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A outra - Mary Kubica

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Você não está encantadora, sra. Foust?, disse eu a meu

reflexo. Mas sempre fui muito mais bonita que Sadie.

Mesmo assim, se eu quisesse, poderia usar meu cabelo como

o dela, poderia me vestir como ela, passar-me por sra.

Foust. Convencer os outros a acreditar que eu era a esposa de

Will, a escolhida dele. Se eu quisesse.

Fui para a cama, peguei a borda do lençol e o puxei. Os

lençóis eram macios, cinza, desses com grande número de

fios, sem dúvida caro.

Passei as mãos sobre os lençóis, toquei a dobra. Senteime

na beira da cama. Não pude evitar; eu tinha que entrar.

Coloquei meus pés sob o lençol, entrei embaixo das cobertas.

Deitei-me de lado, fechei os olhos por um tempo. Fiz de

conta que Will estava ao meu lado na cama.

Saí antes que ele voltasse. Ele nunca soube que eu estive

lá.

Eu estava no cais quando ele chegou. O dia estava sombrio,

cinza. As nuvens desciam do céu, caíam no nível da rua

como fumaça. Tudo e todos ficavam borrados por causa

disso. Todo mundo estava cinza.

Havia pessoas na rua, como se gostassem desse frio

sombrio. Ficavam olhando o oceano, observando um ponto

no mar que podia ou não ser a balsa. Ela se aproximou,

deixando pequenos barcos para trás. Eles balançaram para a

frente e para trás no rastro da barca.

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