30.04.2023 Views

A outra - Mary Kubica

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Seus olhos se tornam subitamente tristes, e ele pula para

alcançar minha mão. Tento ser paciente, de verdade, mas

minha cabeça está girando em uma dúzia de direções

diferentes e não sei que estátua é essa de que Tate está

falando. Ele começa a chorar. Não é choro de verdade, são

lágrimas de crocodilo, que me desgastam ainda mais.

É quando avisto a boneca que chutei de lado há mais de

uma hora. Seu corpo flácido está encostado na parede.

— Guarde seus brinquedos e depois brincamos — digo.

— Que brinquedos? — pergunta ele.

— Sua boneca, Tate — digo, perdendo a paciência. —

Está ali.

Aponto para a boneca macia com seus cabelos crespos e

olhos que parecem bolas de gude. Ela está de lado, seu

vestido rasgado na costura, e lhe falta um sapato.

Tate me olha com estranheza.

— Não é minha — diz ele, como se isso fosse algo que eu

deveria saber.

Mas é claro que é dele; nenhum de nós ainda brinca com

brinquedos. E meu primeiro pensamento é que Tate está

envergonhado por ter sido pego brincando com uma boneca.

— Guarde isso — digo.

Tate reage com uma resposta infantil:

— Guarde você sua boneca — diz ele, com as mãos nos

quadris e mostrando a língua.

Fico espantada. Tate não é de agir assim. Ele é meu

menino bonzinho, gentil e obediente. Tento imaginar o que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!