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A outra - Mary Kubica

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Dou as costas para a janela. No hall de entrada, tropeço

em algo. É um brinquedo, um dos brinquedos de Tate. Após

uma inspeção mais detalhada, vejo que é uma boneca. Não

penso no fato de ser uma boneca. Nós não gostamos de

brinquedos específicos de gênero em casa. Se Tate quer

brincar com boneca, em vez de com Transformers, que

assim seja. Mas é a posição que me incomoda, deitada ali no

meio do hall de entrada para que alguém possa tropeçar. Eu

a chuto para o lado, descontando minha ansiedade na pobre

boneca.

Ligo para Will, mas ele está no meio da aula. Quando por

fim tem a chance de me ligar de volta, eu lhe conto sobre o

relatório do legista, sobre a faca de desossar. Mas Will já

sabe, porque leu sobre isso quando chegou ao continente de

manhã.

— É horrível — diz ele.

Falamos de como tudo isso é trágico e impensável.

— Estamos seguros aqui? — pergunto.

Como ele hesita – afinal, como podemos saber se

estamos seguros? –, digo decisivamente:

— Acho que devemos ir embora.

Antes que ele possa argumentar, digo:

— Imogen iria conosco, claro.

O que não digo é que, em nosso território, teremos

vantagem. Eu teria uma sensação de controle sobre Imogen

que não tenho agora.

— Ir embora para onde? — pergunta Will.

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