

Mouse decidiu que não gostava do falcão, porque o falcão

era implacável, sorrateiro e mau. Não se importava com o

que comia, mesmo que fossem filhotes. Especialmente se

fossem filhotes, porque eles não tinham como se proteger.

Eles eram um alvo fácil. O falcão também tinha uma boa

visão. Mesmo quando parecia não estar olhando, era como se

tivesse olhos atrás da cabeça.

Com o tempo, Mouse passou a pensar em Mamãe Falsa

como um falcão. Porque ela começou a provocar Mouse cada

vez mais quando seu pai ia para o outro escritório ou quando

ele estava falando ao telefone, de porta fechada. Mamãe

Falsa sabia que Mouse era como um daqueles filhotes que

não podiam se defender da mesma maneira que um pai ou

uma mãe pássaro faria. Não que Mamãe Falsa tentasse

comer Mouse como os falcões tentavam comer os filhotes.

Era diferente, mais sutil. Dava uma cotovelada em Mouse

quando ela passava; roubava o último biscoito amanteigado

Salerno do prato de Mouse. Dizia, a cada chance que tinha,

quanto odiava ratos. Que os ratos eram roedores sujos.

Mouse e o pai passavam muito tempo juntos antes da

chegada de Mamãe Falsa. Ele lhe ensinou a brincar de pegapega,

a lançar uma bola curva, a deslizar para a segunda

base. Eles assistiam a filmes antigos em preto e branco

juntos. Jogavam Banco Imobiliário, baralho e xadrez.

Tinham até um jogo que não tinha nome, uma dessas coisas

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